Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


segunda-feira, 3 de março de 2008

Batatoon e a guerra

Hoje. Hugo Chavez, postura ameaçadora, ar sério e voz grave, perante milhares e milhares de manifestantes na Venezuela, ordena em directo pela televisão para todo o país e para o mundo: «Senhor Ministro da Defesa: mande-me dez batalhões para a fronteira com a Colômbia. (pausa prolongada) Batalhões de tanques ...(nova pausa, longa, dramática) ...e a aviação militar pode descolar.» Presente, o ministro em causa é captado pelas câmeras e faz um gesto de assentimento. O público aplaude. Chavez chama 'cachorro' a Uribe. O público aplaude. «Eu mando-lhe os nossos caças, companheiros, eu mando-lhe os nossos aviões.» O público aplaude. «Não vamos permitir que nasça um novo Israel nesta região.» O público aplaude. «Não queremos a guerra, mas se tiver que ser lá estaremos», grita Chavez. E o público aplaude, antes que anoiteça.

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