
Em baixo: "Lição de Português".
Sete vidas mais uma: Daniel de Sá.
Trocas o “xis” com o “ésse”?Sete vidas mais uma: Daniel de Sá.
Procura igual em Inglês.
Splendid não te parece
Esplêndido em Português?
“Dispendere” é bom latim.
Gastar dinheiro compensa,
Se o despendes com o fim
De encher, e bem, a despensa.
Podes ter uma obsessão,
E podes ser obcecado.
Faz acto de contrição
Se acaso já tens errado.
Obcecar é ficar cego,
Mesmo se é paixão simpática.
Como homem, faz-te estratego
Para escolher bem a táctica.
Confundes o indirecto
E o complemento directo?
Pois pensa no Brasileiro
Que é Português verdadeiro,
Um pouco mais a cantar.
Se ouves dizer “dei a ele”,
Para o mesmo afirmar
Diz “dei-lhe”, que é o legal.
Ou, se ouvires “eu vi ele”,
Não hesites, diz “eu vi-o”,
À moda de Portugal.
Confundes com os pronomes
A desinência verbal?
Pois aceita o desafio:
O “mos” em lugar dos nomes
É caso raro, tão raro,
Que convém é não dizê-lo,
E melhor não escrevê-lo,
Porque te fica mais caro.
Se “mos” puderes trocar
Pela forma feminina,
Então podes separar.
Como tens cabeça fina,
Vou já exemplificar
Com damas e seus bordados,
Ou com damas e com rendas.
Oh! que lindos! Dá-mos, sim?
(E só te pedi as prendas
Dos seus dedos tão prendados.)
Mas se eu te dissesse assim:
Oh! que lindas! Dá-mas, sim?
(Bem podiam ser as rendas...
Ou as damas. É o fim.)
7 comentários:
Que bonito!!! Já não vinha ao blog há algum tempo, mas agora, que acabei de ouvir e gravar fado, soube-me tão bem ler isto que o Daniel escreveu. Alguem me saberá dizer porquê?
Ó Daniel, cuidado, se não ainda vão obrigar os professores a leccionar a matéria em verso!
Com as exigências que por aí vão...
(Excelente. Como sempre.)
Abraço.
E há mais dois truquezinhos
Que conheço desde a escola
Se se me baralha o h
Que às vezes anda com o à
Peço ajuda a um estrangeiro
Que numa lingua diferente
Que não fala como a gente
Um there is ou il y a
Tira-me a dúvida do h,
Que o falar é diferente
Mas é verbo como cá.
O "mos" já está explicado,
Mas com o "se" o que fazer,
Que há quem ponha tracinho
Onde é verbo e não pronome,
Quando afinal é tão fácil
Também esta resolver,
Se se souber dizer não
Como nos manda a razão,
Que ser sempre positivo
Não é o mais avisado.
Ter-se dúvidas é o caminho
Não se ter pode dar asneira,
Que o traço só fica lá
Se não saltar para cá
A terminação matreira.
Escrever-se bem não é fácil
Mas não se escrever é desleixo,
Se não se nasce ensinado
Não é triste o nosso fado,
E não sirva de pretexto,
Que soubesse-se sempre tudo
Que não se sabia nada.
Ensinasse-se sempre assim,
A brincar e a cantar,
Que não se via tanta gente,
A perder-se no meio das letras,
Sem se saber encontrar!
deixa o diabo entrar
e estragar o ditado
Bonito, divertido e carinhoso. «dada a sorrir com carinho», como disse RVN.
lenor
Alfredo, é pena não dar para fado...
Mifá, bom coração, como sempre.
Quanto ao "amadorismos", não o parece lá muito. O que escreveu foi mesmo a sério e com muita graça.
Obrigado.
Leonor, quando agradeci aos outros, ainda não estava cá a sua mensagem. Obrigado, querida amiga.
De nada daniel, mas sou uma "a" e não um "o"...
beijinhos
Enviar um comentário