Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Assis feliz é quem o diz

O presidente da Estoril-Sol, Mário Assis Ferreira, congratulou-se hoje com a decisão do procurador-geral da República de abrir um inquérito ao denominado "Caso Casino Lisboa" relacionado com alterações à Lei do Jogo feitas pelo Governo de Santana Lopes com alegado favorecimento à empresa Estoril-Sol. Em declarações à Lusa, Mário Assis Ferreira disse que nas últimas três semanas só teve "dois momentos de alguma, tanta quanta é possível, satisfação": o primeiro, quando diz terem as declarações dos seus interlocutores governamentais à data dos factos comprovado o que tem vindo a dizer. E o segundo quando o "PGR decidiu mandar para investigação oficial este caso".

Recorde-se que o procurador-geral da República decidiu hoje abrir um inquérito ao denominado "caso Casino de Lisboa" relacionado com alterações à Lei do Jogo feitas pelo Governo de Santana Lopes com alegado favorecimento da empresa Estoril-sol. Esta informação foi avançada à Lusa por fonte oficial da Procuradoria-Geral da República (PGR) e foi tomada numa reunião entre o procurador Pinto Monteiro e a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), Cândida Almeida. Chamado a comentar o facto, Assis Ferreira foi igual a si próprio, mantendo a exacta postura que vem fazendo dele o campeão de todas as fintas em qualquer terreno e contra qualquer adversário. «O primeiro momento de satisfação ocorreu no final da passada semana quando se comprovou que inequivocamente através das declarações das pessoas que sempre identifiquei como os meus interlocutores governamentais - o ministro Adjunto, José Luís Arnault, o secretário de Estado do Turismo, Pedro de Almeida, e o então inspector-geral de Jogos, Joaquim Caldeira, que elaborou o diploma - vieram a público comprovar as minhas declarações», palpitou Assis; «O segundo momento de satisfação decorre da decisão do senhor procurador-geral da República mandar para investigação oficial este caso na medida em que em sede própria se irá apurar a verdade e que permite revelar a credibilidade e a transparência que a Estoril Sol sempre revelou neste processo e como sempre afirmei», esclareceu. E foi aqui que eu caí na gargalhada.

Já não é só o facto de Joaquim Caldeira, por exemplo, ter vindo a público não confirmar mas sim enterrar Assis e Arnault, para já não falar de Carlos Tavares e do próprio Durão Barroso, todos salpicados pela mesma água ardente da suspeição de interesses. É também e sobretudo o uso da palavra 'transparência' que, assim baritonada na voz de Assis, fica flácida e ajustável aos cantos e recantos mais improváveis desse imenso labirinto que é a verdade dos interesses no jogo em Portugal. Irrepreensível, este Dr. Mário Assis Ferreira. Um profissional.

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