Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.
2 comentários:
Resposta no meu blog, mas fica aqui também que sempre é mais simpático:
Antes de adormecer voltou a contá-los. Estavam lá todos. Perfeitamente alinhados e na devida ordem entre os óculos e o tabaco de enrolar.
Fechou a luz da cabeceira e virou-se para dormir.
Acordou com o pássaro da vizinha. Ainda nem era manhã só que desta vez não o enganavam.
Abriu os olhos já com os óculos postos e obrigou-se a olhar. Os dias estavam lá, a semana completa, mas a confusão era a do costume. O domingo ao lado do candeeiro, a segunda encostada à quinta, a quarta ainda a apagar a beata e os outros três escondidos debaixo do naperon de renda.
Vestiu, vencido, o fato cinzento que dava para tudo, acertou o risco ao lado e saiu para a rua com uma cara de terça-feira.
Só percebeu que era sábado quando viu que o leão do batente da porta ainda não tinha chegado e o elefante do padeiro dormia no meio da praça com a tromba enrolada na garrafa vazia.
(http://cabradeservico.blogspot.com/)
nesta,
repito aqui o comentário que deixei no seu blog: assinaria estas suas linhas com orgulho na obra feita.
na impossibilidade, aplaudo a autora.
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