
Sou um rapaz completo, insurrecto, sem tecto, ambirecto, neto, não anacleto, predilecto e um prodígio de incumprimento na exacta medida do rigor pré programado com milénios de antecedência. Sou uma coisa e o contrário dessa coisa, outro prodígio ou nem tanto, já que todo o universo é feito de equilíbrio entre contrários, bem e mal, macho e fêmea, certo e errado, Yin e Yang ou o branco e preto de um esforço inglório de perfeição que se acaba em si próprio no limitado parir do cinza eterno que é a entediante existência humana. Eu cá sou isso e o resto, sou o aquilo e o aqueloutro, o outrossim e o no entanto, um enfim, sempre um encanto, um portento e um portanto, só talvez e sem porquês. Não vês? Como é que não vês, nem só uma vez, só uma vez? Eu sou assim e sou assado, sou frito ao sol de todas as primaveras passadas, cozido no banho maria das minhas perdidas convicções, fatiado com requintes e servido às postas finas, sem tempero nem acompanhamento, para evitar riscos de manifesta indigestão nos indígenas que se chegam sorrateiros ao cheiro do repasto.
Lembra-te. Eu sou eu e sou tu se o eu te quiser muito e o tu se distrair na passada ou se o tu tanto me quiser que o eu não tenha palavrinha a piar neste gorjeio agora a dois. Eu sou raio e sou trovão, luz e barulho, mostly, incêndio e fogo fátuo, tragédia e incidente sem perigosidade de maior. Mas sempre um risco, sempre, permanente e manifesto, de queimadura do quinto grau elevado à décima potência de toda a nossa infinita impotência para lidar com esta coisa estranha e merdosa a que tão pomposa e despropositadamente chamam vida. Por isso hiberno, de vez em quando.
Sobretudo no Natal.
18 comentários:
Oh, Rui, não fosse eu uma menina tão educada, perguntava ( assim à descarada) se nesse hibernanço, não existe espaço para mais um (neste caso uma)...
Perguntava, perguntava...
E eu cá respondia, respondia.
Essa pergunta, sai ou não sai?
Existe?
“Fool! Don't you see now that I could have poisoned you a hundred times had I been able to live without you.”
saci,
claro.
marco antónio,
wrong adress. try again. elsewhere, i mean.
Onde?
Quando?
(às vezes sou tão bem mandada.....)
Um vício abominável e a corrigir, if I may say so. Ordens são um absurdo que só é superado pela obediência.
Uma forma de expressão, caríssimo.
Não é para ser levada á letra...
E logo eu.... ;-)
Calculei. Era provocação barata, tipo saldo natalício. Mas atenção, never the less: ser tomado à letra é um risco de quem usa palavras.
Se eu fosse o meu jardineiro, inventaria a felicidade de ser eu; como não sou o meu jardineiro, invento a felicidade de ser o meu jardineiro-sem-inventar-a felicidade-de-ser-eu.
Abaixo o síndroma pré natalício!
Sim à simplicidade de um naco de presunto roído na cumplicidade da chuva e do som inventado das cítaras dos anjos.
A inocência é a única verdadeira idade da vida; há que reinventá-la, inventando-a!
Pffff ... ele há cada coisa ... quem diria ... hummmmm ... será que ... bom ... aqui vai o que precisas de ouvir : "BOAS FESTAS E FELIZ ANO NOVO".
Estava a gostar tanto do diálogo....
acho que vou hibernar.
A ver se........................
LOL
Júlio César,
Desta vez acertou, o endereço certo é lá, na cabradeserviço.
mifas,
saudades, cara! ké feito? é só roer presunto e ouvir cítaras, hein? toleirona...
então e umas malassadas cá pró friend, il n'y a pas? um licor, talvez? rien?
shit.
canal,
sim, pois, claro, tá bem, vira e mexe, porque sim e porque coiso e tal..
hás-de arranjar muitos amigos com esse feitio, a dar boas festas assim...
maria,
hiberne, amiga, que em si até o hibernar tem graça.
nome importante,
pois.
eu iria jurar que.... mas não, foi engano meu de certeza, não estava mais nada.
Pois é, meu caro Rui, o Natal já não é o que era!
como dizia o poeta "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
Ontem esperava o Natal com alegria e ansiedade.Era uma época!
Hoje, como aprendi a vivencia-lo todos os dias, o meu Natal passou a ser assim:
dores de cabeça e dores d'alma!
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