Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sábado, 29 de dezembro de 2007

vinte e três e cinquenta e nove

Hoje é sábado, vinte e nove. Dezembro, trinta e um dias. Com o de hoje são trezentos e sessenta e três, se não estou em erro. Mais um minuto e começa o dia três seis quatro, o penúltimo desta série de trezentos que acaba em sessenta e cinco. Ponho o pensamento em dois mil e oito, só para ver como é para contar como foi. Ora vamos, bora lá espreitar, adivinhar, conjecturar, palpitar. Diferenças grandes, quais, assim de vulto, coisas de monta? Cá em casa, aí em casa, no Benfica, no Sudão, na Bósnia, no processo Casa Pia, no mundo em geral, seja onde for? Nada? Pffff. Cansa-me depressa o exercício. Pouco vejo, devo confessar. Miopia, certamente, que a gente não pensa assim.

A gente vê coisas largas nos horizontes mais estreitos. Visões de oiro e de glória nos dias mais impensáveis e espectros de enganos passados mas nunca ultrapassados na cadência do viver. No fundo marcamos passo, numa comum formatura de uma recruta adiada. Não chegamos a sargento, nem mesmo que sopre o vento que faz voar calendários, com as folhas desses dias marcados com a cruz de Cristo. Se aqui marco, logo existo. Tem quantos, dois mil e sete? Os mesmos dos outros anos? Pois pronto. Este hoje com mais um minuto já deixa de ser vinte e nove. È trinta, é já amanhã, é a Vida que se move. Falta apenas um minuto. Por enquanto ainda é sábado, Dezembro e vinte e nove. É cedo, ainda, no fundo. São vinte e três e cinquenta e nove.

2 comentários:

piedade disse...

Bom dia. Almoço/Jantar 1º do ano cá em casa, pelas 17 horas. Cá te esperamos. Não te atrases.

Rui Vasco Neto disse...

p,
bom proveito. e bom ano.