
O perfil do criminoso, para começar. «Ao que o CM apurou, o detido, natural de Anadia, foi apanhado, há oito anos, a roubar uma fábrica abandonada, aproveitando quilos de cobre e de ferro que se encontravam sem uso, mas com dono identificado. Mas não é só. O abusador terá entrado na comunidade cigana por via do negócio da droga. Numa ‘visita’ da GNR de Oliveira do Bairro, foi encontrado na posse de várias doses de haxixe, peculiarmente amarradas a um prego que ajudava a segurar a barraca onde vivia. Mas já noutras patrulhas ao mesmo acantonamento cigano, Luís – que possui agora a sua própria habitação, de pequenas dimensões, mas de cimento – sempre preferiu evitar as autoridades. Ainda assim, a GNR não o define como alguém perigoso. “Nunca nos faltou ao respeito e não temos conhecimento de grandes desentendimentos verbais ou físicos em que esteja envolvido. Mas que é uma rica peça, é”, deixa escapar um agente da autoridade: “Ou anda com gente a mais no carro ou é visado com multas de estacionamento. Esse tipo de delitos.”» Lógica perversa número um.
«Mesmo entre a comunidade na qual está inserido, Luís não gera consenso. Apesar da gravidez precoce ser relativamente comum na etnia cigana, a diferença de idades parece ter desgostado a família da criança, de tal forma que não faltaram reclamações na GNR local. Apesar de tudo, os familiares da menina acabaram por aceitar a situação, desde que o pai da criança assumisse as suas responsabilidades.» Lógica perversa número dois.
«Entre a vizinhança, a notícia dos abusos mereceu natural reprovação, mas ninguém quis estender-se nos comentários. “A mim, desde que não invadam a minha propriedade, podem fazer o que lhes der na cabeça”, afirmou uma vizinha, que preferiu o anonimato. » Lógicas perversas números três e quatro.
«Contudo, não seria apenas com a futura mãe que Luís mantinha relações sexuais. Segundo a GNR, conhecedora do dia-a-dia no acantonamento, o agora detido tinha outros relacionamentos com menores.» Lógicas perversas números cinco e seis, suposição número oitenta e três.
«A Polícia Judiciária de Aveiro prendeu o mesmo suspeito duas vezes. A primeira foi no início do mês, depois de ter confirmado que a menina efectivamente estava grávida e que aquele indivíduo era o pai da criança. O suspeito foi identificado, constituído arguido, mas os magistrados entenderam que não podia ser detido.» Lógica perversa número sete.
«Voltou a ser preso na passada quinta-feira e desta vez a PJ já não o libertou. Apresentou-o sob detenção ao juiz de instrução de Oliveira do Bairro que decidiu pela mais gravosa medida de coacção. Por ter entendido que haveria perigo de continuação da actividade criminosa, mantendo-se também o perigo de fuga, consumado aliás na primeira abordagem policial. O magistrado defendeu também que a libertação provocaria alarme social. » Lógicas números oito, nove, dez e seguintes, todas perversas, todas iguais.
«Com pequenas casas em tijolo, um caminho de terra que apenas tem ligação às mesmas e água canalizada, o acampamento em Oliveira do Bairro foge ao habitual. O facto é que o terreno onde habitam é mesmo pertença dos ciganos, pelo que foi obrigatório à Câmara ceder-lhes esse tipo de privilégios.» é o último exemplo que vou citar. Para mim, que já li, reli e treli a notícia toda, qualquer espírito isento detecta por aqui uma lógica perversa, se não várias. Só mesmo eu, mal intencionado sem coração, conseguiria ver aqui preconceito ou racismo.
4 comentários:
Vim desejar-te um bom Ano Novo
Saúde em quantidade
Alegria para o ano inteiro
Amor de qualidade
E também algum dinheiro
Abraço
*
xi
*
Preconceito - conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério. Sim, claro, está visto que sim, mas parece-me aqui uma via de dois sentidos.
maria,
gadinho&igual.
nesta,
porque julga que o texto se chama lógica calé?
Feliz 2008 !
Com amizade
Maria
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