
Benazir Bhutto cumpriu dois mandatos como primeira-ministra do Paquistão entre 1988 e 1996 e tinha regressado a 18 de Outubro ao Paquistão após oito anos de exílio. O seu comício de boas vindas em Carachi foi alvo de um atentado suicida que matou dez pessoas e feriu cento e quarenta, tendo escapado à justa nessa ocasião. Fica a ilustração de Pedro Vieira, publicada aqui em 19 de Outubro passado. Profética, infelizmente. O caminho de Benazir terminou hoje, à uma e um quarto da tarde, hora de Lisboa. A tiro, um no pescoço, outro no peito.
7 comentários:
Nada justifica o que, por natureza, não é justificável. Nada justifica a morte assim, cobarde, malévola, insistente e persistente, com razões seguramente mas sem sentido.
Infelizmente, o maior mal deste mal tão grande é que leva a que seja levado em ombros como bom o outro mal, o mal que parece quase bem, o mal que esta mulher que hoje morreu também representou - o mal de quem governa e se vai governando.O mal menor, o mal de quem não mata, que não esventra gentes nem acolhe os maus que são maus e feios e matam crianças e mulheres assim, à bomba, mas mal pequenino que enche de dólares contas à conta do dinheiro dos outros.
Benazir foi morta porque era uma democrata e lutou por uma democracia num país de fardas e armas, mas não fugiu para o Dubai há 8 anos atrás empurrada por militares façanhudos,mas sim por acusações de corrupção e de desvio de dinheiros. Acusações que ela sempre jurou serem políticas, mas das quais negociou a amnistia quando regressou permitindo assim que lhe fossem descongeladas todas as contas na Suiça.
Benazir Bhutto, assassinada hoje por gente bárbara, era das nossas -nada mais ocidental que os 5% de comissãozinha no contrato.
Seja o que for que movesse esta mulher, ou por que se movesse ela, admiro-a. Ela sabia que aquilo era muito provável que acontecesse. Poderia ter gozado os rendimentos, justa ou injustamente adquiridos, o que para o caso até pouco importa. Não fugiu. E será talvez mais incómoda na sua morte do que durante a vida. Os mitos nunca estão vivos. Pense-se no espantalho do Fidel. Se tivesse morrido na Sierra Madre ainda hoje seria um herói para quase todos nós.
Béquine Paquistane uí ar rili véri séde dize úourelede iza xíte, maiferende.
Eu também a admiro e não é de agora. Lembro-me de quando ganhou as primeiras eleições e lembro-me de ter saído do Paquistão. Era uma miúda e ela era uma das minhas heroínas. Nada disso retira um ponto ao que disse - tenho pena de até os nossos ídolos terem pés de barro e tenho pena de termos de escolher entre mal menores.
Quanto ao ser mais incómoda na morte que na vida, não tenho dúvidas. A morte tem o efeito redentor de nos realçar as virtudes e lavar os pecados.
O Daniel tem razão, nomeadamente nos comentários finais...
E digo mesmo mais, seria mesmo mártir, por se dar ao grande incómodo de andar aos tiros na Sierra Maestra, em Cuba e ir morrer na Sierra Madre, na Califórnia :)))
Abraço.
(Fico à espera da grande porrada que merecidamente levarei, quando também tiver um lapso destes, espero que igualmente engraçado...)
nesta,
Politicamente correcto ou não, o comentário pode até ser pertinente, para que a memória não seja lavada em fairy. Mas fica tão descabido fazê-lo depois do massacre como avaliar agora a bondade da sua visão política ou religiosa. Tudo isso foi morto à bala.
paquistónimo,
véri séde indide
daniel,
estou de acordo. (olha, parece que tens um senhor aí que te quer dizer não sei o quê sobre a madre da maestra, não sei... vais tu à porta ou queres que lhe diga para voltar mais tarde?)
sam,
há um passarinho alentejano que canta assim: 'cácalharás, cácalharás'...
rvn,
(O atentado matou 21 pessoas, uma à bala e as outras rebentadas pelos estilhaços da bomba suicida. Danos colaterais, pois claro.)
E o que digo é a constatação a priori da sua resposta - raio de mundo este com maldades tão grandes que fazem com que seja descabido olhar para as mais pequeninas.
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