Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Não, obrigado.

Na rua dos meus ciúmes
moram todas as paixões
que nunca com brandos lumes
(sempre em acesos vulcões)
cozinhei no meu sentir;
nunca quis por lá morar
mas hoje então nem pensar
não quero sequer lá ir.

È uma rua de perigo
pedaço de um mau caminho
onde não se vai sózinho
(e muito menos comigo)
depois do anoitecer;
e mesmo antes é de ver
com o olho bem aberto
se não existem por perto
tentações de desvario,
dessas onde se tropeça
e lá se perde a cabeça
só por um breve arrepio.

Por isso mudei de rumo
e troquei a volta aos passos
que vou dando nas paixões;
é que ruas há milhões
umas melhores, mas poucas,
com mais beijos e abraços,
outras becos de fracassos
espalhados pelo chão...
mas ruas de paixões loucas
de ciúmes e de fado
são um passeio acabado.
Muito obrigado, mas não.

7 comentários:

Anónimo disse...

Puxa amigo, que é que se passa ??? Já tem música este, ou é só poema ??? BOAS FESTAS !!!

Anónimo disse...

Rui,

apenas lera o primeiro verso e pareceu-me a letra de um fado conhecido.Com a continuação da leitura, deixou de me parecer tal.
Mote que glosaste? Se sim, por que não subscreves? Se não, que é das aspas? Bem, mas também depois do "plágio" descarado do poema (tão pouco conhecido!) da Espanca... Ou preferes fazer "caixinha" para aumentar o charme?

Rui Vasco Neto disse...

puxónimo,
deu-me para aqui. há dias assim..

mifá,
ai essas leituras em diagonal... vício de prof mas má política.
escapa muita árvore a quem só mira a floresta.

qual mote? quais aspas? já estás como o nónimo da 'forma original'? fala-te ao ouvido a frase 'na rua dos meus ciúmes', não é? 18 letras que alguém já disse, uma imagem feliz, uma referência de fado? seja, mas e então? agora fechamos a rua e não passa lá mais ninguém? ou tem de se aspar para se poder fazer dela pensamento e criação em tudo distinto desse que nem conheces?

é o que eu digo: com tanta modernice, qualquer dia ainda te apanho a fumar.

Anónimo disse...

Nem como plagiador vais longe, pá

Anónimo disse...

Francamente, a falta de urbanidade tem limites!
Aqui fica um esclarecimento para mentes mais lentas ou mais imbuídas de má vontade: é óbvio que, quando me referi a plágio e a um poema "tão pouco conhecido" da Florbela, que estava a usar de ironia.Isso mesmo entendeu o Rui, ou não fora o seu comentário em tom igualmente jocoso.
Devo dizer que, por natureza e por formação profissional, sou bastante purista e tenho transmitido a muita gente a ideia de que o plágio é um roubo e um roubo de algo muito precioso.Por isso só posso entender como atavismo e muita má fé à mistura o estar a fazer-se dessa situação um caso de proporções apocalípticas.
Que o Rui tem dado sobejamente provas de ser um espírito criativo e crítico parece não restar dúvidas para nenhum leitor, mesmo que pouco atento, deste blog.
Por isso, só posso interpretar como pura má fé ou/e inveja todas essas inventivas.
Não, ninguém me incumbiu de defesa nenhuma; eu é que, por natureza, sou contra a mesquinhez, a injustiça e a falta de elegância.
Aliás, não me recordo de ter visto nenhum comentário anónimo a um excelente post que dá pelo nome de "separados à nascença", por exemplo.
Será que é porque há olhos que só vêem o ruim ? Ou porque há olhos que, por um qualquer processo de alquimia ao avesso, transformam tudo o que vêem em ruim?

Rui Vasco Neto disse...

palermónimo,
Só pode ter razão, caríssimo pá. Mas fique tranquilo, que o seu legado está a salvo: a estupidez não é plagiável. Pode até ser anónima, mas será sempre original.

mifas,
um destes dias dou-te um bêjo nos bêços.

Anónimo disse...

rui,

ai hóme de dês, vê se metes tarêlo nessa cabeça! Olha que ainda vais provocar uma série de ciúmes em cadeia. E, depois, eu sou uma mulher de respeito!
Mas, já agora : quando?