«A coisa começou domingo, aqui na ilha da Boa Vista. De repente, sem ninguém saber porquê, começaram a dar à costa dezenas de golfinhos. Os populares, alguns, ainda tentaram salvá-los, empurrá-los para dentro de água, mas foi impossível. Não estive lá mas, esse sim, deverá ter sido um “espectáculo dantesco”, uma frase que nós, jornalistas, tanto gostamos de usar.Mas a coisa continuou para segunda-feira e na quarta alguns ainda rondavam a ilha, como se esta fosse uma atracção irresistível, a atracção do abismo, a atracção da morte. Foram 265 em pouco mais de 48 horas, espalhados pela praia, enterrados ali mesmo, alguns, outros, imagina tu, levados pelos populares para os comerem. Tal foi que quando ontem responsáveis do Ministério do Ambiente queriam um para análise não havia.Agora, e não sei se para sempre, desconhecem-se as causas do desastre. Diz-se, por aqui, que há situações em que quando os golfinhos perdem o líder podem ter reacções destas, ou então esse líder, ou lideres, é que ficam loucos e dirigem-se para a morte, sendo seguidos pelo resto do grupo.»
(ler o resto aqui)
Há dois ou três anos dei por mim no mar da Praia do Pópulo, em S.Miguel, agarrado a um golfinho bébé que tinha dado à costa e não conseguia voltar para o largo. Fui dos últimos a jogar-me à água, confesso, que antes de mim foram os sete ou oito companheiros de aventura que já tentavam o salvamento do bicho há uns bons quinze minutos quando eu cheguei.
O animal esteve irritantemente manso durante todo o tempo que durou o episódio. Que foi muito, diga-se, mais de uma hora e meia até finalmente chegar a lancha da Polícia Marítima. Como se tivesse ali desistido de viver e não quisesse dar nem mais uma barbatanada que fosse para salvar a vida. Tinha olhos de angústia e medo, juro-vos eu, que nunca fui geenpeace na vida. Nunca mais me esqueci desta aventura que terá acabado em bem, ao que se sabe. Conseguimos passar uma rede larga por debaixo do golfinho e a lancha rebocou-o devagarinho até mar alto, onde o largou entregue ao seu destino. Era o bem possível, disseram.
Hoje a lembrança do meu flipper açoriano atacou-me de frente ao ver a foto que aqui divido convosco. Foi sacada ao Atlântico Expresso, juntamente com o texto do Fernando Peixeiro, em directo do areal da Boa Vista em Cabo Verde, onde duzentos e sessenta e cinco golginhos deram à costa para morrer.
Deixo-vos com as três coisas.
A foto, as palavras e a minha chapelada ao cronista.
11 comentários:
Que coisa mais triste!
Triste, muito triste, não é maya ?
Que barbaridade não é maya ?
Essas cenas são frequentes com cetáceos, e a explicação varia entre perderem a capacidade de usar o sonar por estarem demasiado próximos da costa, em mar muito baixo, e essa de os guias se desorientarem.
Mas conheço pelo menos um caso com um tubarão. Há muitos anos, um tio meu contou-me que viu um atirar-se contra o "calhau" da Maia, ali onde os barcos arreiam, a perseguir uns peixinhos. Claro que ele não sabia que esses peixinhos eram os peixes-guia, que provavelmente se teriam desorientado, e assim levaram o tubarão atrás de si.
Hoje também estava numa de deixar-me levar ao sabor da maré....
astrólogos, insectos e pontos de exclamação,
pois e mais pois.
daniel,
não te autorizo conversas sobre a maia. a saudade bate sempre mais às sextas.
saci,
ksssss passsa, estamos golfinhos?
Completamente. Existe aí alguma rede?
saci,
lamentavelmente não, só areal, a perder de vista.
sentidos de orientação e sobrevivência recomendam-se. a confirmar-se a golfinice, sugere-se o alerta laranja.
já.
A minha cama, uma chávena de chá e o tareco aos meus pés....
E amanhã acordo tubarão!
Boa noite :-)
também nem tanto, caramba.
um peixito elegante e atrevido mas não letal, não se arranja?
Tubaroa,
cá pra mim, isso são mais olhos que barriga... sugiro a tal cama, o chá, o tareco e canal panda.
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