«Um atentado suicida no Afeganistão matou hoje seis pessoas, quatro delas crianças, e feriu gravemente outras quarenta. Mais de 130 ataques suicidas foram perpetrados neste ano naquele país.»
Não me chocam tanto as quatro crianças mortas. Choca-me mais, muito mais, a morte do bombista suicida. A imagem dos pedaços do seu corpo voando pelo ar, postados nas pedras, nas árvores, no chão antes da ponte que ele queria rebentar e não conseguiu. Tal como todos os outros pedaços de todos os outros bombistas suicidas, agarrados às paredes de cafés, restaurantes, correios, esquadras, hospitais, autocarros, aviões, torres e escolas. Isso sim, choca-me até à medula. Porquê? Elementar, cara futura vítima.
Se uma morte assim canalha tem, seja em que circunstâncias fôr, um aliciante romântico, nobre e carismático para o canalha que a ela se propõe; se não faltam canalhas para mortes assim; se sobram outros canalhas para continuar acanalhando gente apenas injustiçada, manipulando as suas revoltas e assim ganhando seguidores da morte canalha; se tudo isto é assim, então cada pedaço de cada suicida, canalha ou injustiçado, de hoje ou de ontem, representa muitas e muitas mais crianças mortas, feridas e estropiadas, num futuro cada vez mais presente. E homens, também. E mulheres. E velhos e novos e loiros e morenos e cães e gatos e civilização e humanidade e tudo e todos espalhados e estilhaçados em pedaços de carne e sangue que escorre pelos quatro cantos deste mundo de merda. E isso sim, é chocante.
7 comentários:
Canalhas? Eu prefiro filhos da puta, sendo que as mães, às vezes, até são boas pessoas.
Pois...
"Si la esperanza se apaga
y la Babel se comienza,
qué antorcha iluminará
los caminos en la Tierra?"
Federico García Lorca
oh mifáaaaaaaaaaaaaaaaaaaa (suspiro)
Calimerooooo,
já pra dentro do ovo!
putónimo,
então, então...?
pearl,
interessante observação.
mifas,
adoro garcia lorca. oportuna lembrança, agora que tanto se fala das vítimas da guerra civil espanhola...
Isto é o que se chama uma afirmação explosiva.
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