Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Com dum dum não escapa um

A história do assalto ao banco em Vila do Conde é uma aventura e tanto. Um homem assalta um banco, a polícia chega, isola o perímetro, faz cordão, cerca o banco e durante três horas encurrala o assaltante que tem consigo as duas funcionárias que faltam. Há rádios e televisões em directo e a notícia é abertura de noticiários toda a tarde, deste dia que começou com outro assalto a outro banco em Moscavide. A tensão é enorme. Três horas depois as duas funcionárias saem da casa de banho onde estavam escondidas e a polícia sacode o saco dos gambozinos sem encontrar o larápio, que não aparece nem debaixo dos tapetes. Ninguém sabe nem quando, nem por onde o assaltante fugiu, se fugiu, quem é ou onde está. Ninguém sabe nada. A polícia guarda as pistolas e os atiradores especiais recolhem de fininho ao quartel. A gargalhada final, sonora e repicada, só chega com as declarações do Intendente Teles da PSP do Porto à comunicação social, como é da praxe. «A polícia conseguiu evitar o assalto», garante aquela autoridade à RTP, com voz segura e expressão convicta. Com aquela cara, sabem como é. Aquela cara que toda a gente põe quando finalmente descobre que não há gambozinos para pôr no saco.

7 comentários:

AC disse...

rssssss...será que viram dentro da caixa-forte?

Anónimo disse...

Caro RVN:
N�o sei ainda movimentar-me muito bem na blogosfera; s� comecei em Julho...Hoje fiquei surpreendida com uma gentileza atribuida ao Sarrabal. N�o tive grande op�o (ou faria figura de mal-educada). Da� meter os "gatos" ao barulho. Pe�o-lhe que v� at� ao meu blogue e que seja o que Deus quiser!

Abra�o da Sol

Costumo ler todos os seus posts, embora nem sempre os comente. Mas trabalha imenso, � o que me parece...

Maria, Flor de Lotus disse...

Boa noite, caro Rui:
Pois ...
Efectivamente ...
Nem Polícias nem ladrões como antigamente ...
Pois se ele não fugiu à Polícia o que o impediu de furtar ?...
Bandido incompetente , também, não ?!...
:)))
Saudações
Maria

Anónimo disse...

Sol, foi bem merecida a gentileza e digo-o com toda a propriedade!!! congratulo-me,também,e muito, por te-la tornado extensiva aqui ao setevidascomoosgatos.

abraço-os, aos dois, com muito, muito carinho.

João Villalobos disse...

Por exclusão, parece-me óbvio que uma das duas funcionárias era o assaltante, bem disfarçadinho e que graças ao Sindroma de Estocolmo aproveitou bem o tempo do cerco :)

Rui Vasco Neto disse...

avis,
é uma hipótese, de facto...

sol,
não mereço tanto, acredite. mas fico-lhe grato pela (mais uma) gentileza.
não serei provavelmente a pessoa indicada para dar seguimento à cadeia por ausência de convicção no fenómeno, mas não deixo de achar a sua graça à coisa. e, claro, fiquei feliz com a sua distinção.
arranjarei maneira de pôr este coração na lapela.
aceite um abraço.

maria,
bandido tolo, tão tolo que quase era polícia nesta história.

penélope,
boa! volte sempre.

joão,
também fiquei convencido que era essa a teoria do intendente teles. de resto, a sobrancelhe esquerda do dito apontava as investigações nesse sentido.
abraço.

Anónimo disse...

penélope:

Grata, desta vez, pela sua gentileza! Será que conhece o Sarrabal?

Abraço da Sol