A morte de uma mulher na sala de espera do Hospital Universitário de Coimbra, depois de violentamente agredida por outro utente com pontapés na barriga e pancadas na cabeça é, já de si, um episódio deprimente. Tem vários pormenores que ultrapassam em muito os limites do puro surrealismo. Como a atitude do segurança das urgências, por exemplo. No meio de toda aquela cena macaca, com um homem a fazer uma cama nas cadeiras da sala de espera e a exigir que se apagasse a televisão para ele dormir, aos gritos e a discutir com as outras pessoas, o responsável pela segurança do local não foi capaz de evitar a primeira agressão, um pontapé na barriga da senhora. E não foi capaz de evitar a segunda agressão, minutos depois, com o mesmo homem a bater com dois livros na cabeça da mesma mulher e a atirá-la para o chão. Percebe-se mal, esta incapacidade de um profissional de uma empresa de segurança privada, colocado num posto potencialmente problemático e supostamente capaz para a função. Mas onde a coisa raia o absurdo é quando já depois das duas agressões, com a mulher estendida no chão e a sala inteira aos gritos, o guarda manda a vizinha da vítima 'segurar o homem ali e não o deixar sair' que ele ia chamar a polícia.
E não é que foi mesmo?
E não é que foi mesmo?
3 comentários:
é o país que temos ...
"Percebe-se mal, esta incapacidade de um profissional de uma empresa de segurança privada, colocado num posto potencialmente problemático e supostamente capaz para a função."
Eu percebo bem.
Em primeiro lugar, porque, de facto, a situação extrapola todos os limites da normalidade. Se o segurança deveria estar habilitado profissionalmente para estas situações? Deveria.
Em segundo lugar, porque o segurança não estava presente no momento em que o indivíduo decidiu fazer da sala de espera da urgência um local de repouso, e a acção dissuasora nesse primeiro momento poderia ter evitado o desfecho. Se deveria estar presente? Deveria. Se essa fosse a sua única função.
E percebo bem sobretudo, porque para além de saber ler e escrever e ter um registo criminal "mais ou menos" limpo, pouco mais se exige a alguém que queira trabalhar como vigilante/segurança privado. E digo-o sabendo que apesar de ser obrigatório, para o exercício da profissão, o reconhecimento pelo Ministério da Administracção Interna, que é atribuído mediante aprovação em exames escritos - cujas perguntas, por norma, são já do conhecimento dos examinandos antes da prova - com base numa formação de cerca de 30 horas em conhecimentos de sociologia e vigilância e segurança, grande parte das empresas de vigilância enquanto entidades formadoras, não investem na formação dos seus futuros quadros no que respeita ao relacionamento interpessoal, a grande lacuna destes seguranças.
E note-se que estes profissionais em algumas circunstâncias, são equiparados aos agentes de segurança pública.
pearl,
tudo razões para ele dispor de um walkie talkie, pelo menos, para chamar a polícia sem sair do local, não?
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