Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Bardamerda, parte III

Acabo de ouvir o doutor José Manuel Silva, o palpiteiro de serviço da Ordem dos Médicos nos dias que correm, pese não Bastonário. Na RFM. E não gostei do que ouvi. O tema era supostamente a morte do bébé de dois meses que foi assistido no parque de estacionamento do hospital de Anadia, à porta das antigas Urgências. Cada palavra do doutor Silva falava do caso. Mas dizia política de saúde e contestação ministerial. O Zé Manel não resistiu à tentação e bateu o doutor Silva na postura de microfone. Fugiu-lhe para o chinelo a prestação. De repente foi já quase o tolo correia a falhar na reanimação da criança, foi já quase o tonto campos e não a morte quem reclamou mais uma vida humana. Por arrasto, um país inteiro linkou a morte do outro bébé no Carregal do Sal, poucas horas antes, quando já era pouco evitável a associação. Foi já o campos ministro e não o médico de serviço quem errou, he's to blame. E ninguém mais faz vingar uma visão sensata sobre a insensatez programática deste homem que continua a ser o senhor saúde em Portugal, contextualizando com a necessária isenção emotiva. Distinguindo o preto do branco.

É pública, notória e assumida a minha contestação ao Senhor Ministro da Saúde, mas fico do lado deste António que lhe veste a pele, sem hesitar, quando escuto um Silva destes a falar pelos médicos do meu país. O título deste post diz tudo.

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