Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Pestalinhe de Mercúrie


Só sê que tãmes tôdes muite felizes. A casinha é muite jêtosa, neste retrate vê-se máli, mas ali ó pé do tercêre buraque, tás vénde?, fica o caminhe que vá dar à quintinha daquele senhor careca, (lá daquele olival ên frent'ó chaparre da Ti Estrudes, nã sabes?, aquêli, qu' a mulher fugiu c' o Zé da Burra, que tinha os pés tortes, alembras-ti?) Pôs ên encontrande esse caminhe nã tên qu' enganari: é sempr'im frente até à nossa casinha. Pôs se te perdêres vás ó gugli, ó nã têns gêpê éssi?

Tambên vês logue, tên a becicleta d' Alicinha à porta encostada ao jêpê éssi do mê João, ó lade d' uma coisa assim grande com'à porra qu' é a perfuradora do Mané Manêta, quêle trusse do Kóvaite e a gente apruvêtou pra tentar prantar alfácis, qu'aqui o chão é rije que nên córnes, filha, nên im
aginas. Se nã vires a becicleta tambên nã faz máli. Procuras uma casita assim benitinha, toda ên alumínie galvanizade e c' os pánés selares ên cima. Vês logue, que ná outra num ráie de quinhentes e óitentissês kilómetres.

Prantes, ê tenhe é que me despâchar a fazer o almôçe qu' o mê João tá chegande, já ê o tou ouvinde gritande c' o róbôt (é tã parva, aquela lata!, vê lá tu filha que nên uma sepinha de Beldroegas sabe fazêri, ê é que
cozinhe que nên uma moura e inda tênhe que lhe dar o Castróli, qu' ele nên isse faz sózinhe, nã consegue abrir as latas, diz êli).

Amélinha, muites bêjinhes, filha, pra ti e pra tôdes. No próxime sputniki qu' abalar daqui ê mande más retrates. Bêjinhes, filh
a. Bêjinhes.

tua ês vezinha muntamiga



Soraia Márléne

3 comentários:

Ângela disse...

Ri até me doer a barriga. Principalmente porque imaginei a Senhora D. Violante a ler-me esse postalinho.
E depois...
Vieram as saudades...
Kiss

Anónimo disse...

P.S. - Iste aqui é linde de morrêri.

Anónimo disse...

eheheh isto está: d'ardê!