Eu sou grande, enorme, imenso. Enfim, médio, por estes dias. Mas bonito, acatitado, glosado, cantado e lindo como as estrelinhas que há no céu. Sou orgulhoso e raçudo, pergaminhado de pai e mãe, primos, tios e avós. Sou História e sou tradição, sou costumes e folclore, povo e mar com fartura. Sou mestiço, poliglota (e anedota que não se esgota), da minha elite ao chinelo. Eu sou belo. E sou castiço, sou típico e invulgar. Sou de amar. Sou de odiar. E detesto que me mintam. Sou tão mau como me pintam, quando me emprenham e fogem. Quando me prometem rosas e eu só pico o cú em espinhos, em busca da flor prometida. Que porra de vida, esta, a minha única vida... Eu sou Portugal inteiro, desde o norte até ao sul, deste 'pois, enfim' geral que é ter uma classe política eternizada nas minhas dificuldades e carências para assim sobreviver, profissional, técnica e politicamente falando. Ou quero dizer, prometendo, se calhar, quem sabe, pá! Ao 'deixa andar' nacional? Um referendo geral. Já.
"O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. O tratado que estava para ratificação na altura das eleições de 2005 era o constitucional. Este foi posteriormente chumbado em referendos realizados na França e na Holanda, deixando de fazer sentido que os restantes países continuassem com os seus processos internos de garantir a aprovação de um documento que só podia entrar em vigor se recebesse luz verde de todos os países da União Europeia. Posteriormente, os Estados-membros negociaram outro tratado para substituir o anterior, e terão firmado um acordo informal para que ninguém, além da Irlanda, avançasse com a realização de um referendo. O documento foi assinado em Lisboa, em Dezembro de 2007. E a 9 de Janeiro, no Parlamento, José Sócrates pôs termo a um tabu que durava há meses sobre a forma como Portugal ia aprovar o Tratado de Lisboa.
"A agenda económica do Governo tem como objectivo aumentar, de forma sustentada, o crescimento potencial da nossa economia para 3%, durante esta legislatura. Só com o crescimento da economia poderemos resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. As últimas projecções conhecidas para a economia portuguesa foram divulgadas pelo Banco de Portugal há duas semanas. Para 2009, o banco central prevê um crescimento de 2,3 por cento e para este ano a projecção passou dos anteriores 2,2 para 2,0 por cento. O próprio governo já afastou a meta eleitoral dos 3 por cento das seus próprios cenários. A última actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento aponta uma taxa de crescimento da economia de 2,8 por cento no último ano da legislatura, sendo a mais optimista das que são conhecidas.
Tanto durante a campanha eleitoral como nas primeiras semanas de governo, José Sócrates disse que não ia baixar mas também garantiu que não ia aumentar impostos. Dois meses após as eleições, em entrevista à RTP, reforçaria a promessa: "Não vamos aumentar os impostos porque essa é a receita errada." E, referindo-se ao aumento do IVA do anterior governo do PSD, de 17 para 19 por cento, disse que não ia "repetir os erros do passado". Era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. Três meses após a eleição e um mês após aquela declaração à RTP, o Governo aumentou o IVA de 19 por cento para 21 por cento e os impostos sobre produtos petrolíferos e tabaco. Criou também um novo escalão de IRS de 42 por cento (o anterior escalão máximo era de 40 por cento).
"Quanto às Scut [auto-estradas sem custos para o utilizador], deverão permanecer como vias sem portagem enquanto se mantiverem as condições que justificaram, em nome da coesão nacional e territorial, a sua implementação, quer no que se refere aos indicadores de desenvolvimento sócio-económico das regiões em causa, quer no que diz respeito às alternativas de oferta no sistema rodoviário", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. Em Outubro de 2006 o ministro Mário Lino anunciou a introdução de portagens em três auto-estradas gratuitas: Costa de Prata, Grande Porto e Norte Litoral. As portagens deviam ter sido introduzidas em 2007, como foi várias vezes garantido pelo ministro das Obras Públicas, mas a renegociação dos contratos com as concessionárias e a solução tecnológica atrasaram o dossier. O Governo mantém a intenção para 2008.
"Portugal deve ter como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura", refere o programa do Governo. Durante a campanha eleitoral de 2005, foi divulgada a taxa de desemprego referente ao último trimestre de 2004: 7,1 por cento. José Sócrates comentou na altura: "Trata-se de um valor trágico. As coisas estão piores em Portugal, tanto na economia como no desemprego. Este indicador prova que há muito tempo que deveriam ter soado as campainhas de alarme e prova que Portugal atravessa uma crise social muito significativa.". Era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. A taxa de desemprego estava, no final de 2007, nos 7,9 por cento, oito décimas acima do valor que o Governo encontrou quando tomou posse. Entre o quarto trimestre de 2004 (o último dado antes de José Sócrates começar a governar) e o terceiro trimestre de 2007 (últimos dados disponíveis), foram criados 77 mil empregos (de 5,133 milhões para 5,2 milhões), cerca de metade da promessa do Governo, o que torna o objectivo virtualmente impossível de atingir. Verificou-se um aumento dos contratos a prazo, que mais que compensou a destruição de empregos com contrato permanente. No mesmo período, o número de desempregados aumentou de 390 mil para 444 mil.
Eu sou grande, enorme, imenso. Enfim, médio, por estes dias. Mas bonito, acatitado, glosado, cantado e lindo como as estrelinhas que há no céu. Sou orgulhoso e raçudo, pergaminhado de pai e mãe, tios e avós. Sou História e sou tradição, sou costumes e folclore, povo e mar com fartura. Sou mestiço, poliglota (e anedota que não se esgota), da minha elite ao chinelo. Eu sou belo. E sou castiço, sou típico e invulgar. Sou de amar. Sou de odiar. E detesto que me mintam. Sou tão mau como me pintam, quando me emprenham e fogem. Quando me prometem rosas e eu só pico o cú em espinhos, em busca da flor prometida. Que porra de vida, esta, a minha única vida... Eu sou Portugal inteiro, desde o norte até ao sul, deste 'pois, enfim' geral que é ter uma classe política eternizada nas minhas dificuldades e carências para assim sobreviver, profissional, técnica e politicamente falando. Ou quero dizer, prometendo, se calhar, quem sabe, pá! Ao 'deixa andar' nacional? Um referendo geral.
Já.
"O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. O tratado que estava para ratificação na altura das eleições de 2005 era o constitucional. Este foi posteriormente chumbado em referendos realizados na França e na Holanda, deixando de fazer sentido que os restantes países continuassem com os seus processos internos de garantir a aprovação de um documento que só podia entrar em vigor se recebesse luz verde de todos os países da União Europeia. Posteriormente, os Estados-membros negociaram outro tratado para substituir o anterior, e terão firmado um acordo informal para que ninguém, além da Irlanda, avançasse com a realização de um referendo. O documento foi assinado em Lisboa, em Dezembro de 2007. E a 9 de Janeiro, no Parlamento, José Sócrates pôs termo a um tabu que durava há meses sobre a forma como Portugal ia aprovar o Tratado de Lisboa.
"A agenda económica do Governo tem como objectivo aumentar, de forma sustentada, o crescimento potencial da nossa economia para 3%, durante esta legislatura. Só com o crescimento da economia poderemos resolver o problema do desemprego e combater as desigualdades sociais", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. As últimas projecções conhecidas para a economia portuguesa foram divulgadas pelo Banco de Portugal há duas semanas. Para 2009, o banco central prevê um crescimento de 2,3 por cento e para este ano a projecção passou dos anteriores 2,2 para 2,0 por cento. O próprio governo já afastou a meta eleitoral dos 3 por cento das seus próprios cenários. A última actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento aponta uma taxa de crescimento da economia de 2,8 por cento no último ano da legislatura, sendo a mais optimista das que são conhecidas.
Tanto durante a campanha eleitoral como nas primeiras semanas de governo, José Sócrates disse que não ia baixar mas também garantiu que não ia aumentar impostos. Dois meses após as eleições, em entrevista à RTP, reforçaria a promessa: "Não vamos aumentar os impostos porque essa é a receita errada." E, referindo-se ao aumento do IVA do anterior governo do PSD, de 17 para 19 por cento, disse que não ia "repetir os erros do passado". Era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. Três meses após a eleição e um mês após aquela declaração à RTP, o Governo aumentou o IVA de 19 por cento para 21 por cento e os impostos sobre produtos petrolíferos e tabaco. Criou também um novo escalão de IRS de 42 por cento (o anterior escalão máximo era de 40 por cento).
"Quanto às Scut [auto-estradas sem custos para o utilizador], deverão permanecer como vias sem portagem enquanto se mantiverem as condições que justificaram, em nome da coesão nacional e territorial, a sua implementação, quer no que se refere aos indicadores de desenvolvimento sócio-económico das regiões em causa, quer no que diz respeito às alternativas de oferta no sistema rodoviário", era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. Em Outubro de 2006 o ministro Mário Lino anunciou a introdução de portagens em três auto-estradas gratuitas: Costa de Prata, Grande Porto e Norte Litoral. As portagens deviam ter sido introduzidas em 2007, como foi várias vezes garantido pelo ministro das Obras Públicas, mas a renegociação dos contratos com as concessionárias e a solução tecnológica atrasaram o dossier. O Governo mantém a intenção para 2008.
"Portugal deve ter como objectivo recuperar, nos próximos quatro anos, os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura", refere o programa do Governo. Durante a campanha eleitoral de 2005, foi divulgada a taxa de desemprego referente ao último trimestre de 2004: 7,1 por cento. José Sócrates comentou na altura: "Trata-se de um valor trágico. As coisas estão piores em Portugal, tanto na economia como no desemprego. Este indicador prova que há muito tempo que deveriam ter soado as campainhas de alarme e prova que Portugal atravessa uma crise social muito significativa.". Era a intenção de Sócrates posta em letra de programa governamental. Mas a política é a arte do possível, diz a moderna divisa deste moderno colégio de homens bons e modernos. Pois lamentavelmente não foi possível, tenham paciência, vão para dentro, não se macem. A taxa de desemprego estava, no final de 2007, nos 7,9 por cento, oito décimas acima do valor que o Governo encontrou quando tomou posse. Entre o quarto trimestre de 2004 (o último dado antes de José Sócrates começar a governar) e o terceiro trimestre de 2007 (últimos dados disponíveis), foram criados 77 mil empregos (de 5,133 milhões para 5,2 milhões), cerca de metade da promessa do Governo, o que torna o objectivo virtualmente impossível de atingir. Verificou-se um aumento dos contratos a prazo, que mais que compensou a destruição de empregos com contrato permanente. No mesmo período, o número de desempregados aumentou de 390 mil para 444 mil.
Eu sou grande, enorme, imenso. Enfim, médio, por estes dias. Mas bonito, acatitado, glosado, cantado e lindo como as estrelinhas que há no céu. Sou orgulhoso e raçudo, pergaminhado de pai e mãe, tios e avós. Sou História e sou tradição, sou costumes e folclore, povo e mar com fartura. Sou mestiço, poliglota (e anedota que não se esgota), da minha elite ao chinelo. Eu sou belo. E sou castiço, sou típico e invulgar. Sou de amar. Sou de odiar. E detesto que me mintam. Sou tão mau como me pintam, quando me emprenham e fogem. Quando me prometem rosas e eu só pico o cú em espinhos, em busca da flor prometida. Que porra de vida, esta, a minha única vida... Eu sou Portugal inteiro, desde o norte até ao sul, deste 'pois, enfim' geral que é ter uma classe política eternizada nas minhas dificuldades e carências para assim sobreviver, profissional, técnica e politicamente falando. Ou quero dizer, prometendo, se calhar, quem sabe, pá! Ao 'deixa andar' nacional? Um referendo geral.
Já.
5 comentários:
Subscrevo "ipsis verbis"...
É por estas e por outras que o vulgar eleitor se tem desligado cada vez mais da "cousa pública".
E o problema é que a descolagem quase total entre promessas eleitorais e praxis política quando se alcança o poder, não se restringe ao partido A ou B mas tem-se revelado transversal na frágil democracia portuguesa.
Convenhamos porém que, como diria Orwell todos os partidos parecem iguais na sua praxis mas alguns são mais iguais do que outros.
Enfim, parece que há para aí um engenheiro muito senhor da valia da respectiva licenciatura, que é um arrogante expert da simulação, um autêntico mago do sound-byte, que confunde choque tecnológico com a distribuição de PCs às criancinhas...
Chocados estamos todos e cada vez mais...
Meu caro,
como de costume...
Brilhante!!!
kiss
Teremos nós que continuar a fazer o impossível!?
pirata,
nem mais, amigo. e 'mago do soundbyte'é uma grande frase...
lita,
outro.
sam,
Não. Temos é que começar a fazer o impossível.
Rui Vasco Neto:
Mais um execelente texto seu. Uma compilação admirável de humor e ironia. Os meus parabéns.
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