Dois avisos importantes. Esta crónica é longa e não tem preocupações de simpatia para com ninguém. Nem pretende ter antipatia seja para com quem for, tampouco. Mas está seguramente longe de ser aquela que mais amigos me vai arranjar, isso é garantido. Tenho plena consciência desse facto logo à partida da opinião. Pronto, não é nada a que eu não esteja habituado. É uma opinião adiada de dois, vai para três anos, esta que hoje escrevo. Preferia não ser eu a levantar este debate. Na verdade, eu sou parte interessada. Mas sou parte interessada como açoriano, não como jornalista. Porquê e porquê agora? «Preferia não ser eu a levantar este debate. Colaborador da RTP/Açores durante três anos, corro o risco de ser tomado como parte interessada. Na verdade, eu sou parte interessada. Mas sou parte interessada como açoriano, mais do que como jornalista. E, como mais ninguém levanta o debate, levanto-o eu. Porque é urgente.» Palavras de Joel Neto, um ex-colaborador ao que diz jornalista, publicadas ontem no Açoriano Oriental, que eu subscrevo na totalidade. «É urgente que os açorianos, cada um por si e em conjunto, tomem uma decisão clara: nós queremos continuar a ter uma estação regional de televisão? Se não queremos, tudo bem: deixemos andar. Se queremos, temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.» Sim senhor, estamos de acordo.
Estas são as primeiras palavras de um lençol delas, muitas justas, publicado ontem no principal jornal diário dos Açores como artigo de opinião. Que diz muita verdade, no cômputo geral. Que fala de uma verdade que todos os residentes e visitantes da região sabem ou ficam a saber se ligarem a televisão e assistirem a cinco minutos, quatro bastam. E que a arranja e decora, à verdade dos factos escolhidos, pinta e borda para mostrar à madrinha como um todo verdadeiro, o que está longe de ser verdade, é bom que se diga também. Joel Neto sabe tanto de televisão como Tino de Rans ou Zé Maria, presumo. Afinal, os três têm em comum cerca de três anos no écran, se a memória não me falha no que toca aos últimos dois. Saberá muito mais de Açores, estou certo, açoriano de cepa que não duvido excelente. Mas perdoará que lhe diga, a ele e a todos os que me lerem, açorianos ou não, que tal qualificação me parece escasso curriculum para o cargo de estratega televisivo nos Açores, Burkina Faso, Escócia ou Timor. Seja na programação, seja (e sobretudo nunca aí) no jornalismo, um tema onde as opiniões deste cronista sobre Pedro Bicudo revelam uma visão iluminada: «Um dia, pediram a um jornalista que fizesse o papel do administrador e fosse lá pôr mão naqueles tipos que andam a gastar dinheiro nas ilhas. E o jornalista, como sempre fazem os jornalistas quando chamados a cargos de “responsabilidade”, fez-se mais papista do que o papa, guardou a chave da casa de banho no bolso e gritou: “Aqui quem manda sou eu!”.» Sobre isenção estamos conversados, embora curiosamente a sua opinião sobre Osvaldo Cabral, ex-director da estação mas também jornalista de profissão, (tanto quanto eu saiba), pareça ser bem diferente. «A direcção de Osvaldo Cabral era despesista? Admitamos que o era. O alinhamento da estação de Osvaldo Cabral tinha maus programas? Admitamos que os tinha. Mas havia uma estação. Havia uma programação. Havia açorianos na televisão dos Açores.» Sem comentários. (Só um, vá lá...) Não! Sem comentários. Apenas as palavras do próprio, numa cavalgante análise técnica, desta vez. «Numa altura em que o mundo se globaliza de forma cavalgante, e os Açores com ele, a RTP/Açores era uma das poucas coisas que nos restava para evitar a esquizofrenia de sermos absolutamente iguais a toda a gente do mundo inteiro.» Sobre competência de programador, para não falar de senso comum, estamos mesmo conversados. Definitivamente.
Esta mania da diferença como selo de qualidade é uma invenção da minha terra, chego a acreditar. É certo que Alberto João existe para me contrariar esta teoria (e outras, também), mas não fora esse Jardim, um Pinto da Costa e dois ou três Avelinos Ferreira Torres que por aí andam e eu acharia que o bairrismo parolo era exclusividade dos meus patrícios, tantas são as demonstrações públicas e notórias em todos os sectores. A começar pelo político, como de resto se viu durante a recente deslocação de Costa Neves ao jardim de Alberto João, para ser usado como glosa do tema 'regiões autónomas' com direito a refrão de independência e tudo. E a acabar na comunicação social açoriana, cheia de bons profissionais mas editorialmente mais provinciana que Dias Loureiro e Marques Mendes os dois juntos, antes de serem descobertos por pai Cavaco.
Eu não fui colaborador da RTP/Açores durante três anos, como o Joel Neto. Mas estive disponível para sê-lo durante cerca de dois, o tempo que duraram as conversações com a antiga direcção de Osvaldo Cabral, que terminaram com a assinatura de ambos num protocolo que previa a produção de uma série de programas semanais. Que eu próprio decidi não fazer, não a RTP, no enquadramento da altura e face ao boicote geral do meio, com horror a comparações de fora. E dos notáveis da treta, avessos a mudanças de qualquer espécie que lhes possam destapar a consistência, revelando o vazio craniano na esmagadora maioria dos casos de eminência parda. Sou ex-funcionário e ex-colaborador da RTP nacional, jornalista e profissional de televisão há vinte e sete anos. E açoriano, se me permitem. E ainda e sempre açoriano, mesmo que passe pela cabeça a algum tolo não mo permitir (o que já quase aconteceu e nos Açores, imagine-se). Dispenso compadrios de interesses locais e/ou regionais para dar a minha opinião sobre um tema que me diz duplamente respeito. E, muito sinceramente, estou-me nas tintas para os umbigos que se sentirem melindrados com as minhas palavras.
A RTP/Açores é um escândalo nacional. Um escândalo de inoperância, mau gosto, despesismo, amiguismo, saudosismo e incompetência, que não rima mas é verdade, infelizmente. Quando eu digo que Joel Neto diz muita verdade no seu artigo, é certo que assim é. Ao dizer que mais vale uma janela na RTP Memória do que o que há hoje em dia tem razão este cronista. A actual (dos últimos anos) programação da RTP/A é absolutamente inacreditável, só vendo, mesmo. Produção própria miserável e miserabilista, alguns apresentadores inenarráveis (outros de excelente qualidade), reportagens da tanga, tangas nas reportagens, produção externa de brincadeirinha, gravada e editada em suportes técnicos amadores, cenários de TCB (Tv Cá do Bairro), pobreza franciscana de colaborações, estreiteza de vistas, iluminação às escuras e sinal manhoso, sempre uma aventura fora de Ponta Delgada. Realizações inacreditáveis, vi eu, com estes dois, do mais anos 70 que imaginar se possa, gente bem intencionada mas parada no tempo do U-Matic, perdida nos corredores da TV a preto e branco e com material da época, na sua maioria. E sentada na sua própria incapacidade, rosnando imprecações contra tudo e todos que são os culpados do dia, conforme o dia.
O desinvestimento na produção televisiva açoriana é um clássico. Desde sempre a RTP nacional mandou as suas peças de museu para renascerem como novidade nos Açores, com direito a fanfarra à chegada. Circo em vez de pão, mas com leões sem dentes e treinadores na reforma. Desde sempre a casa mãe exigiu contenção de custos com base no princípio nunca assumido do 'para quem é bacalhau basta'. E desde sempre, hipócrita e saloiamente, houve quem na Região se aconchegasse à situação e, medíocre, pactuasse com a mediocridade geral na esperança (por muitos joéis concretizada) de ter uma azeitona que fosse naquele olival. Até hoje é assim, mais que nunca. Essa é a realidade da RTP/Açores, feudo de meia dúzia que se defende com unhas de leoa acossada na sua exclusividade territorial. E não me venham com balelas que isto é de agora, que já em 1992 fiz lá eu como pivot uma noite eleitoral para o canal 1 da RTP e já era assim.
Dizer que a RTP está agora pior, desde a chegada de Pedro Bicudo, parece-me, a mim que não vejo RTP/A há quase um ano, um absurdo inimaginável. Porquê? Porque os senhores não estão bem a ver o que era a RTP/A de Osvaldo Cabral, mais um 'bom rapaz' com direito a lugar na prateleira dos Luis Pereira de Sousa do audiovisual nacional, feito director por vacatura de alternativa menos má. Pior que aquilo é obra, um coxo faria melhor marca nos 100 metros. Perder na comparação é o pior dos resultados possíveis para Pedro Bicudo, um ex-correspondente na América que tudo indica ter vindo descansar para os Açores, pelos vistos, sentado naquele gabinete com vista para a Praça de S. Pedro, coçando o saco, ordenando re-re-re-re-re-petições, papando uns almoços e não fazendo mais inimigos do que o estritamente necessário. E fazendo os amigos certos de sempre. Açores no seu melhor. O costume, no fundo. Previsível, de resto.
A programação da RTP/A, hoje como ontem, não é mais do que uma boa caricatura da antiga radiotelevisão portuguesa, boa noite senhor tele-espectador e muito, muito obrigado, voltamos dentro de momentos píiiiiiiiii, pum, mete o separador das hortências ou o Aníbal Raposo ainda de bigode e o Zeca Medeiros quase de fraldas. Eh, pá, tão giro, lembras-te? Uma, duas, vinte, cem, mil vezes isto. E o Pedro Moura, ok, está bem, três horas de manhã que repetem à tarde com as notícias que qualquer vizinha contou à freguesia antes do almoço. Falta de gosto, falta de imaginação, falta de evolução e ausência de criatividade, total, geral, sem exagero, é o retrato de há anos na RTP/A. Por isso ninguém vê. Só quem não tem opção, que a TVCabo é uma miragem territorial com acesso priveligiado por critério geográfico. E vêem cada vez menos, mesmo esses.
Na RTP/Açores as portas estão fechadas a novos talentos e a talentos em geral, se não forem da cor ou do grupo de amigos, que é pequeno e restrito, o mesmo desde a morte de Gonçalo Velho, quase. Departamento comercial não existe. Não se vende nada, zero. Ninguém compra porque ninguém vê, ninguém vê porque ninguém compra. Não há um spot, para amostra, de produção e promoção comercial local. Nem nacional, diga-se, salvo um ou outro institucional que é imposto por Lisboa e se vê com gosto e saudade da televisão a sério. É uma experiência totalmente nova, garanto, apreciar um anúncio solitário perdido numa programação contínua. De resto, nem um anúncio, nem um spot, uma promoção, um trailler. Apesar de quaisquer duzentos, duzentos e cinquenta euros (ponho por extenso para não pensarem que é engano meu) chegarem para um patrocínio mensal de programa. Eu disse mensal, sim, centenas de inserções, entre programas e promos. E ninguém patrocina, mesmo assim. Inacreditável, não?
Como é que é possível, numa região que precisa de qualidade informativa e cultural como pão para a boca, alimento para a inteligência que cresce naquela terra como o verde, não haver formação constante via televisão para os seus mais novos, que se atascam nas referências dos seus avós, venerandas sem dúvida, mas sem direito a conhecer em paralelo as alternativas que com o rolar dos tempos a própria terra produz? Como é que é possível que o mundo inteiro bata palmas a Nuno Bettencourt, more than words, e a RTP/A não tenha a mais elementar decência de convidar o seu irmão Luis Bettencourt, génio da guitarra a viver na sua Terceira natal numa imperdoável penumbra, para o seu espectáculo de 30 anos de existência, onde Nuno foi convidado de honra e gelou o sorriso do Coliseu Micaelense quando, antes de encantar toda a gente com a sua mestria de executante, disse ao microfone, para a gravação, que a RTP desprezava 'um guitarrista melhor que eu, o meu irmão Luís: ele é que devia estar aqui mas ninguém o convidou', repetiu.
Expliquem-me, por favor, que eu nunca consegui entender: como é que o negócio televisão, que toda a gente quer e vende, só dá prejuízo nos Açores? Deve ser da tal 'identidade cultural própria' de excepção e imensamente superior que a guarda pretoriana do sentir açoriano defende existir e insiste em preservar. Culturalmente pobres. Mas orgulhosamente sós. Dez anos de delay na recepção de cada sound byte, como num circuito a quatro fios. Toda a gente a pagar do seu bolso para poder fazer televisão. Produtores de filmes caseiros que custeiam a produção das suas fantasias para aparecerem na RTP/A. E produtores profissionais, como a Íris, produtora institucional de institucionais com lugar cativo e quota em todas as grelhas, composta por ex-funcionários da RTP que construiram até um estúdio de raiz para as suas produções dos próximos anos. Convidaram-me a visitar os estúdios e tiveram a gentileza de me levar num tour ainda aos caboucos da nova obra. A meio da visita, entre o espanto e a curiosidade pelo impossível, perguntei delicadamente como é que tencionavam meter um charriot com uma grua a funcionar num espaço com uma escassa dezena de metros de altura, feito de raiz para ser um super-estúdio de televisão, único na ilha, topo de gama. Devo ter sido inconveniente na questão, porque não só não obtive resposta, como deixaram de me falar depois disso.
«É urgente que os açorianos, cada um por si e em conjunto, tomem uma decisão clara: nós queremos continuar a ter uma estação regional de televisão? Se não queremos, tudo bem: deixemos andar. Se queremos, temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.», escreveu Joel Neto no Açoriano Oriental de ontem. Estou de acordo. Por mim, preferia não ser eu a levantar este debate, confesso. Na verdade, eu sou parte interessada. Mas sou parte interessada como açoriano, mais do que como jornalista. E sei que esta crónica, que não tem preocupações de simpatia para com ninguém nem pretende ser antipáctica seja para com quem for, está seguramente longe de ser aquela que mais amigos me vai arranjar, isso é garantido. Pronto, não é nada a que eu não esteja habituado, seja. Mas era uma opinião adiada já de dois, vai para três anos, esta que hoje escrevo. Já vai tarde, mal me perdoo por isso. Porquê agora? Porque tem razão, desta vez, o saudosista Joel. É urgente que os açorianos, cada um por si e em conjunto, tomem uma decisão clara: nós queremos continuar a ter uma estação regional de televisão? Se não queremos, tudo bem: deixemos andar. Se queremos, temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.
Estas são as primeiras palavras de um lençol delas, muitas justas, publicado ontem no principal jornal diário dos Açores como artigo de opinião. Que diz muita verdade, no cômputo geral. Que fala de uma verdade que todos os residentes e visitantes da região sabem ou ficam a saber se ligarem a televisão e assistirem a cinco minutos, quatro bastam. E que a arranja e decora, à verdade dos factos escolhidos, pinta e borda para mostrar à madrinha como um todo verdadeiro, o que está longe de ser verdade, é bom que se diga também. Joel Neto sabe tanto de televisão como Tino de Rans ou Zé Maria, presumo. Afinal, os três têm em comum cerca de três anos no écran, se a memória não me falha no que toca aos últimos dois. Saberá muito mais de Açores, estou certo, açoriano de cepa que não duvido excelente. Mas perdoará que lhe diga, a ele e a todos os que me lerem, açorianos ou não, que tal qualificação me parece escasso curriculum para o cargo de estratega televisivo nos Açores, Burkina Faso, Escócia ou Timor. Seja na programação, seja (e sobretudo nunca aí) no jornalismo, um tema onde as opiniões deste cronista sobre Pedro Bicudo revelam uma visão iluminada: «Um dia, pediram a um jornalista que fizesse o papel do administrador e fosse lá pôr mão naqueles tipos que andam a gastar dinheiro nas ilhas. E o jornalista, como sempre fazem os jornalistas quando chamados a cargos de “responsabilidade”, fez-se mais papista do que o papa, guardou a chave da casa de banho no bolso e gritou: “Aqui quem manda sou eu!”.» Sobre isenção estamos conversados, embora curiosamente a sua opinião sobre Osvaldo Cabral, ex-director da estação mas também jornalista de profissão, (tanto quanto eu saiba), pareça ser bem diferente. «A direcção de Osvaldo Cabral era despesista? Admitamos que o era. O alinhamento da estação de Osvaldo Cabral tinha maus programas? Admitamos que os tinha. Mas havia uma estação. Havia uma programação. Havia açorianos na televisão dos Açores.» Sem comentários. (Só um, vá lá...) Não! Sem comentários. Apenas as palavras do próprio, numa cavalgante análise técnica, desta vez. «Numa altura em que o mundo se globaliza de forma cavalgante, e os Açores com ele, a RTP/Açores era uma das poucas coisas que nos restava para evitar a esquizofrenia de sermos absolutamente iguais a toda a gente do mundo inteiro.» Sobre competência de programador, para não falar de senso comum, estamos mesmo conversados. Definitivamente.
Esta mania da diferença como selo de qualidade é uma invenção da minha terra, chego a acreditar. É certo que Alberto João existe para me contrariar esta teoria (e outras, também), mas não fora esse Jardim, um Pinto da Costa e dois ou três Avelinos Ferreira Torres que por aí andam e eu acharia que o bairrismo parolo era exclusividade dos meus patrícios, tantas são as demonstrações públicas e notórias em todos os sectores. A começar pelo político, como de resto se viu durante a recente deslocação de Costa Neves ao jardim de Alberto João, para ser usado como glosa do tema 'regiões autónomas' com direito a refrão de independência e tudo. E a acabar na comunicação social açoriana, cheia de bons profissionais mas editorialmente mais provinciana que Dias Loureiro e Marques Mendes os dois juntos, antes de serem descobertos por pai Cavaco.
Eu não fui colaborador da RTP/Açores durante três anos, como o Joel Neto. Mas estive disponível para sê-lo durante cerca de dois, o tempo que duraram as conversações com a antiga direcção de Osvaldo Cabral, que terminaram com a assinatura de ambos num protocolo que previa a produção de uma série de programas semanais. Que eu próprio decidi não fazer, não a RTP, no enquadramento da altura e face ao boicote geral do meio, com horror a comparações de fora. E dos notáveis da treta, avessos a mudanças de qualquer espécie que lhes possam destapar a consistência, revelando o vazio craniano na esmagadora maioria dos casos de eminência parda. Sou ex-funcionário e ex-colaborador da RTP nacional, jornalista e profissional de televisão há vinte e sete anos. E açoriano, se me permitem. E ainda e sempre açoriano, mesmo que passe pela cabeça a algum tolo não mo permitir (o que já quase aconteceu e nos Açores, imagine-se). Dispenso compadrios de interesses locais e/ou regionais para dar a minha opinião sobre um tema que me diz duplamente respeito. E, muito sinceramente, estou-me nas tintas para os umbigos que se sentirem melindrados com as minhas palavras.
A RTP/Açores é um escândalo nacional. Um escândalo de inoperância, mau gosto, despesismo, amiguismo, saudosismo e incompetência, que não rima mas é verdade, infelizmente. Quando eu digo que Joel Neto diz muita verdade no seu artigo, é certo que assim é. Ao dizer que mais vale uma janela na RTP Memória do que o que há hoje em dia tem razão este cronista. A actual (dos últimos anos) programação da RTP/A é absolutamente inacreditável, só vendo, mesmo. Produção própria miserável e miserabilista, alguns apresentadores inenarráveis (outros de excelente qualidade), reportagens da tanga, tangas nas reportagens, produção externa de brincadeirinha, gravada e editada em suportes técnicos amadores, cenários de TCB (Tv Cá do Bairro), pobreza franciscana de colaborações, estreiteza de vistas, iluminação às escuras e sinal manhoso, sempre uma aventura fora de Ponta Delgada. Realizações inacreditáveis, vi eu, com estes dois, do mais anos 70 que imaginar se possa, gente bem intencionada mas parada no tempo do U-Matic, perdida nos corredores da TV a preto e branco e com material da época, na sua maioria. E sentada na sua própria incapacidade, rosnando imprecações contra tudo e todos que são os culpados do dia, conforme o dia.
O desinvestimento na produção televisiva açoriana é um clássico. Desde sempre a RTP nacional mandou as suas peças de museu para renascerem como novidade nos Açores, com direito a fanfarra à chegada. Circo em vez de pão, mas com leões sem dentes e treinadores na reforma. Desde sempre a casa mãe exigiu contenção de custos com base no princípio nunca assumido do 'para quem é bacalhau basta'. E desde sempre, hipócrita e saloiamente, houve quem na Região se aconchegasse à situação e, medíocre, pactuasse com a mediocridade geral na esperança (por muitos joéis concretizada) de ter uma azeitona que fosse naquele olival. Até hoje é assim, mais que nunca. Essa é a realidade da RTP/Açores, feudo de meia dúzia que se defende com unhas de leoa acossada na sua exclusividade territorial. E não me venham com balelas que isto é de agora, que já em 1992 fiz lá eu como pivot uma noite eleitoral para o canal 1 da RTP e já era assim.
Dizer que a RTP está agora pior, desde a chegada de Pedro Bicudo, parece-me, a mim que não vejo RTP/A há quase um ano, um absurdo inimaginável. Porquê? Porque os senhores não estão bem a ver o que era a RTP/A de Osvaldo Cabral, mais um 'bom rapaz' com direito a lugar na prateleira dos Luis Pereira de Sousa do audiovisual nacional, feito director por vacatura de alternativa menos má. Pior que aquilo é obra, um coxo faria melhor marca nos 100 metros. Perder na comparação é o pior dos resultados possíveis para Pedro Bicudo, um ex-correspondente na América que tudo indica ter vindo descansar para os Açores, pelos vistos, sentado naquele gabinete com vista para a Praça de S. Pedro, coçando o saco, ordenando re-re-re-re-re-petições, papando uns almoços e não fazendo mais inimigos do que o estritamente necessário. E fazendo os amigos certos de sempre. Açores no seu melhor. O costume, no fundo. Previsível, de resto.
A programação da RTP/A, hoje como ontem, não é mais do que uma boa caricatura da antiga radiotelevisão portuguesa, boa noite senhor tele-espectador e muito, muito obrigado, voltamos dentro de momentos píiiiiiiiii, pum, mete o separador das hortências ou o Aníbal Raposo ainda de bigode e o Zeca Medeiros quase de fraldas. Eh, pá, tão giro, lembras-te? Uma, duas, vinte, cem, mil vezes isto. E o Pedro Moura, ok, está bem, três horas de manhã que repetem à tarde com as notícias que qualquer vizinha contou à freguesia antes do almoço. Falta de gosto, falta de imaginação, falta de evolução e ausência de criatividade, total, geral, sem exagero, é o retrato de há anos na RTP/A. Por isso ninguém vê. Só quem não tem opção, que a TVCabo é uma miragem territorial com acesso priveligiado por critério geográfico. E vêem cada vez menos, mesmo esses.
Na RTP/Açores as portas estão fechadas a novos talentos e a talentos em geral, se não forem da cor ou do grupo de amigos, que é pequeno e restrito, o mesmo desde a morte de Gonçalo Velho, quase. Departamento comercial não existe. Não se vende nada, zero. Ninguém compra porque ninguém vê, ninguém vê porque ninguém compra. Não há um spot, para amostra, de produção e promoção comercial local. Nem nacional, diga-se, salvo um ou outro institucional que é imposto por Lisboa e se vê com gosto e saudade da televisão a sério. É uma experiência totalmente nova, garanto, apreciar um anúncio solitário perdido numa programação contínua. De resto, nem um anúncio, nem um spot, uma promoção, um trailler. Apesar de quaisquer duzentos, duzentos e cinquenta euros (ponho por extenso para não pensarem que é engano meu) chegarem para um patrocínio mensal de programa. Eu disse mensal, sim, centenas de inserções, entre programas e promos. E ninguém patrocina, mesmo assim. Inacreditável, não?
Como é que é possível, numa região que precisa de qualidade informativa e cultural como pão para a boca, alimento para a inteligência que cresce naquela terra como o verde, não haver formação constante via televisão para os seus mais novos, que se atascam nas referências dos seus avós, venerandas sem dúvida, mas sem direito a conhecer em paralelo as alternativas que com o rolar dos tempos a própria terra produz? Como é que é possível que o mundo inteiro bata palmas a Nuno Bettencourt, more than words, e a RTP/A não tenha a mais elementar decência de convidar o seu irmão Luis Bettencourt, génio da guitarra a viver na sua Terceira natal numa imperdoável penumbra, para o seu espectáculo de 30 anos de existência, onde Nuno foi convidado de honra e gelou o sorriso do Coliseu Micaelense quando, antes de encantar toda a gente com a sua mestria de executante, disse ao microfone, para a gravação, que a RTP desprezava 'um guitarrista melhor que eu, o meu irmão Luís: ele é que devia estar aqui mas ninguém o convidou', repetiu.
Expliquem-me, por favor, que eu nunca consegui entender: como é que o negócio televisão, que toda a gente quer e vende, só dá prejuízo nos Açores? Deve ser da tal 'identidade cultural própria' de excepção e imensamente superior que a guarda pretoriana do sentir açoriano defende existir e insiste em preservar. Culturalmente pobres. Mas orgulhosamente sós. Dez anos de delay na recepção de cada sound byte, como num circuito a quatro fios. Toda a gente a pagar do seu bolso para poder fazer televisão. Produtores de filmes caseiros que custeiam a produção das suas fantasias para aparecerem na RTP/A. E produtores profissionais, como a Íris, produtora institucional de institucionais com lugar cativo e quota em todas as grelhas, composta por ex-funcionários da RTP que construiram até um estúdio de raiz para as suas produções dos próximos anos. Convidaram-me a visitar os estúdios e tiveram a gentileza de me levar num tour ainda aos caboucos da nova obra. A meio da visita, entre o espanto e a curiosidade pelo impossível, perguntei delicadamente como é que tencionavam meter um charriot com uma grua a funcionar num espaço com uma escassa dezena de metros de altura, feito de raiz para ser um super-estúdio de televisão, único na ilha, topo de gama. Devo ter sido inconveniente na questão, porque não só não obtive resposta, como deixaram de me falar depois disso.
«É urgente que os açorianos, cada um por si e em conjunto, tomem uma decisão clara: nós queremos continuar a ter uma estação regional de televisão? Se não queremos, tudo bem: deixemos andar. Se queremos, temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.», escreveu Joel Neto no Açoriano Oriental de ontem. Estou de acordo. Por mim, preferia não ser eu a levantar este debate, confesso. Na verdade, eu sou parte interessada. Mas sou parte interessada como açoriano, mais do que como jornalista. E sei que esta crónica, que não tem preocupações de simpatia para com ninguém nem pretende ser antipáctica seja para com quem for, está seguramente longe de ser aquela que mais amigos me vai arranjar, isso é garantido. Pronto, não é nada a que eu não esteja habituado, seja. Mas era uma opinião adiada já de dois, vai para três anos, esta que hoje escrevo. Já vai tarde, mal me perdoo por isso. Porquê agora? Porque tem razão, desta vez, o saudosista Joel. É urgente que os açorianos, cada um por si e em conjunto, tomem uma decisão clara: nós queremos continuar a ter uma estação regional de televisão? Se não queremos, tudo bem: deixemos andar. Se queremos, temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.
70 comentários:
"alea jacta est"
Caro Rui
É uma visão do problema, de facto. Uma visão que, aliás, imagino cara também ao Pedro Bicudo. Não preciso de dizer que discordo dela. Penso que, entre muitos, nos afasta um ponto fundamental: você não conhece o papel histórico da RTP/A – e sobretudo não conhece os Açores, mesmo sendo, como diz que é, açoriano. Sem RTP/A não haveria como Açores eles existem hoje. E sem RTP/A, mesmo com a perda de relevância dos últimos anos, não existirão no futuro os Açores que pensamos estar hoje a construir.
Uma coisa nos dividirá sempre: eu acho que televisão é mais do que gráfico de audiências e mais do que o-maior-espectáculo-mundo. Já você tem como face mais visível da sua actividade, sem bem me lembro, a apresentação do “Vidas Reais” (http://static.publico.clix.pt/tvzine/critica.asp?id=1911), que passou há uns anos na TVI.
Coisa que, digo-lhe, eu não referiria aqui se se tivesse tratado de um acidente de percurso, apresentado para sobreviver. Eu também tenho os meus. Temos todos. O problema é que, pelo visto, o “Vidas Reais” reflecte o seu entendimento sobre o que deve ser a televisão do século XXI. Mesmo uma estação de proximidade, imagine-se.
Não somos do mesmo campeonato nem falamos no mesmo plano. Eu, apesar de tudo, ainda prefiro o Pedro Moura ao “Vidas Reais”. Impossível concordarmos alguma vez quanto à RTP/Açores.
Une-nos os Açores. Já não é mau.
Só que a sua visão é provavelmente a mesma do Pedro Bicudo. E, como você gostaria de fazer, também ele acabará por fechar a loja. Isso é que me preocupa.
Joel Neto
PS: Um esclarecimento. Eu nunca disse “que mais vale uma janela na RTP Memória do que o que há hoje em dia”. Nem digo.
Caro Joel,
Nada que eu não esperasse, pena que venha de si. Confundir a mensagem com o mensageiro é a saída mais fácil, claro. Você não sabe nem faz ideia o que eu conheço ou deixo de conhecer da realidade da RTP-A tal como eu não sei nem quero saber o que você conhece da RTP-A. Nem isso interessa minimamente, a menos que na sua escola de jornalismo se ensine que é necessário exame prévio de conhecimento antes de escrever opinião. Sabe, nesta arte vale o que se mostra e não aquilo que se acha ser, nem o que os amigos dizem que nós somos. Quanto ao conhecer os Açores ou não, pois, claro, sim, está bem. Já cá se sabia que a açoreanidania é como as pilas, ganha quem tiver a maior.
Vou dar de barato, para a conta daquelas tolices que a gente diz porque sim, as suas referências ao Vidas Reais, que para si me tornou 'visível' dando-se até ao luxo de, não só resumir a minha existência profiissional a um programa que você via quando sintonizava os artigos do Público, como até de superiormente decidir que aquele programa "reflecte o seu entendimento sobre o que deve ser a televisão do século XXI. Mesmo uma estação de proximidade, imagine-se." Homem, você faz uma conversa toda sózinho, dispensa informação e é o contraditório de si próprio. E assim discute a televisão nos Açores. Na medida do seu umbigo e na exacta dimensão da sua visão de futuro audiovisual. Temos debate, não há dúvida. Fez bem em fazer o apelo, para a próxima mande as medidas da opinião que aceita como válida.
Lamento que eu tenha escrito verde e você lido rôxo. Paciência. Agradeço-lhe a visita e o comentário que o seu conhecimento foi capaz de produzir. Mas tenho que fazer duas derradeiras correcções a duas enormidades que escreveu: eu e o Pedro Bicudo não temos qualquer visão em comum nesta matéria, a julgar pelo desempenho dele nos últimos oito meses, o que não impede que eu o respeite como ex-colega de redacção e pessoa que eu nunca escolheria para dirigir a RTP-Açores, não por falta de competência mas por questão de perfil. Se lesse com atenção o que eu escrevi veria lá isto mesmo por outras palavras.
O segundo disparate é de arromba! Eu 'gostaria de fechar a RTP-Açores'? Eu? Apeteceu-lhe a si, foi? Decidiu depois de me ler ou já tinha isso traçado? Caro Joel, com todo o respeito permita-me que lhe seja claro: não só nunca me passou pela cabeça tal ideia (uma tolice de antologia) como entendo fundamental, essencial, vital para a vida da Sua terra onde eu me atrevi a nascer, a existência de um canal sério, independente, consistente na identidade cultural única dos Açores que transmite à região e capaz de unir a meia dúzia de gatos que somos acima das palermices de café que fazem a nossa distância uns dos outros com anedotas e estereotipos parvos para os açorianos de cada ilha, decididos por pessoas com jeito para ler o carácter e o conhecimento dos outros, como o meu caro Joel fez comigo. É essa a televisão que eu defendo, verdadeiro serviço público que os açorianos merecem e são capazes de fazer, logo que percebam que a RTP-A é preciosa demais para ser um brinquedo para a vaidade balofa e amadora de meia dúzia de pavões que não fazem nem deixam fazer.
Melhores cumprimentos
joel,
Vi agora outra que não posso deixar passar, pela consideração pessoal que tenho ao visado. Eu (para informação dele e não sua, que fala por falar) também prefiro o Pedro Moura ao Vidas Reais. É que a mim pagam-me para fazer o que sei, não para me ver ao espelho a ganhar a vida babando de vaidade. Por isso quando vejo, vejo os outros. Não pago para fazer televisão. Trabalho é trabalho. Nem pelos Açores o faço.
Estamos de acordo nisto:
"Entendo fundamental, essencial, vital para a vida da Sua terra onde eu me atrevi a nascer, a existência de um canal sério, independente, consistente na identidade cultural única dos Açores que transmite à região e capaz de unir a meia dúzia de gatos que somos acima das palermices de café que fazem a nossa distância uns dos outros com anedotas e estereotipos parvos para os açorianos de cada ilha, decididos por pessoas com jeito para ler o carácter e o conhecimento dos outros, como o meu caro Joel fez comigo. É essa a televisão que eu defendo, verdadeiro serviço público que os açorianos merecem e são capazes de fazer, logo que percebam que a RTP-A é preciosa demais para ser um brinquedo para a vaidade balofa e amadora de meia dúzia de pavões que não fazem nem deixam fazer."
É alguma coisa.
Longe de mim a ideia de me meter numa discussão sobre um assunto que de todo desconheço. Só não posso mesmo dizer que nunca vi a RTP-A, pois a última vez que estive na Terceira, só dez diazitos infelizmente, devo ter visto para aí 15 minutos de RTP-A, ao todo e por junto.
Quanto ao post, caro Rui, deixa-te no mesmo número de ranking em que já estavas :)
Já em relação ao Nuno Bettencourt, o "moço" subiu uns lugares na classificação, com essa história fantástica da gala dos 30 anos. De vez em quando umas "words" na altura certa valem ouro.
sam,
Foi um grande momento, acredita, a última participação do nuno nessa gala. O moço rapa de uma versão do 'ai se ele cai' dos xutos, improviso dele, toda acústica, lentazinha a reforçar a melodia e a inventar melodia em cima dessa, com um instrumental fantástico, um luxo de ir às lágrimas. (Se eu te disser que acabámos a madrugada dessa noite num estado lastimável - alguma coisa que comemos, por certo - a cantar fados tolos os dois nas Portas da Cidade para dois polícias de serviço, tu acreditas?)
Desde esse dia que mexi todos os cordéis, fios e guitas que tenho para conseguir uma cópia do show, transmitido pela rtp-a mas que eu não pude ver no dia de emissão. Qualquer coisa me diz que este artigo não vai ajudar nesse campo.
Meus excelentes amigos Rui e Joel
Não vou dizer quem penso que tem razão. Aliás, ambos têm, mas não tentarei medir a de cada qual.
É este um dos problemas da RTP/A: a gente olha para as pessoas que lá estão, e vê um punhado de amigos. E não avança na intenção de dizer umas verdades que podem ferir sentimentos. Foi por isso que acabei, há muitos anos, com uma crítica semanal de TV. Apercebi-me, a certa altura, de que as minhas palavras estavam a ser usadas como pedra de arremesso contra o Lopes de Araújo, amigo muito querido. Tal como a respeito da RTP/A, falta crítica a quanto por aqui se faz. Não a há para o teatro, nem para a música, nem para a rádio ou seja lá o que for que se diz que é cultura. Não é que essas coisas deixem de existir sem crítica, mas existem menos.
Veja-se o caso das realizações do Zeca Medeiros. A princípio, não faltava quem aparecesse nos jornais a aplaudir, Zeca quase Truffaut. O que também não é crítica. Depois foram-se calando. Da última vez que ele fez uma coisa dessas, só um amigo comum disse qualquer coisa, mas sem o sentido crítico propriamente dito. E lá me atrevi eu uma vez mais a avançar, sabendo o risco que se corre ao chamar a atenção para um momento menos bom das interpretações, a algum plano menos conseguido. A ideia que fica é a de que se falou mal de tudo.
Espero bem que a RTP/A não acabe. Foi muito importante quando era a única, deveria ter continuado com mais entusiasmo ainda quando deixou de o ser. Mas perdeu-o quase todo. Começou a jogar para as malditas estatísticas. Mais de metade dos programas eram de produção regional. O que quer dizer que eram de palavreado em recintos fechados, e estas ilhas com cenários naturais tão majestosos.
Tenho de me calar, que isto não é comentário que se faça. E havia muito mais a dizer
daniel,
Sou de opinião exactamente contrária. Não tens que te calar e é comentário que se faça. Só concordamos em que havia muito mais a dizer.
Por isso fico à espera. Ficamos todos.
(Já leste o teu correio?)
Senhores jornalistas,
Eu conheço o trabalho dos dois em órgãos diferentes de comunicação e vou dizer ao senhor Joel Neto, cujo artigo li no AO e gostei muito, que não gostei da maneira superior como quis atirar o Rui Vasco para um 'campeonato' que não é o seu nem 'plano'. Recordo-me de o ver na RTP a apresentar o Telejornal ainda o senhor Joel Neto não lia o Público porque ele nem sequer existia e de ler as suas muito boas reportagens no Tal e Qual e na Sábado, quando apareceu. Se o senhor se acha mais açoriano que ele e mais jornalista, ele foi mais das duas coisas nas respostas que lhe deixou. Desculpe mas as verdades são para ser ditas e nós aqui nos Açores andamos a fugir delas entre nós para nos rirmos todos uns para os outros e a pensarmos que somos melhores que eles ao mesmo tempo.
Estrala-bomba e o foguete vai no ar
Arrebenta e fica todo queimado...
Puxa...Glup...Sniff...Pling...
Rui:
Sou uma visitante habitual do seu blogue e estou habituada a encontrar sempre uma boa razão para ter cá vindo. Hoje foi a mesma coisa mas melhor, porque calhou estar TOTALMENTE de acordo consigo quanto à RTP açores. Trabalho no ramo e contactei várias vezes com a direcção de Lopes Araújo e Osvaldo Cabral, para trabalhos pontuais na àrea comercial e venho aqui dizer que é EXACTAMENTE como o Rui diz: eles não querem publicidade, não sabem fazê-la nem deixam quem sabe fazer o seu trabalho.
As vezes que vi programação na RTP açores (tenho uma tia na Graciosa e uma irmã na Terceira, vou lá muitas vezes de visita, vim de lá há duas semanas) era uma porcaria que metia dó.
Eu já sabia que o Rui esteve a viver nos Açores, lia as suas crónicas na última página do Jornal dos Açores (outro escândalo, só disparates e os Açores a perder com isso) e sempre me perguntei porque é que o Rui não aparecia na RTP (só o vi lá a ser entrevistado uma ou duas vezes). Agora parec que já sei.
Beijo de uma grande admiradora.
Ana Paula Azevedo
Desculpe, mas esqueci-me de dizer ao Joel Neto que também sei quem ele é (Grande Reportagem, certo?) e tmbém acho que foi um bocado deselegante com o Rui (como já tinha sido naquela frase do Pedro Bicudo). Não há dúvidas que os jornalistas são do pior para os próprios colegas, quando se armam em donos da moral e da verdade. Mas gostei do que escreveu no seu artigo e gostei mais ainda que o tivesse escrito. Está muito a tempo de haver um debate sobre a NOSSA televisão.
Muito obrigado e um beijo também. (já tenho idade para isso, ao pé de si)
Bom dia a cada e um abraço a cada. Aos que conheço, como o Daniel, e aos que não conheço. Rui incluído. Ele próprio sabe que se estica sempre a corda neste tipo de debates.
Não me parece, aliás, que o texto inicial dele esteja isento de deselegância. Nem de tiques de superioridade, de resto – em relação ao Osvaldo Cabral, em relação ao Pedro Bicudo e, inclusive, em relação a mim.
Paz.
Mas insisto: todos nós fazemos, ou fizemos, coisas com "falta de gosto, falta de imaginação, falta de evolução e ausência de criatividade". E insisto: o "Vidas Reais", apresentado pelo Rui, era isso – e mais ainda. Daí a referência.
O campeonato de que falo, porém, não é o do nível intelectual. Eu e o Rui não somos do mesmo campeonato porque, embora concordemos no essencial, que é a necessidade de mudar o estado de coisas, discordamos quanto ao caminho a seguir. E discordamos, aliás, quanto ao caminho feito nos últimos anos.
Rui, Daniel, Samuel, Emanuel Alfredo, Ana Paula e os mais que sejam, que fique muito claro: eu não quero uma RTP/Açores capaz de sustentar-se a si própria. Repito: não quero uma RTP/Açores capaz de sustentar-se a si própria.
Não me peçam que escreva outro lençol. Mas, embora os anos me tenham transformado essencialmente num liberal, acho que o Estado ainda tem alguns papéis a desempenhar. E um deles é, seguramente, o de reforçar a criação de laços entre 250 mil pessoas que lhe asseguram a soberania sobre um território onde, apesar da imensa beleza, nem sempre é facil viver.
A RTP/Açores é talvez (penso que nem preciso de dizer "talvez") o mais forte mecanismo de criação desses laços. Foi-o historicamente e continuará a sê-lo, se quisermos que continue.
Que tenha de sustentar-se a si própria, é coisa que só a descaracterizará – mas para pior. Basta ver o que são, hoje, as estações destinadas a sustentar-se a elas próprias, nomeadamente com a publicidade. O Rui acha provavelmente que deveria fazer-se nos Açores uma estação como a SIC e/ou a TVI. Eu acho, e isto para usar apenas os exemplos mais fáceis (muitos outros há), que temos de fazer uma RTP2, ainda que com publicidade.
Isso dividir-nos-á sempre.
Joel
emanuel costa,
Fico-lhe grato pelas palavras. Do coração. Permita-me uma leve errata: embora não ponha de parte a hipótese de ter sido publicado algum artigo ou reportagem (não me lembro, de facto) julgo que estará a referir-se à Visão, revista da qual fiz parte, na verdade, desde o seu número um e como repórter convidado (cáceres, saudades tuas, amigo!).
alfredo,
carrapatos não ajudam aRTP/A. Opiniões sim, mais a mais quando vêm de músicos/produtores musicais/autores que precisam dela para a sobrevivência da sua arte. Tens mais e melhor a dizer, laião.
Chega-te à frente.
ana paula,
Aceite um beijo também e obrigado pela sua presença cá na loja.
joel,
Joel, Joel, Joel! Permite-me que lhe conte uma velha anedota? É a anedota do martelo. Um homem sai de casa para ir a casa do vizinho pedir um martelo emprestado. Vai andando e pelo caminho vai pensando "E se ele não me empresta o martelo? ele não me empresta o martelo? então e aquele berbequim que eu lhe emprestei uma vez? e da outra vez que ele precisou disto e mais daquilo?" Entretanto chega à porta do vizinho e bate à porta. O vizinho abre, sorridente, e o homem dispara à queimaroupa: ?Ai é? Pois podes meter o martelo no cú, meu ingrato!".
Aceitará que lhe diga que a esmagadora maioria dos desentendimentos entre os seres humanos derivam daquilo que a gente pensa que os outros estão a pensar que a gente pensou que estavam a pensar. Não concorda?
Na circunstância insiste no erro. Quer, sem me conhecer, sem saber o que eu sei e penso e acredito, decidir o que eu pretendo atingir em cada frase sem tentar perceber o que digo de facto, sem truques, remoques ou segundos sentidos. Tudo o que lhe possa ter parecido tique de superioridade não é mais (acredite se quiser) que a minha maneira de escrever e opinar. Faça uma visita por este blogue e verá que não lhe negava o martelo, homem, eu sou mesmo assim. Não tivesse eu respeito por si e pela sua capacidade intelectual e não me perdia em estruturaçõers de raciocínios complementares ou críticos com base no seu artigo. Por isso e porque o que de facto interessa aqui não somos nós, eu e o Joel, mas sim a RTP/A e a terra que a sua intenção parece querer vedar-me direitos de primeira. Isso é que é importante.
Nesse sentido aceito a sua paz sem que tenha havido guerra antes. E, putas velhes como seremos os dois, caio para o seu lado quando diz que 'que se estica sempre a corda neste tipo de debates.' Sigamos, pois.
Embora entenda o que diz quando refere a RTP2 como exemplo da estação que gostaria de ver, aponto-lhe dois erros crassos de avaliação. Esse modelo, nas referências em que creio o Joel se estribará para dele gostar tanto, se aplica ao necessário e urgente para os Açores, na minha opinião. O nosso quarto de milhãode gente não é composto por Joéis na sua maioria e você sabe-o bem. Às vezes, muitas vezes quando o assunto é televisão, o óbvio é caminho mais didáctico que o subliminar e intelectualmente avançado.
O segundo ponto é o seu maior erro de pensamento, também na minha exclusiva opinião. Repare. Esse tremelique de nojo que sente quando fala de publicidade vem da incorrecta contextualização que a guerra de audiências tem feito dessa consequência inevitável das sociedades competitivas e em constante evolução. A publicidade não é mais (e o Joel saberá isto melhor que eu, seguramente) que uma necessidade com dois extremos, quem anuncia para vender e quem vê para comprar. Tudo o resto são nojos de tias snob, que acham lá por haver Haendel e Mozart não há lugar neste mundo para o Quim Barreiros. Esse tem sido o problema da RTP/A também, sim. Quem manda e tem mandado faz o (pouco) que sabe com base na cara que vai ter lá na freguesia ou na sua rua, quando chegar a casa. Ou no grupo de amigos. Mais umbigo. Mais vaidade balofa.
A publicidade é uma necessidade vital para a economia açoriana. E não sou eu que o digo, são os comerciantes e empresários que o dizem ( ou o Joel não sabia que há mais vozes no comércio em S.Miguel que o Costa Martins, e mesmo esse concorda comigo?)
Atente o meu caro Joel nas palavras do Daniel de Sá quando fala de massa crítica (da ausência dela) e pense comigo um instante. Espera de verdade conseguir uma massa crítica independente e competente, distanciada das pessoas cujo desempenho avalia, no esquema de compadrio que se vive nos Açores? E espera o meu caro que uma sociedade, micro ou macro, cresça e evolua sem essa massa crítica, que vai buscar o seu suporte à livre iniciativa privada se não quiser ficar refém de um governo regional que já dá emprego à fina flor do jornalismo da terra (quer os nomes dos assessores em exercício, ou sabe-os de cor?).
Caro Joel,
Temos muita palavra já cá na loja mas muitas mais em armazém, eu e o meu caro, seja o seu campeonato de puros-sangue aberto a rafeiros ou não. Não faço campanha pela sua simpatia, mas apelo à sua inteligência. Não precisa de gostar de mim para falar de televisão comigo (ou, como é a intenção presente, falar de televisão com os açorianos, por esta via). Só tem que se aguentar à crítica, sempre recheda de ideias e sempre dentro dos limites da decência inter-pares, por mais ímpar que se veja ao espelho. E que não lhe azede os fígados a minha naturalidade. Ela espelha dentro de mim um sentimento que só a mim diz respeito e que, acredite, está muito para além da sua compreensão. Porque é burro? Não. Porque não é o 'eu' que o sente. É apenas outra pessoa.
E afinal, sempre quer o martelo ou não?
emanuel costa,
errata: «de parte a hipótese de ter sido publicado algum artigo ou reportagem na Sábado», evidentemente.
joel,
errata: «Esse modelo, nas referências em que creio o Joel se estribará para dele gostar tanto, não se aplica ao necessário e urgente para os Açores, na minha opinião.»
joel,
Uma achega que, se estiver de boa-fé, lhe será preciosa para finalmente começar a perceber um ou outro dos meus conceitos de televisão. Este foi o primeiro texto que escrevi sobre o Vidas Reais, dois anos e tal depois. Fala de televisão nacional, não regional, mas refere-se à universal. Talvez ajude, não sei.
Abraço, claro.
http://setevidascomoosgatos.blogspot.com/search?q=a+morte+das+vidas+reais
Caro Rui
Não sou puta velha. Ando nisto há muitos anos, apesar de mais jovem do que você, mas ainda não enfiei as rendas vermelhas. Espero demorar ainda a enfiá-las, se é que é impossível não enfiá-las nunca.
Não seja injusto também consigo próprio. Você pode aguentar o rebate da sua intervenção sem a chantagem emocional da arrogância intelectual por parte do interlocutor.
Repito: a diferença de campeonatos de que falava não era intelectual, mas de visões do que deve ser uma estação de proximidade, nomeadamente, e em concreto, a RTP/Açores. Quer que o diga ainda mais uma vez?
Tem uma forma "natural" de falar, você? Certo. Mas olhe que a forma também é comunicação, não apenas o conteúdo. Você sabe-o. E, portanto, tem se aguentar-se com os remoques à forma, da mesma forma que faz remoques ao conteúdo.
Não sou contra a publicidade. Disse e repito: quero cada vez menos Estado, a redução do Estado ao mínimo possível – e quero-o também nos Açores. Entendo apenas que o mínimo possível, nos Açores, é mais do que o mínimo possível no continente. Isso faz muita diferença.
Mal estaríamos – e é esta a minha opinião fundamental sobre este aspecto – se tivéssemos de alicerçar em exclusivo a massa crítica açoriana na iniciativa privada. Não há massa crítica nos Açores? Escasseia, efectivamente. É preciso criá-la? Sem dúvida. Mas não exclusivamente à base da "iniciativa privada".
A sociedade civil açoriana resiste mais forte nas universidades, no ensino, na administração pública. Para o bem e para o mal. E não podemos dispensar-nos deles.
Percebo o seu rancor com os jornalistas tornados assessores. É comum. Não o partilho, porém. Repito: não sou puta velha. Acho que, para se ser jornalista, não tem de se ser um indigente, sem convicções políticas, religiosas ou futebolísticas – e muito menos um não-cidadão a quem é vedado contribuir para a causa pública comum sepre, sendo chamado a isso, sente o impulso e/ou o dever de corresponder.
(Não me diga que jornalismo é causa publica comum. Nem sempre o é. Você sabe-o também.)
Caro Rui, meu limite é a minha consciência, não o código deontológico do sindicato. E, enquanto os jornalistas (açorianos, continentais ou estrangeiros) forem capazes de separar o trigo do joio, defendendo César quando trabalham com César e defendendo Deus quando trabalham com Deus, sem que alguma vez cedam à corrupção e à deslealdade, estamos bem.
Ah: eu não quero ser assessor. Rejeitei todos os convites até agora e, tanto quanto me parece neste momento, continuarei a rejeitá-los sempre. Ainda não senti o impulso nem o dever, talvez.
Acho apenas que este foi, apear de todo o jornalismo (e estou a escrever sobre os Açores e para os Açores há quase vinte anos, apesar de ter de ganhar a vida de outra maneira), a minha primeira verdadeira oportunidade de ter uma intervenção cívica relevante nos Açores. A RTP/A é demasiado importante para nos. E eu vejo-a derrocar – e vejo-o de perto.
Joel
PS: Também tenho moderação de comentários nos meus blogs. Não costumo, porém, gerar e alimentar debates nas secções de comentários. Fazendo-o, você apenas publica os argumentos opostos aos seus quando já tem resposta para eles – e, portanto, nem um só leitor pode respirar sobre os meus argumentos, que de imediato já tem os seus em fecho de acto. Não me parece uma boa prática.
joel,
Um bom Sirah, tinto, anos 2002 a 2006 (João Portugal Ramos), precisa à vontade de uma horita para respirar, antes do trago um. Já o Luís Pato (o Reserva, o que vale a pena) para mim não dispensa duas horas até me escorrer no estreito. Tem o meu caro a tarde toda de antena para respiração desta sua ofegância sobre 'rancor aos assessores', que viu com certeza no mesmo sítio que viu a minha vontade de fechar a RTP-A.
E eu tenho o mesmo exacto tempo para pensar que, se continuo a comprar gato por lebre, o melhor que tenho a fazer é deixar de tocar rabecão e tratar do calçado que vale a pena.
Logo hoje que me apetecia botar discurso chego aqui e deparo-me com um esmagador duelo de titãs...
Não opino, pois não sei o bastante para o fazer.
Mas lá que abundam argumentos convincentes, lá isso...
Bom, Rui, assim não nos entendemos mesmo. Aquilo que você diz nunca é o que quer dizer? Aquilo que você sugere nunca é aquilo que quer sugerir?
Peço desculpa, mas as aulas de semiótica foram há quinze anos. Lamento se estou desactualizado. Peço-lhe, então, que seja um pouco mais subatantivo.
Exmº Joel,
Comecei por tentar, iniciar este comentário com um "Caro Joel" mas, lamentávelmente, as minhas luvas de pelica já se estilhaçaram, em vão, nas caras de muitos "Joéis".
Depois veio-me um simples "Joel" o que, em abono da verdade, enauseou me, pela simples ideia de uma proximidade ou afinidade, que o tratamento nominal faz pressupôr.
Daí o "Exmº Joel". Não pela reverência (que fique bem claro) mas pela distância e educação.
De jornalismo não entendo NADA! De televisão (vista por dentro) sou ANALFABETA!
Sou, pura e simplesmente, uma telespectadora das caixinhas de televisão, dos dias que passam e das gentes que vão desfilando.
Açoreana, sou-o, e de gema! E é nesta qualidade de pessoa-açoreana-espectadora e telespectadora que aqui venho falar!
Conheço o Osvaldo Cabral, conheço o Pedro Bicudo e conheço o Rui Vasco Neto. E quando digo "conheço" significa mesmo CONHECER, dos bancos de escola, dos jardins, dos fados e do fado e por isso, me "mexe com os bofes" a douta leviandade com que o Exmº Joel fala de pessoas como se de tremoços se tratasse (mordiscando aqui e cuspindo acolá).
Que o Osvaldo Cabral é "bom rapaz" - não duvido! Que era melhor pessoa antes do pelouro da RTP/A - é uma certa! Que é (e sempre foi) "muito amanhadinho" - niguém duvide! Que paga para não se chatear - é (e sempre foi) visível!Que gosta de agradar a "Deus e ao diabo" - só um cego não vê! Que adora Joéis a lhe lamberem o "sim senhor"! - toda a gente sabe! Qua gosta de dormir entre "sopas e descanso" ( de preferência à moda antiga) - é um facto que o mesmo assume.
Ex-excelente pessoa, actual boa pessoa. E como director da RTP/A.....???!!!! Alguém, de bom senso, pode duvidar que a "coisinha melhor" (salvo seja) que fez, foi criar Joéis, de mansinho, no marasmo do costume, não fazendo ondas nem agitando águas, enquanto o odor se ia instalando e os limos (que alimentam os Joéis) ia crescendo?
Contudo, a culpa não era nem foi do Osvaldo. A consciência e a culpa são da inteira responsabilidade de meia duzia de interesses e interessados que fabricam, sustentam e mantêm o marasmo conveniente à sustentação dos seus sistemas de vidas. E tudo isto em nome dos "Açores e dos açoreanos", devidamente aplaudidos por uns quantos Joéis "iluminados"!
Quanto ao Pedro Bicudo! Deixem o rapaz trabalhar porque força, garra, genica, princípios e ideais não lhe faltam!
Há oito meses que ele chegou! Não creio que seja, sequer, o tempo suficiente, para varrer a casa. É que se já há "sangue derramado" muito mais haveria de haver. Porque aquela casa (a RTP/A) não precisa de ser varrida. Precisa de ser lavada, banhada e desinfectada. Para isso é preciso muito liquído..... mesmo que se tenha de o ir buscar ao "sangue" (venoso e/ou venenos, de preferência), que mais não seja para, com os anticorpos, se tentar encontrar a vacina certa.
Por outro lado, talvez fosse importante lembrar, que o Pedro Bicudo tem trabalhado com um orçamento que já existia quando ele cá chegou (o de 2007). Isto é, tem trabalhado ele, em cima de um trabalho que não foi o dele. Tentado fabricar omeletes com os "ovos" por outros deixados.
Gosto do Pedro Bicudo e por uma razão simples - é tão igual (na sua essência) ao que era há quarenta e tal anos atrás! O que me faz acreditar que, se o tempo passado, não foi o suficiente para o fazer "vender a alma ao diabo" irá continuar pelo mesmo caminho - "comer o pão que o diabo amassou".
Oxalá ele tenha aprendido, no seu caminho, a comer "Joéis", "interesses", "sistemas"...
Desejo-lhe que não venha a ser mais uma vítima de boa fé, que o sistema criou para engolir "se sair dos eixos".
Quanto ao Rui Vasco Neto, o Exmº Joel, não é capaz de acertar uma! Na ausência disso, parte para a arma dos fracos, o ataque cobarde que tudo arrasta e confunde - discussão com sentimentos, conversa com insulto. Como se não bastasse mente, manipula e estrapula.
Ora vejamos: "Você não conhece o palpel histórico da RTP/A..." Não conhece o Rui, nem conheço eu, nem milhares de telespectadores que viram a RTP/A chegar aos Açores já com filhos nos braços e/ou criados e/ou netos e/ou alguns bisnetos, ou/e a fazer tijolo. Ou a história dos Açores só se começa a fazer, para o anedótico Joel, depois de 1976? Mandou, na sua omnipotência, apagar todos os registos (de nascimento e óbitos) dos açoreanos nascidos antes desta data?? Ou, pior ainda, todos os que antes da RTP/A, nasceram e se criaram nos Açores, fizeram-no alhei-os á história, da terra, do país, do planeta e do universo????
O que é que fez a Um Antero de Quental, Teófilo de Braga, Vitorino Nemésio (e tantos outros)? mandou-os matar como o Herodes fez com o Menino Jesus???
E o Exmº Joel (já agora) cresceu ao som do Vitinho, ou já era moçoilo quando a RTP/A chegou aos Açores???
Mas não se fica por aqui. Segue dizendo (referindo-se ao Rui Vasco Neto) e "sobretudo não conhece os Açores". Quanta arrogância, camarada, hem??? Como é que mediu isso?
Se o Rui Vasco Neto conhece ou não os Açores só ele sabe mas uma coisa eu e muita gente conhece - O Rui Vasco Neto deu-se a conhecer aos açoreanos, lidou com eles nas ruas, nas praias, nos passeios e nas valetas. Foi senhor e foi pescador. Viveu na cidade e na Maia. Galgou e sorveu a terra por dentro e por fora com a mesma paixão e convicção com que um verdadeiro filho reconhece e ama o seio de sua mãe.
Vi o Rui Vasco Neto cantar nas ruas, nas festas do povo, para o povo e como o povo. E o Exmº Joel, de que camarote espreita os Açores e as suas gentes?
Porque é que nos Açores muito mais gente conhece e reconhece um Rui Vasco Neto do que um Joel Neto??? (vai um referendo?)
Mas os seus disparates não ficam por aqui. Dizer que prefere o Pedro Moura ao Vidas Reais é um despropósito sem tamanho. Não me cabe, aqui, falar de audiências da sua importância, dos talk shows e das suas dificuldades.
Apenas e tão só fazer-lhe uma pergunta - se você tivesse que recomendar uma lição de português (saber falar a nossa língua é o primeiro passo para perceber a história) e só tivesse o Pedro Moura e o Vidas Reais para escolher, qual recomendaria????
O Pedro Moura (como todo o seu discurso indica) não fora a "criancinha" aprender algum "estrangeirismo" que o derrubace da poltrona instável de onde, a ajuizar pelo que escreve, neste momento se encontra.
Como despedida, apenas umas recomendações bem ouvidas nestas terras açorianos:
- "Panasorbe cura dor de cotovelo";
- "Dorme que isto passa";
- " Quem cospe para o ar cai-lhe em cima"
ou...mais genuinamente falando :
"Éme...vai-te catar!"
Atenciosamente
Lamento, de novo, o anonimato. Mas registo mais um voto para a televisão-Vidas Reais.
Obrigado pela sua participação, "pessoa-açoreana". Já agora, e como quer bom português, uma dica: açoriana é com "i". Tenho a certeza de que sabia.
"Joéis"
PS: Lamento que o debate tenha descambado para os julgamentos de carácter. Culpa nossa: minha e do Rui. Alguma coisa se aproveita, creio. Mas não acredito que, a partir do momento em que se usa este tom e esta terminologia, haja ainda alguma coisa a ganhar com isto. Um abraço a cada. Até à próxima.
Definitivamente, falta-me a paciência para intervir mas mais, ainda, para não intervir.
Por isso aí vai. Mas, desiludam-se os contendores que o que aí vai é mais reflexão do que certezas. Essas, guardo-as para os tolos.
Rtp/a? Ainda há? Desculpem a ignorância mas como nunca a vejo...
E isso é crime de lesa- açorianidade? Ou fuga ao que nem distrai nem educa e só cansa pela monocordia ( acho que não existe mas passa a existir, pelo menos para mim ) da repetição?
Era má? Não, era péssima! Deixou de o ser ? Continua a sê-lo? Piorou? Não me parece de todo viável.
Rtp2? Das duas uma: ou se desconhece a realidade cultural do país, em geral, e dos Açores, em particular, ou se pretende uma televisão "autista".
Que não há mal em ser-se "cidadão do mundo" e, ao invés, sai-se enriquecido - e bastante! - isso mesmo o prova e comprova Pessoa.
Que a cultura, em Portugal, é enfadonha e fossilizada, para mim é axioma. E que ninguém a serve pior do que os pseudo-intelectuais, ainda é mais axiomático. Deus nos livre deles e nos mate com a ignorância!
Que há muito boa gente a "comer" muito reality show e a fingir-se enjoado, isso é que há.
Eu também como, quando me apetece. E por que não?
Já comi lagosta demais para me ser legítimo ter vontade de comer chicharro. Se é que me faço entender pela metáfora. Agora, o que já conquistei foi maturidade intelectual que me autoriza a sair de um filme do Arrabalde e dizer " isto foi uma merda!" sem aqueles constrangimentos tenagers que me tapariam a boca e fariam escutar os que tinham percebido ainda menos que eu. De intelectuais está o país e o mundo por aí afora a abarrotar. E eu confesso, até que me apetecia ver o "vidas reais". Que me interessa se são reais ou irreais? Se têm mais ou menos verosimilhança? Tinham a necessária para sugerir a crónica de costumes e a crítica social. E ainda faziam rir. E, já Gil Vicente conhecia a eficácia da fórmula "ridendo castigat mores" e esgrimia magistralmente o cómico.
Eça, séculos depois, também a usou. Que há leitores que persistem em ver e enfatizar, n`Os Maias, por exemplo, o incestozinho sórdido e ignorar a excelente galeria de personagens de que o autor se serve para a crónica de costumes? Pois há. A torto e a direito.
A imagem , as mais das vezes, está nos olhos e não nos objectos, essa é que é. E mais vale não usar óculos do que usá-los com uma graduação inadequada.
Que se deve pugnar pela manutenção de uma televisão regional mas aberta para o mundo, parece que é ponto assente para todos.
Que a televisão, em nenhuma circustância, deve ser um feudo, como tem sido. Também me parece desejável. A informação, a distracção, a educação, enfim, a cultura, em geral, só beneficiariam de um dar as mãos e de um reconhecimento isento do mérito daqueles que a podiam levar mais alto. Sem bílis nem regionalismos atávicos.
pessoa açoreana,
mantenha o "e" sem pruridos. Aliás, tem mais lógica do que o "i", uma vez que, quando intervocálico, aquele tem o som deste.
Digo-o eu que já dei semiótica e linguística e... me lembro, apesar de há muitos anos.
E, depois, escreveu tanto e tão bem ( só não subcrevo o que se refere ao sr Joel por nunca dele ter ouvido falar ), que uma falha no seu discurso é liberdade e não erro.
Tem piada ! Depois de ler este post todinho, o que para os meus neurónios açoreanos (atrazadinhos!) pesa muito, vejo com surpresa que o sr. Joel acha que se estão fazendo julgamentos de carácter. Porque é que está sempre a falar no Vidas Reais ? Péssimo programa, mas belíssima apresentação de RVN. Sem ele, sim, o programa seria uma boa merda. Olhe senhor, não faça você julgamentos de carácter, que baixeza, Joel Neto !!
E aqui vai também uma dica para si : Açoreano pode escrever-se com "e", tanto faz, tem que ser é com A Maíusculo.
E já agora, se tiver paciência, diga-me : o que é que você fazia aqui na RTP-A ? Não me lembro de nada ... e olhe que vejo bastante televisão ! Imagine que até vejo muito a RTP 2 ! Quem diria, hem ? E você julgando que eu só via a TVI ! Ai, julgamentos ...
Exmº Joel
Pois é.....
Açoreana.....é mesmo com é. Reescrevo!
Açor(e)na.
Embora, se lhe reconheça a liberdade de escrever com i. Mas para informação aqui fica:
Açoriano (quando escrito com i) funciona como um código usado pelos adeptos do separatismo dos Açores.
E esta....hemmmmmmm? Pois é!!!! Será aí que iremos encontrar um Exmº Joel Neto?
Daí que perante a liberdade linguística e o espartilho/palas da ideologia subjacente, ao açoreana e/ou açoriana não tenha hesitado, por um segundo sequer, em escrever com (e). AÇOREANA, de gema - nacionalidade portuguesa- cidadã do mundo.
Exmº Joel...é o que dá ser fã dos programas do Pedro Moura. Eu não lhe dizia que nos Vidas Reais se falava melhor português????
Quanto aos "agradecimentos pela participação", lamento não os poder aceitar mas não lhe reconheço a anfitrianidade deste blogue, nem as boas vindas de dono desta casa, aonde se portou, desde o início, como uma visita insultuosa de carácteres.
É que nada descarrilou e/ou descambou. Ou será que lhe pesa ter ao "colo" o "menino" que você pariu e alimentou?
Mais um dito por terras açoreanas (insisto no (e)):
- Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele.
Mifá,
Muito obrigada pelos seus elogios ao que escrevi. Aceito-os e agradeço-os. Vindos de si, uma excelente professora de português, é uma honra.
Parabéns pelo seu e pela cabecinha larga (ausente de palas) que nele revela.
Minha Gente
Há dois quilómetros atrás, fiz uma intervenção jocosa, é verdade, sobre o assunto problemático, que envolve cachorros e gatos de dentes e garras afiadas e, à mistura, muitos ratos escondidos a tremelicar de medo com o "burburim e alevante", mas de orelhas espetadas, silenciosamente à espera que tudo volte à velha calma, para depois, famintos se deliciarem com as migalhas de saborosos miolos de pão e côdeas de queijo que sobejaram na tábua aonde entretanto se entornou muito vinho.
Eram cinco da manhã, (a vida de músico tem dessas horas) quando consultei o blogue do amigo Rui, a correr, como sempre, na altura, obviamente ensonado, só me ocorreu o "estralar" de uma bomba com um foguete a ficar todo queimado.
Foi horrivel! Tive uma tremenda noite de pesadelos. Passei horas a sonhar que as minhas orelhas eram duas grandes antenas de televisão Uma no Pico da Barrosa e outra Na Lagoa de Fogo. Mas o pior não foi isso. Muito pior foi, durante este pesadelo, ver as minhas ricas orelhinhas infestadas de carrapatos. Foi horrível. De imediato fui à praia grande da Agua D'Alto dar um mergulho para lavar as antenas. Piorou. Fiquei com meia dúzia de lapas, que me tapavam os ouvidos na maré cheia e os desobstruiam, por conviniência na maré rasa.
Quando acordei, abri o olhos e sorri. Ainda bem que não me afectaram a visão. É certo que perdi a manhã de um domingo azulado com pesadelos indecentes, mas afinal ainda me sobrava o resto de um dia. As antenas não eram minhas e os carrapatos tinham tomado conta delas para seu proveito próprio. Tudo o que era meu, eram sómente duas pequenas orelhinhas normais, devidamente limpinhas e desinfestadas.
Sentei-me, tirei a viola do saco, deliciei-me. Depois peguei na guitarra portuguesa e aprendi a chorar com ela. Entre as treze e as catorze, namorei com músicas dos anos 60, canções regionais, cancões de intervenção Pink Floyds, cantares às Estrelas, São Joaninhas, mas a minha paixão era, de facto, o fado. às duas da tarde, casei-me com ele.
Das 14 às 19 horas tive intervenções em 43 trabalhos discográficos, incuindo ainda 2 LPs e 2 Singles em vinil, 7 cassetes, e 23 produçõas de CDs alguns deles a solo e ainda cerca de 50 inéditos registados na S.P.A.
Penso que devem andar a esta hora pelos Açores à volta de 50.000 cópias de alguns trabalhos musicais que têm o meu nome, o que me torna feliz pois equivale a cerca 20% da população Açoriana.
Amigos: Recordo que a caixinha mágica açoriana, nem ao lançamento do último Cd a solo que fiz com Piedade Rêgo Costa, (Aqui Também se Faz Fado) se dignou a compareçer, mesmo tendo, eu próprio, enviado convite. Este CD chegou a ser lançado em Lisboa por convite da casa dos Açores e esgotou-se rápidamente.
São 19 horas. Ainda faltam cinco horas para acabar o dia. Que sorte! Ainda me sobra mais algum tempo. Tenho que aproveita-lo.
Rui: Só te posso agradecer o spray de frontline com que pulvorizas os carrapatos. Quanto às lapas, gosto delas fresquinhas e até as como ao pequeno almoço.
PS - Continuo ainda a acreditar na competencia de Pedro Bicudo e principalmente na sua honestidade. Sou suspeito, por ser conterrâneo e amigo de infância dele, mas creio que há grandes barreiras de interesses que ele próprio dificilmente poderá ultrapassar, se não tiver o devido apoio e cobertura para tal.
Caro Joel,
São neste momento 20:57. Às 16:08 você escreveu «Também tenho moderação de comentários nos meus blogs. Não costumo, porém, gerar e alimentar debates nas secções de comentários. Fazendo-o, você apenas publica os argumentos opostos aos seus quando já tem resposta para eles – e, portanto, nem um só leitor pode respirar sobre os meus argumentos, que de imediato já tem os seus em fecho de acto. Não me parece uma boa prática.»
Passaram quatro horas, quase cinco. Espero que seja avanço suficiente para a respiração que lhe faltava.
Gostava de ter a certeza que não perdemos de vista aquilo de que estamos a falar. Um breve resumo, pode ser?
1. O Joel escreveu um artigo no AO onde fala da minha vida, da minha terra, da minha arte, da minha RTP, da minha gente, do meu futuro e da minha profissão, que diz ser a sua, embora sobre ela tenha generalizado o seguinte preconceito, a propósito de Pedro Bicudo: «o jornalista, como sempre fazem os jornalistas quando chamados a cargos de “responsabilidade”, fez-se mais papista do que o papa, guardou a chave da casa de banho no bolso e gritou: “Aqui quem manda sou eu!”.»; no entanto, outro também jornalista e também director já só lhe merece elogios: «A direcção de Osvaldo Cabral era despesista? Admitamos que o era. O alinhamento da estação de Osvaldo Cabral tinha maus programas? Admitamos que os tinha. Mas havia uma estação. Havia uma programação. Havia açorianos na televisão dos Açores.»
2. Com ponto de partida nesse seu artigo eu escrevi este “Erre tê quê, Açores?” e tive o cuidado de o contactar minutos depois da publicação a oferecer-lhe o espaço que desejasse para alimentar o debate que você mesmo solicitou «temos que mobilizar-nos. Mas mobilizar-nos já. Porque a RTP/Açores vai acabar. É uma questão de tempo.» e a convidá-lo a comentar, acrescentar, corrigir, enfim, aquilo que entendesse menos correcto na minha reflexão. O Joel responde com um primeiro comentário que diz «É uma visão do problema, de facto.» A segunda frase já tem o verbo ‘imagino’, que fará o resto da conversa. Imagina que eu não sei nada da RTP/A e imagina que eu não sei nada de Açores; e por isso fecha o parágrafo a sacudir-me dos ‘Açores que pensamos estar a construir’.
No parágrafo seguinte entra finalmente no assunto? Não. Põe-me no sítio, introduzindo o grande argumento, demolidor: «Uma coisa nos dividirá sempre: eu acho que televisão é mais do que gráfico de audiências e mais do que o-maior-espectáculo-mundo. Já você tem como face mais visível da sua actividade, sem bem me lembro, a apresentação do “Vidas Reais” (http://static.publico.clix.pt/tvzine/critica.asp?id=1911), que passou há uns anos na TVI.»
Daí para a frente, confira por favor, até ao final do comentário, é de Vidas Reais que fala.
Paternalista e superior, lembra que «Não somos do mesmo campeonato nem falamos no mesmo plano.» e na última frase do comentário ainda não disse nada, só imaginou, sempre:«a sua visão é provavelmente a mesma do Pedro Bicudo. E, como você gostaria de fazer, também ele acabará por fechar a loja».
3. O seu segundo comentário tem 7 palavras suas ('Estamos de acordo nisto' e 'Já é alguma coisa'). As restantes, com as ideias e a proposta de discussão, são minhas: «"Entendo fundamental, essencial, vital para a vida da Sua terra onde eu me atrevi a nascer, a existência de um canal sério, independente, consistente na identidade cultural única dos Açores que transmite à região e capaz de unir a meia dúzia de gatos que somos acima das palermices de café que fazem a nossa distância uns dos outros com anedotas e estereotipos parvos para os açorianos de cada ilha, decididos por pessoas com jeito para ler o carácter e o conhecimento dos outros, como o meu caro Joel fez comigo. É essa a televisão que eu defendo, verdadeiro serviço público que os açorianos merecem e são capazes de fazer, logo que percebam que a RTP-A é preciosa demais para ser um brinquedo para a vaidade balofa e amadora de meia dúzia de pavões que não fazem nem deixam fazer."» O Joel diz que está de acordo. Ponto.
4. Às 12:17 de hoje o Joel repega a conversa, manda abraços no 1º parágrafo e desanca na minha deselegância e no Vidas Reais outra vez durante mais quatro parágrafos. Confira, por favor. Depois diz o que não quer e repete-o:«não quero uma RTP/Açores capaz de sustentar-se a si própria.» fala de si e de frases feitas « embora os anos me tenham transformado essencialmente num liberal, acho que o Estado ainda tem alguns papéis a desempenhar. E um deles é, seguramente, o de reforçar a criação de laços entre 250 mil pessoas que lhe asseguram a soberania sobre um território onde, apesar da imensa beleza, nem sempre é facil viver.» E assim resume o seu pensamento estratégico para mais e melhor televisão na região, imaginando na passada:« O Rui acha provavelmente que deveria fazer-se nos Açores uma estação como a SIC e/ou a TVI. Eu acho, e isto para usar apenas os exemplos mais fáceis (muitos outros há), que temos de fazer uma RTP2, ainda que com publicidade.». E pronto.
Como se faz, com quem, com quê, com quanto, com que programação, com que linha programática, são minudências que se escusa a revelar-nos, a nós, os mobilizados. Por seu apelo, recorde-se.
5. Na resposta, entre muitas e mais relevantes coisas que eu disse para a conversa, escolheu o Joel uma palavra que lhe deu mote: assessores. Vejamos o facto. Eu disse: «E espera o meu caro que uma sociedade, micro ou macro, cresça e evolua sem essa massa crítica, que vai buscar o seu suporte à livre iniciativa privada se não quiser ficar refém de um governo regional que já dá emprego à fina flor do jornalismo da terra (quer os nomes dos assessores em exercício, ou sabe-os de cor?).». Foi o bastante para o Joel ver mais longe: «Percebo o seu rancor com os jornalistas tornados assessores. É comum. Não o partilho, porém.» Metade da sua última resposta para mim é dedicada a glosar essa suposição de rancor e a defender o que ninguém atacou, chegando a ser hilariante, de facto: explicar as assessorias de imprensa com « contribuir para a causa pública comum sempre que, sendo chamado a isso, sente o impulso e/ou o dever de corresponder.» é de gritos, ó colega! (Nota: o ‘sempre que’ suponho eu, que lá está só ‘sepre’, mas já que escreve açoriana com ‘i’ eu próprio presumi o lapso e fiz a correcção…).
Só isto seria já mais que suficiente para eu lhe apresentar as minhas desculpas quanto ao assunto da outra metade da sua resposta. Ao piscar-lhe o olho com o ‘puta velha’, eu cometi uma injustiça, já que o meu caro Joel é evidentemente ainda novo. Lamento se o ofendi, não era intenção.
Fora isto e mais duas ou três banalidades , o Joel não acrescentou uma única ideia para o tal debate que queria tão desesperadamente a favor dos Açores e dos açoreanos (há sempre a possibilidade de eu não saber escrever tão bem como você, o que é que acha?). Nem uma. Só palha.
6. Eu percebo que seja o diabo esgrimir argumentos com o gajo que apresentou o Vidas Reais, essa pecha, «Coisa que, digo-lhe, eu não referiria aqui se se tivesse tratado de um acidente de percurso, apresentado para sobreviver.» , em vez de botar figura de inteligente nas páginas do jornal da sua rua, onde à partida não se admite que o não seja. Contraditório para quê, crítica para quê, opinião diferente para quê? Afinal você anda «a escrever sobre os Açores e para os Açores há quase vinte anos, apesar de ter de ganhar a vida de outra maneira», é de ‘outro campeonato’ e fala ‘de outro plano’, o que disser não se discute.
Também percebo essa parte, melhor do que julga, porque ao contrário do que pensa eu conheço os Açores o suficiente para saber que essa pose até pega. Homem, se o Natalino Viveiros institui, atribui, entrega e recebe ele próprio o Prémio Revelação de jornalismo há três anos, numa cerimónia do seu próprio jornal, porque raio não há-de você ser uma sumidade em jornalismo e televisão?
Meu caro Joel,
Não foi uma experiência agradável, esta de tentar conversar televisão e Açores consigo. Goste ou não de ouvir, o Joel foi ofensivo comigo no que disse e no que implicou às suas palavras e opiniões sobre mim. Não fui indelicado consigo. Falou de chantagem emocional, rancores, talk shows e ignorância, a minha, claro. Eu falei de RTP/Açores, certo ou errado. Você falou de Vidas Reais e de bugalhos. Tentou com maldade conflituar, descontextualizando, observações minhas relativas a assessores de imprensa, Pedro Moura, Osvaldo Cabral, Pedro Bicudo e outras, como quem precisa de aliados numa cruzada contra o infiel que ataca os Açores. Foi, na minha opinião, intelectualmente desonesto, profissionalmente rasteiro e humanamente medíocre. Arrogante e professoral no lapso dos outros. Lapidar na frase, mas oco no raciocínio. E branco de ideias.
Muitos, mas mesmos muitos caracteres depois, chego à conclusão que lhe devo desculpas. Vi nas suas palavras um apelo sério à reflexão de um não menos sério problema regional. Vi em si um pensador que pede matéria de reflexão.Enganei-me. Sem o querer ofender, honestamente, parece-me agora que não passa de mais um pretenso iluminado da raça pura, chateado e ressabiado porque o puseram no olho da rua de uma casa que achava pertencer-lhe. Por direito de berço. Deslumbrado com a sua própria importância. E a destilar fel que lhe tira toda a credibilidade para mim. Jornalista, talvez, se você o diz. Mas numa coisa tem razão, caro Joel: não somos de todo do mesmo campeonato. Você é muito, mas mesmo muito melhor do que eu.
Aceite, por favor, os meus mais cordiais cumprimentos.
Pessoa "Açoreana" etc.
Peço desculpa, mas está enganada. A FLA é que usou sempre "açoreana", e as empresas comerciais e industriais quase sempre.
O sufixo de naturaliadade ou residência "ano"/"ana" junta-se ao radical fazendo cair a última letra, por exemplo quando esta é "o", como no caso "alentejano". Quando há necessidade de o ligar ao radical por uma vogal plástica, esta é sempre "i". Por isso, "açoriano". A terminação "eano" só aparece se o radical acaba em "eia", como "coreano" e "kampucheano".
E agora pasme: não há "picoenses". Toda a gente escreve assim, mas deveria ser "picuense", porque o "u" é a outra vogal plástica que se usa. Tal como em portuense ou marcuense, por exemplo.
Se não é separatista e preza o Português, escreva, pois, "açoriano". E tu, Rui, não te esqueças que a lição é para ti também. E não tens nada que agradecer. (Chamo a atenção para o facto de eu não conhecer ninguém com a idade do Joel que saiba tanto Português como ele.)
Ai Mifá, também lhe caiu o dedo para o "e"! Espero que tenha em atenção o meu comentário. E não se ofenda, por favor, que a verdade nunca deve ofender.
Um abraço do Daniel
daniel,
Agradeço a lição mas remeto-te para todos os meus comentários (e texto incluído)até ao remoque do nosso Joel. Dou-te um doce por cada açoreano que encontrares. Não encontras nenhum, assim como não encontras nenhum remoque agressivo, cagão e desnecessário a um pormenor que, pese embora a sua importância, na circunstância era despropositado. Imagina que eu, para te responder, insinuava que tu não sabias escrever 'sufixo de naturaliadade '. Ridículo, certo? Um engano é um engano. Um remoque destes, na circunstância, é desculpa de mau pagador e fuga para a frente.
Estarei enganado, meu amigo?
Mas afinal, Sr. Joel, quem é o responsável pelo possível encerramento da RTP-A ? O Pedro Bicudo, que agora chegou, vindo de longe ? O Rui Vasco Neto que nunca lá trabalhou ?
Vá lá, seja honesto e diga lá o que pensa, mesmo a sério.
Volto aqui para dar com esta confusão entre açorianos, gente que devia estar unida em torno de uma causa comum. Sr. Joel Neto, se começasse outra vez? Sem arrogância e superioridade, desta vez? O Rui não o merece, quis contribuir para um debate sério desde o princípio, mas lá que escreve a doer quando lhe chega a mostarda ao nariz, isso é verdade. Mas escreve açoriano com i, veja lá bem no texto..
Entendam-se meninos. Os Açores precisam de vocês no vosso melhor.
Beijinhos aos dois.
P.S. - Fiquei sem saber a opinião do Sr.Daniel de Sá, e espanta-me que ele não tenha uma. Afinal o que fazer com a RTP Açores, Sr. Daniel? Não nos quer dizer?
Foi "naturial" eu ter-te dedicado também o amigável puxão de orelhas porque mostraste estar de acordo com a nossa amiga Mifá, sem excluíres nada do que ela disse.
Ana Paula
Eu tinha reservado falar disso para quando tivesse mais tempo disponível, para dizer o que penso e por que razão o penso. Mas, se um simples sim serve para já, fique claramente dito que SIM. Sem qualquer sombra de dúvidas. Embora muito mais pelo que foi e pelo que poderá e deverá vir a ser do que pelo que vai sendo. (Mas fique desde já dito também que confio plenamente nas capacidades do Pedro Bicudo. E não é por ele ser filho de um Homem daqui da Maia.)
daniel, meu querido nim de serviço,
A única coisa que eu excluo numa discussão séria são as bocas para patego olhar o balão. Confrange ver uma discussão que supostamente procura soluções para um qualquer problema maior empacar em merdas que não acrescentam nada ao assunto. Faz lembrar a Assembleia da República, quando os deputados gastam o período antes da ordem do dia a discutir a alteração à ordem do dia que, quando finalmente é aprovada, chega no fim do dia e já não há dia para a ordem do dia. Fiz-me entender?
Daniel,
ao incentivar a manutenção do "e" em "açoreano", recorri a dois argumentos, a saber:
1º "tem mais lógica do que o "i" uma vez que, intervocálico, aquele tem o som deste";
2º " e, depois, escreveu tanto e tão bem que uma falha no seu discurso é liberdade e não erro".
Como vê, não foi , sequer, ponderada a dicotomia certo/errado. Que, a falar verdade, em matéria de linguística, a barreira entre um e outro conceito está cada vez mais esbatida. E, mais, as mutações são tantas e tão rápidas que os linguistas se eximem a certezas.
No entanto, reconheço e aceito como justa e fundamentada a opinião do Daniel. Não posso , porém, deixar de pensar em tantas situações do âmbito da fonética e da fonologia que são bem mais absurdas do que o erro (?)cometido pela "açoreana". Se pensarmos, por exemplo, na quantidade de fonemas que não correspondem a grafemas ( mesa, exército, exige, eminente, para só citar pouquíssimos) que legitimidade temos para considerar " açoreano" incorrecto, quando, afinal, a palavra raíz é Açores ( bem sei, o Daniel fez-me rever a regra de aplicação dos sufixos de naturalidade)? E como escrever: "pai" ou "pae"? Também o factor antiguidade a contar. Enfim, certezas só sei que não tenho nenhumas ( sem querer parecer demasiado socrática).
Um professor de faculdade que leccionava
a cadeira de sociolinguística, garantia-nos que não sabia delimitar sílabas. Estranhava-o, na altura. Agora, passados muitos anos, percebo-o. Ele gozava do mesmo estatuto que permite considerar um pleonasmo um recurso expressivo e não um erro (desde que se tenha o reconhecimento de escritor de gabarito).
Ou, ainda, socialmente falando, o mesmo processo mental que nos faz designar uma ladra ou uma cleptomaníaca. Ou uma ninfomaníaca ou uma ...
Pois é, Daniel, fugiu-me o dedo para o "e". Vai deixar de fugir, asseguro-lhe, não por me ter convencido com a morfologia, mas sim com a semântica( refiro-me às conotações inerentes ao "e").
E, agora, espero não me ter fugido o pé para o chinelo, que ele às vezes é danadinho para o ourelo. Só porque o Daniel, que eu me habituei a respeitar pela simpatia e cavalheirismo, não o merece.
Sei reconhecer quando são os maus bofes a ditar os ... ditames.
Um abraço.
Tenha uma noite repousada (ou será repouzada?).
daniel,
Eh, corisco, o meu último comentário foi escrito antes de ver a tua resposta à Ana Paula Azevedo.
Cá para mim já eras nim antes, que queres?
Meu caro Joel,
Sou um gajo distraído. Que quer o meu caro, nasci assim. Faço-me às liças sem querer saber quem são os galos, ignoro e desprezo, no mais das vezes, o imenso poder da Internet, esse palco onde o mundo vai às compras e vende conversas.
Intrigado com a nossa conversa, identificado por natureza que estou, fui ao Google saber com quem falava. Há de tudo como na farmácia, no Google. Encontrei Joel Neto à primeira, foi de rajada.
Fui directo ao seu blogue 'Joel Neto' e li o seu extenso curriculum vitae. Corei de vergonha, caríssimo. Devo-lhe desculpas de joelhos. Só de pensar que estive aqui, eu, alguém que desceu ao ponto do Vidas Reais, a querer terçar argumentos e discutir 'i's com um ex-colaborador das revistas 'Volta ao Mundo' e 'Maxmen', colaborador eventual dos mais diversos jornais, revistas, rádios, televisões e sites noticiosos; ex-editor, chefe de Redacção (Revistas e Suplementos) e redactor principal do jornal Correio da Manhã, e, sobretudo, um ex-editor de desporto e colunista do jornal 24 horas. Não tenho palavras, de facto. Ainda por cima a viver em Lisboa, um tal paladino da açorianidade. Jornal 24Horas, portanto. Fale-me lá outra vez da RTP2, da qualidade, da deontologia, por favor, de jornalismo e de jornalistas, que eu sento-me aqui a ouvir. Meu Deus, onde tinha eu a cabeça? Perdoe-me Joel, consegue?
(http://www.joelneto.blogspot.com/)
"Os Açores são a minha terra, o meu lugar no mundo e a minha obsessão primeira, mas por outro lado há uma parte de mim que quer conservá-los exactamente como o eram em 1992, o ano em que fiz deles sobretudo um local de regresso".
Joel Neto
aqui:
http://joelneto.blogspot.com/2007/11/crnica-muito-bons-somos-ns-os-meus.html
Querida amiga Mifá
Pode ter a certeza de que escrevi aquilo com um sorriso na alma. Sem qualquer intenção de me armar em mestre, mas é defeito meu corrigir seja o que for que me pareça errado. Tanto mais que, para confusão, já basta as que há, não é? Mas chamo-lhe a atenção para o facto de que a raiz de "açoriano" não é "Açores" mas "açor". Se assim não fosse, teria de dizer-se "açoresiano". Caiu-nos o "es" como aos transmontanos... (Pode considerar "Açore", mas nada muda, como concluiu.)
Ainda com referência ao rigor fonético na transcrição, talvez saiba que no final da Idade Média o "o" do ditongo nasal final é que era nasalado, por isso se escrevia "naçaõ", por exemplo. E deve ser por essa pronúncia antiga que ainda há os que dizem "O Porto é uma naçaõ."
Rui, eu tinha algo a tratar com o Joel que nada tem que ver com isto que se vai passando aqui. Refere-se a algo em que vamos colaborar um com o outro. Ele deu-me uma resposta curtíssima, porque está com trabalho talvez para a moite toda. Por isso muito provavelmente nem sabe o que se vai dizendo por aqui. Só te digo uma coisa: se o conhecesses, poderias tê-lo até como grande amigo. E a simétrica também é verdadeira: se ele te conhecesse, decerto te quereria para amigo. Agora depois deste fogo cruzado... (Mas se for preciso alguém para garantir a honestidade intelectual de um e outro, aqui estou eu. Com plena convicção.)
daniel,
O mal destes ruídos na comunicação causados por inseguranças patetas é que nos distraem do essencial, o objecto da discussão. Foi para falar de RTP Açores e não do umbigo dos seus colaboradores que eu escrevi este texto. Continuo a querer falar de RTP Açores se houver assunto. Com o Joel ou com quem quer que seja que me respeite no diálogo. Agora, meu amigo, pesa aqui um factor que me escapa ao controlo: estou velho. Tenho cabelos brancos na cabeça e em sítios inconfessáveis, já. E não andei quase três décadas a fazer televisão, rádio e jornais, nos principais meios de comunicação deste país, encrençado numa arte que adoro e numa profissão que defendo, para levar roda de imbecil do primeiro que apareça por ter apresentado um programa de entretenimento que aconteceu ter sucesso. Mas, se tivesse de acontecer, nunca poderia ser dada por alguém que assinou textos no 24Horas, esse pilar de seriedade informativa. Enfim, sempre tem a Maxmen para compensar, é certo.
Ao fim de tantas linhas, fiquei apenas a saber que o Joel Neto é da idade da revolução dos cravos, que sabe muito português, que fez uns programinhas na A, que açoreano se escreve com i, que o RVN é lixado, que a Ana Paula trabalha em publicidade, que um tal Alf é músico, uma tal Mifá é setôra, que o Daniel sabe muito português também e é amigo do Joel e do Rui e ... "deicha-me pençar" ... mainada !!! Boa noite
Daniel etc,
Não foi por acaso que eu deixei falar quem sabe do assunto primeiro. A doutora Mifá que o fez de forma brilhante, com a sapiência da língua e a latitude da linguística.
Onésimo Teotónio de Almeida (escritor açoreano e coordenador do departamento de língua portuguesa na Brown University)escreveu que "o significado de uma palavra determina-se pelo uso que dela se faz". E a verdade é que há dois significados para o uso de açoreana e açoriana.
Ao contrário do que diz açoriano com "i" é que tem conotação com o movimento separatista FLA e isto pelo envolvimento, directo e descarado, feito pelo Jornal Açoriano (com "i") Oriental, na época.
Na verdade a voz viva, maquiavélica, traidora e despudorada da FLA fez-se ecoar pelas mãos de um paspalho flazeiro (Gustavo Moura)através das falsidsades noticiosas e do jornalismo de treta do seu "Açoriano (com "i") Oriental"
Foi aí que nasceu o tal código....
Açoriano com "i" é o simbolo do que - à semelhança do "Açoriano Oriental" dá voz à "filosofia" separatista.
Açoreano com "e" simboliza a universalidade do povo açoreano que assim e com "e" se faz ecoar por este mundo de Deus escrevendo, nas tascas, nas ruas, nos produtos e nas gentes "açor(e)no" (com "e". Nascido ou/e vindo dos Açores - nacionalidade portuguesa.
Foi o uso da palavra "açoreano" e "açoriano" quem determinou o seu significado!
Como sabe a FLA esteve ao serviço dos interesses de meia dúzia de senhores feudais, os únicos que tiveram acesso à gramática, aos sufixos e prefixos, à verdade gramatical do uso do "e" ou/e do "i". Estes sim! Sabiam e usavam o açoriano (com "i"). Falando e escrevendo o portugês correcto, com a mesma intensidade com que traiam e menosprezavam os "açoreanos" da fonte histórica do "boca a boca", do uso e dos costumes, da clara até à gema!
É nestes que eu estou! Açoreana com "e"! Repito - AÇOREANA!
A dado momento diz "se não é separatista...."! Meu caro, quem se diz conhecedor minucioso da língua portuguesa, como o Daniel, tem por dever, minímo, saber interpretar a escrita. Se o não faz.....o problema é seu! Decididamente, eu não necessito da sua ajuda interpretativa para saber quem sou! Como, estou certa, não necessitarão os leitores que aqui vieram ler as palavrinhas todas, sem a ideia fixa de ver um ponto, uma vírgula, um sufixo ou um prefixo que servisse de pretexto para a defesa (indefensável) de um insultuoso, arrogante e despropositado Joel Neto.
Mas tudo isso, em si, é perceptível quando diz e assume que não conhece ninguém, da idade do Joel, que escreva tão bem português! Assim, como se escrever bem português, fosse apenas e tão somente, colocar as palavras e as virgulas na conjugação perfeita da falta de ética, ao serviço do insulto gratuito, banal, infrutífero e daninho!
É uma ideia...a sua! Que, óbviamente, eu não compartilho!
Mas entende-se e percebe-se quando você diz "é defeito meu corrigir seja o que for que me pareça errado" e para si, o "errado a corrigir" seja prefixos, sufixos, "es" e "is" esquecendo-se do essencial - os protagonistas e a moral da história!
Que neste caso, e pelas mãos dos "seu" Joel foi um chorrilho de esterilidade e de insultos, a diferentes alvos, a pessoas de carácter e de bem e que o Daniel (apesar de se dizer amigo) não levantou um só dedo para "corrigir" ou tentar por na ordem.
Vai ver que, é por estas e por outras, que já há uns tempos atrás, nem uma formiga, se atrevia a por um filho seu na sua catequese!
Cordialmente
Pessoal
Por favor, deixem-se disso. Lembro-me e confirmo que realmente no célebre verão quente de 75, de facto, o Jornal Açoeano Oriental perdeu um "e" e ganhou um "i". Tinha eu só 16 anos. Mas... Em que é que isto contribui agora para a minha felicidade? Falem da Rê Tê Pê - Açores, por favor, falem. Voltem ao tema.
Afinal o Rui e o joel são é jornalistas e não professores de português (acho eu). Apareçam mais opiniões sobre o essencial deste blogue
Da discussão é que nasce a luz. Eu preciso de ver luz, muitas luzes. Mas daquelas que são ilumiladas pelos focos da nossa Érre Tê Quê? Ai, sim Açores.
Picardias são giras, mas... Vá lá. Lembram-se do tal vizinho que o Rui Vasco Neto conheceu que até era um gajo porreiro e apareceu com um sorriso disposto a emprestar-lhe o martelo? Querem uma musiquinha de fundo?
Vamos com fé, meninos.
Eu era capaz de ir tocar um fado (de graça, como o costume) à minha estação de televisão se surgisse aqui um comentáriozinho do amigo Pedro ou Osvaldo. Bem confirmada a sua autenticidade, não me venham cá com merdas, que estou farto de ser enrolado.
Meus senhores, todos os que por aqui passaram e opinaram:
A todos os meus agradecimentos pela participação neste round. O combate, se o houver, será longo, estou certo. Mas estou igualmente seguro que não é em silêncio que se vence neste assunto. Não sou nem ninguém é dono e senhor da razão. Mas é da opinião de todos aqueles que vivem o luxo de não ser o Director da RTP/A, com a obrigação de decidir e acertar sem falha, que pode nascer a ajuda necessária que nenhuma sondagem da tanga pode dar.
A saga continua, haja heróis. Mais construtiva, de preferência. Aos que tiveram a coragem de assinar, cumprimento-os em particular. Sempre respeitei os tomates dos outros, pese embora as chatices que os meus me trazem. Ordinário? Não. Nomes aos bois, agora e sempre.
Parafraseando o nosso Joel, um abraço a cada um. Os meus são sinceros.
pessoa açoreana,
quero agradecer-lhe o elevado conceito profissional em que me tem e felicitá-la pela sua coragem.
Continuo a subscrever muito do que diz, nomeadamente no que concerne à FLA , seus caciques e respectivos órgãos de comunicação, de entre os quais destaca (e muito bem) o Açoriano Oriental de então.
Um abraço.
caro Daniel,
não se iniba: corrija-me quanto e quando lhe apetecer.
Não lhe disse já que tenho ( graças a Deus) cada vez menos certezas? E então no que respeita a essa coisa chatíssima ( entediante, pronto) que é a linguística em geral, e a fonética em particular! Nem sei como as suporta!... Como deve saber, há um contencioso latente entre o pessoal de literatura (minha especialidade) e o de linguística. Talvez porque esta seja o esqueleto e aquela, a carnadura. E, pessoal de literatura a gostar de esqueletos, hum... confesso que só estou a ver o Soares de Passos no seu Noivado do Sepulcro e mais uns malucos que o precederam.
Por isso que lhe admiro, ao Daniel, a versatilidade.
Um abraço.
Rui,
pronto, prometo não empeçar mais o caminho. Afasto-me para dar lugar a quem sabe do assunto: a rtp/a, salvo erro.
Quo vadis?!
Joca.
"Caro Rui Vasco Neto,
Li atentamente toda a caixa de comentários do post que escreveu sobre a RTP-A (até à hora que escerevo, evidentemente) e digo-lhe sinceramente que, apesar de ter tido vontade de comentar no começo, neste momento já não tenho. Um dos seus últimos comentários (aquele mais elaborado em que enumera alguns pontos) resume quase tudo o queria ter dito.
Relativamente ao tão desejado debate sobre o futuro da RTP-A, tal como previa, não aconteceu, porque debate pressupõe duas partes a discutirem o mesmo assunto. Mas registo com agrado todos os contributos que deu para o tema que queremos debater. Na altura em que escrevi este post, poucos contributos construtivos tinham sido postos em cima da mesa, tal como referi, mas o RVN enriqueceu o debate com ideias de como fazer da RTP-A um canal viável, mas que seja ao mesmo tempo, serviço público para os açorianos.
Tenho pena de não poder contribuir mais para este debate. A minha opinião é a que manifestei. Sou apenas um telespectador, não conheço o interior da televisão. O que posso fazer é ouvir (neste caso é ler) o que as diferentes partes têm a dizer sobre o assunto e daí retirar algumas conclusões. Pena que neste caso, apenas uma parte tenha mostrado os seus argumentos. Mas haverá outro lado? Haverá forma de contra-argumentar o que disse? Quero pensar que sim, mas receio que não. Receio que o outro lado esteja de "rabo preso", por isso resvala para o ataque fácil (se bem que elaborado).
Por isso, aceite os meus mais sinceros cumprimentos e deixe-me que lhe diga que espero vê-lo de regresso ao ecrã ao mais rapidamente possível, se for esse o seu desejo. E melhor seria que fosse na sua, na minha, na nossa RTP-A. Um abraço."
Este comentário foi feito no blogue Máquina de Lavar (a ligação está nesta lista de favoritos, que aproveito para agradecer ao RVN).
Ó pessoa açoreana etc.
Em que parte do que eu disse você viu motivos para usar essa linguagem? Que é que sabe da minha catequse, se, e sou obrigado a proclamar o que não seria para aqui chamado, por acaso é precisamente o contrário, tanto as crianças como as mães apreciam muito o modo como são as minhas aulas de catequse, em que se fala de tudo, desde os magos que não terão ido a Belém até o que é o ozono, a clonagem, o ADN ou a evolução, quantas vezes corrigindo ideias mal ensinadas ou pelo menos mal aprendidas.
Essa foi ofensiva. Relevo-a pela ignorância que demostra dos factos.
Que eu não corrigi os meus amigos? Que não me atrevi a tal? Não lavo roupa suja em público, muito menos de outros, e o que tive de dizer ao Rui e ao Joel disse-o em correio particular. Que qualquer um deles está desde já autorizado a transcrever aqui, se a sua curiosidade for igual à sua incompreensão.
Minha amiga, da FLA sei eu, infelizmente. Até me terem feito correr risco de vida, por calúnias do "Açoriano Oriental". Que tem o título assim porque assim nasceu. Se não sabe, fica a saber que o gentílico "açoriano" é pouco mais velho que esse jornal. Até meados do século XIX dizia-se simplesmente "dos Açores". E insisto que "açoreano" era de uso de gente da FLA. Ainda hoje escrevem assim.
Teria sido muito mais elegante da sua parte perceber, como a Mifá, que não houve qualquer vontade de protagonismo. Seja açoriana como quiser, com "e" ou com "i", que não tenho nada com isso. Mas seja delicada e honesta. Aquela da catequese não lhe perdoo. Encontre-me alguém, que tenha sido meu aluno ou aluna da catequese, e que diga que não gostou de o ser. Ou alguma mãe ou pai. Dou-lhe a minha palavra de honra que, se encontrar alguém nessas condições, deixo de ser catequista. A não ser que se trate de pessoa obviamente desonesta, como não duvido de que seja o seu caso. Pelo menos hoje foi.
P.S. - Já alguma vez me ouviu dzer ou escrever isto: "Meu caro, quem se diz conhecedor minucioso da língua portuguesa, como o Daniel"?
E não ando para aqui a corrigir ninguém. Aquela veio numa discussão que não fui eu quem a provocou.
Já gastei demasiado tempo. Mas há coisas que ultrapassam os limites do razoável até ao absurdo. Estava-me reservada esta hoje, paciência.
Puxa!!! Afinal no Daniel sempre existe um mafarriquinho. Pequenino, pequenino. Mas lá que existe, existe.
PS2
Com a má disposição cometi uma série de erros. Não os corrijo. Isto não é de facto uma aula de Português. E, uma vez que as ideias é que contam, talvez nunca mais valha a pena corrigir.
daniel,
Embora seja desnecessário afirmar aqui que entendo ter sido aquela frase da catequese um dos momentos mais infelizes do calor desta discussão, nem por isso posso ou quero chegar-me atrás na questão do tal pretenso apoio e da correspondência privada.
O que é privado é privado e privado ficará. Dispensas aval moral seja de quem for e eu seria a última pessoa a dar-te ou exigir-te um. Tens a minha amizade e o meu respeito. O resto é comigo e contigo. E limpo, como acredito sem hesitar ser o teu coração de catequista. O algodão não engana, querido amigo. Ninguém.
Amigos,
Tenho aqui dois problemas, para a solução dos quais necessito de ajuda.
O primeiro é simples. Entendo que ganhará em termos técnicos/prácticos esta discussão se eu transpuser para aqui, copiando, alguns comentários que foram deixados no post 'RTP, Açores', incluindo a própria resposta do Pedro, para que se arrume num só lugar a papelada deste round. Fiz o mesmo com a mensagem do Rui Gamboa, que está devidamente linkada no post 'Revisão da matéria dada' e não quis deixar de deixar aqui claras as regras a que estou a submeter esta conversa, no interesse da verdade de todos.
E é nesse sentido que vai o que passo a expor, a tal ajuda que peço.
Tenho para publicação três comentários que me foram enviados, todos anónimos ou com nick name, que não passam os limites da decência para o insulto, nem dizem palavrões que nenhum de nós saiba. Mesmo que o fizessem, publicá-los-ia na mesma, assim me obrigam as regras que aceito da blogosfera, livre de lápis azuis. Mas trazem à liça palavras dolorosas e, estou em crer, fruto de mais raiva do momento que outra coisa. E afastam-nos a todos, uns dos outros, o que já vai sendo hábito açoriano, mas sobretudo do assunto que nos juntou aqui.
Quero propor o seguinte: não tenho como contactar os autores desses três comentários, não sei quem são nem me interessa. Respeito as suas opiniões. Mas, no interesse do debate enquanto de tema único, pedia um favor. Que me autorizassem, por mail ou comentário que me comprometo a não desvendar, a suprimir a publicação de cada um.
O passado está enterrado lá atrás. O que a FLA foi ou deixou de ser merece mais que uma abordagem de esguelha num debate diverso. E merece, desculparão, cara aberta e nome em baixo.
Caso não me libertem deste compromisso, publicarei os vossos comentários, aceito as regras. Mas leio entre linhas que foram feitos por pessoas de bem, pese zangadas no momento.
A terminar e para fechar o leque das omissões a reparar, há aqui uma questão que, pela dimensão que tomou, merece e obriga a uma clarificação da minha parte.
As pessoas menos rodadas nestas vidas de blogues não saberão, provavelmentre, que há um subentendimento entre quem escreve com alguma responsabilidade, e eu incluo-me a mim e ao Daniel nesse lote de escribas, para não ser nunca tolerante com erros ortográficos ou dúvidas sobre o correcto uso da língua portuguesa. Não é uma intolerância de autoridade, antes um verdadeiro serviço público, para quem é corrigido e para quem lê a correcção. Feita sempre com correcção.
Eu faço parte desse naipe de gente que corrige e é corrigido se for caso disso, tudo em função do aprender e da beleza de ler bom português. Não escrevo, não comento e não leio seja quem fôr que dê mais que dois ou três erros que não me pareçam enganos pontuais. Sei que o Daniel de Sá faz o mesmo, e nunca a consideração por A ou B fica ameaçada. Eu não lhe perdoo se ele não o fizer e caio-lhe em cima sem dó se tal acontecer. É assim o jogo. E é assim que tem que ser. Aprender é das coisas mais lindas desta vida, só os burros sabem tudo.
Açoriana é com 'i', nunca tive dúvidas e os meus textos aí estão a comprová-lo. Mas considereio que na circunstância o remoque do Joel teria sido despropositado e acabei por dar corda a uma coisa insignificante que devia ter parado ali. Apesar de tudo isto, devo dizer-vos que a citação de Onésimo que a Mifá nos trouxe tem sentido e eu ponho-a em práctica todos os dias, ao criar palavras e malabarismar (vêem?) a língua portuguesa, porque me sai, porque me apetece ou porque sim. Importa a comunicação, muitas vezes, mais que uma correcção que pode ser feita mais tarde e mais manso. Mas o reparo do Daniel, na essência, cumpre apenas o que dele esperamos todos. E está correcto. E, acredito, terá sido feito com mau timming mas com excelente intenção.
Meus senhores:
Há assuntos para discutir, neste assunto RTP/A. O resto, meus amigos, perdoarão mas não tem assunto.
Cumprimento todos e espero correio de três de vós.
Há, na RDP-Açores e na RTP-Açores, um trabalho restruturante, de fundo, em implementação. É um projecto amadurecido por anos de investigação, tendo por caboucos os objectivos do Plano Fénix 2 da Rádio e Televisão de Portugal. O objectivo global – e compromisso duma equipa inteira – é o de prestar um serviço público de qualidade aos Açorianos, onde quer que vivam. Aqui nas nove ilhas, nas comunidades da América do Norte, na América do Sul, no Continente português.
É um trabalho árduo e de longo prazo, abraçado por uma equipa que me merece toda a confiança. Estamos muito no início, mas os resultados começam a aparecer. Basta ouvir a RDP Açores e ver a RTP Açores. É verdade que há muito mais a fazer. Os açorianos merecem muito mais. Por isso, dia após dia, trabalhamos para introduzir melhoramentos, visando disponibilizar conteúdos de qualidade que sejam espelho da nossa vivência. Por isso, persistentemente, contra inúmeras limitações damos o nosso melhor na produção de programação consequente na vida dos cidadãos.
Queremos mais e queremos melhor. E sabemos que com trabalho, muito trabalho, podemos chegar ao objectivo de ter uma rádio e uma televisão viradas para a modernidade que nos abriu a Autonomia. Conhecemos as dificuldades, escolhos e tempestades desta viagem. Sobrevivemos mais de cinco séculos no meio deste Atlântico nosso de cada dia. E neste portulano salgado, saber feito de tantas gerações, traçamos rumo, procuramos o vento do futuro. Sabemos aonde queremos chegar.
A Autonomia nunca foi dada. É sempre uma conquista.
Quanto aos que têm tido a gentileza de dar o seu contributo crítico neste processo, sejam benvindos. A açorianidade é plural.
Mas ajuda ver e ouvir. É o convite que vos deixo.
Com um abraço.
JN disse...
Boa tarde,
Fico grato pela participação do Pedro Bicudo, ainda que de maneira tão institucional e aparentemente vácua. A ideia de que o seu compromisso é o mesmo de toda a equipa choca um pouco com o corte de cabeças de que ele se gabou na entrevista ao jornal "Terra Nostra", mas é saudável pelo menos declará-la.
Era esta a minha intenção: gerar o debate. E ele gerou-se, coisa para que o contributo do Rui Vasco Neto foi decisivo. Quanto à pancada que levei, nenhum ressentimento. Mensageiro é assim mesmo. E, de qualquer forma, eu entrei a matar com o Rui e fui um tanto mesquinho com a "pessoa-açoreana" – merecia pelo menos parte da pancada.
Lamento o clubismo que a certa altura contaminou esta discussão. Imensas intervenções o deixaram claro – eu lembro-me sobretudo de uma senhora que dizia que "o Vidas Reais era um péssimo programa excelentemente apresentado pelo Rui Vasco Neto" (o que foi desconcertante de ler), mas tenho a certeza de que o Rui se lembrará de outras. ara mais, o "Vidas Reais" nunca foi o ponto.
No essencial, mantenho a preocupação quanto ao futuro da RTP-Açores, com tudo o que do futuro dos Açores a ele se indexa. Mas assinalo que, embora noutros espaços as intervenções críticas tenham suplantado largamente as elogiosas, aqui aconteceu contrário. Penso que não será de "falta de condições" que o Pedro Bicudo poderá queixar-se no futuro se, um dia, as coisas correrem mal. Eis aqui, pelo menos, as condições humanas.
No resto, penso que acreditam que, quanto ao essencial, estou do vosso lado: desejo verdadeiramente que o Joel Neto não tenha razão. Penso que estamos todos.
Joel Neto
22 de Janeiro de 2008 16:33
Alfredo Gago da Câmara disse...
Pedro Garoupa de Albergaria Bicudo
Sempre achei piada ao teu nome. Foi assim que te conheci em garoto. Rijo como pedra de Pedro e de ilha basáltica, rodado de mar com fartura de peixes.
Sei que já devo uma actuação e de borla (o prometido é devido) na nossa querida RTP-Açores.
Outra coisa não poderia esperar da criança que eu vi correr nos parapeitos das janelas, a 50 metros de altura, no antigo Colégio Seminário, que ambos frequentamos como colegiais. Se calhar foi um dos teus primeiros desafios à vida (embora perigoso e ingênuo).
Esta cruz que agora abraçaste, é mais uma prova da coragem que eu reconheço. Cuidado amigo! Não te deixes crucificar. Há quem disso ande à espreita para depois te apedrejar com as próprias pedras que propositadamente deixou ruir para um chão de terra enlameado.
Devo dizer que não me surpreendeu o facto de teres comentado este Blog. Foi mais uma prova.
Abraço
22 de Janeiro de 2008 16:43
Pessoa-açoreana-espectadora-telespectadora disse...
Joel Neto,
Tiro-lhe o chapéu pela ausência de "ressentimentos" com que aqui se apresenta e pela certeza que ela demonstra que, acima de tudo, o que lhe interessa é um debate de construção e não "malhar por malhar".
Digna a sua atitude de reconhecer que "eu entrei a matar com o rui e fui um tanto mesquinho com a "pessoa-açoreana" - merecia pelo menos parte da pancada!
Mereceu sim senhor! Parte, como diz. Porque todo o resto ficou por minha conta que tenho o péssimo defeito de responder com "uma facada" perante uma "bofetada" injusta que poise na cara de um AMIGO.
Pelo excesso, as minhas desculpas. Pelo seu não "ressentimento" a minha alma em branco.
Cumprimentos
22 de Janeiro de 2008 17:54
nem de propósito:
«não quis deixar de deixar aqui claras as regras » foi, evidentemente, um lapso. Desta vez não era estilo, foi descuido mesmo. Antes que o daniel me dê c'a moca, não quero deixar de deixar aqui que me vou deixar de merdas e admitir que meti o pé.
Mas foi sem querer, ouviste ó da Maia?
Caro Rui Vasco Neto,
Não vou tomar muito do seu tempo.
Apenas corrigi-lo (se me permite) que a citação do Onésimo foi trazida por mim e não pela Mifá.
Não que a Mifá não seja capaz de igual ou bem melhor, mas por um certo cansaço, meu, de omissões, de donos aos que não são donos e de seus aos que não têm dono.
Quanto ao meu comentário, de resposta a "Daniel etc" faça o que achar melhor (eliminá-lo, inclusivê)
Para mim, tanto faz! Mais importante do que dá-lo a ler, foi mesmo tê-lo escrito.
Melhores cumprimentos
Pessoa com P grande,
Devo-lhe desculpas pelo lapso. Foi de facto você quem fez a referência ao Onésimo. Sua ou de quem seja, para mim a citação vale o meu peso em ouro (98Kg, no momento, e já jantei).
Quero acreditar que não há ressentimento nas suas palavras. Não faria sentido, depois do que lhe vi escrito para o Joel, alma em branco e tudo o resto.
Repito o que disse atrás: vejo entre as suas linhas uma pessoa de bem. E agradeço-lhe a correcção que acabou de ter comigo. Com todos nós ,no fundo. E só não digo 'pelos Açores' porque um destes dias ainda dou por mim a dizer frases ocas e não sentidas só para soar bem, como faz muita vedeta da minha terra.
Aceite um abraço sentido.
Minhas senhoras. Meus Senhores.
O tom é propositada e assumidamente pomposo. Com efeito, merece-o o propósito desta minha intervenção: despedir-me desta efémera vida de bloguista.
Porém, não quero fazê-lo sem, antes, dizer algumas coisas que penso e sinto, pondo o mais longe possível de lado a auto-censura que o mesmo será dizer, expôr-me à hetero-censura. Pese embora , prometi-me e vou fazê-lo.
Proponho-me dividir este texto em duas partes : uma que me é particularmente antipática e
inusitada pois nela farei nada mais nada menos do que puxar dos galões ; e a outra que, ao invés da primeira, me é particularmente simpática e usual, pois, nela, procurarei exercitar o meu sentido de justiça.
Comecemos pelos amargos de boca. Sou licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.
Por entre literaturas,linguísticas e línguas ( Latim e o Grego, inclusive ), navegando, tive o privilégio de ter como Mestres alguns dos nomes mais prestigiados das Humanidades dos nossos dias. Jacinto do Prado Coelho, David Mourão-Ferreira, Andrée Crabée Rocha, Lindley Cintra, Ivo de Castro, Helena Mateus, Alberto Ferreira são apenas alguns dos nomes dos figurões( na boa acepcção do termo )que se contam entre os meus antigos lentes. Não me ufano de tal circunstância que, mais do que as línguas, linguísticas e literaturas, deixaram-me eles outro legado : a noção de que tudo o que sei, somado ao que, alguma vez, poderei vir a saber e multiplicado por tudo o que não sei nem saberei, nada mais é do que um cisco na imensa poeira cósmica. É assim, aliás, a pensamento humanístico : um saber que nunca se sabe bastante.
Todo esse "cadastro" ao qual se associa uma natural tendência para a descontracção e para a auto-confiança, tem-me permitido uma certa imunidade à crítica. Por isso mesmo que entendi não dever ressentir-me de algumas correcções de que aqui fui alvo. Por outro lado, não deixo de reconhecer a desoportunidade ( não sei se há ou não o termo. Para mim, e agora, há pois que é o que melhor espelha o meu pensamento) de alguns "acertos" pelos motivos que passo a expôr.
Primeiro, entendo que não será este o espaço adequado para excessos de purismo literário-linguístico; segundo, porque a correcção implica sempre uma asserção, uma certeza (e eu já tive oportunidade de afirmar que cada vez as tenho menos); terceiro e último, porque corrigir implica sempre a existência de um corrigido ou corrigendo. E nem mesmo as pessoas que estão na disposição de o serem estão sempre dispostas a sê-lo. E , depois, há as expectativas. Eu explico : ao vir deixar num blogue algum comentário faço-o com a leviandade e ligeireza que a predisposição para descontrair legitima. Admiro muito o purismo de um Camilo ou de um Castilho mas nem sempre eles me apetecem. Gosto de vestir uma toilette a rigor, mas não de levá-la para a praia.
Ora, deu-se o caso de alguém que foi amável comigo, que eu não conheço se conheço mas que deve conhecer-me, ter sido "atingida". E, meu Deus, ainda por cima, por uma gralha(?) menor. Que bem mais substancial matéria teria encontrado uma vista mais treinada. Pois bem, eu encontrei-a. E sabem o que pensei? Interferência da oralidade na escrita. É que tal gralha , desta feita sem parêntesis, é uma nota dissonante num discurso (repito) extenso, bem estruturado e com conteúdo. Aceso ou acendido? Também. Mas, que diabo!, açoreana ( confesso que aqui persiste dúvida e irreverência e muita, muita liberdade) que se preze tem vulcão na alma! Ainda por cima eu acabara de levar uma massagem no ego...
Por tudo o acima exposto, tomei a atitude que tomei e que MANTENHO.
Também me pareceu que houvera algum excesso que, aliás, não subscrevi nem subscrevo. Mas, a resposta cresce geometricamente em relação ao estímulo. Isso para já não falar no factor vulcanológico!
O melhor, mesmo, é não atirar a primeira pedra.
Pelos vistos há quem tenha reconhecido que o fez e lamentado tê-lo feito.
Felicito-o e asseguro que perfilho da ideia de que há muito mais coragem e mérito no reconhecimento do erro do que na ausência deste.
Quanto ao meu amigo Daniel, por quem nutro a simpatia que já por mais do que uma vez lhe demonstrei neste espaço, rogo-lhe que saiba distinguir um dizer dos dentes para fora de um dizer da alma ( que julgo que foi o que aconteceu), que continue nas suas práticas catequísticas ( se eu o tivesse tido como mestre, também nessa matéria, por certo não estaria agora às avessas com Deus) e que relaxe, relaxe, relaxe linguistica e literariamente falando, se não o Rui vai ter a tasca vazia em breve porque ninguém aguenta estar aqui a tecer comentários com os dicionários ( unilingues, bi, onomásticos, toponímicos, de sonhos - ai esse não!- ...) todos em riste.
Olha, e com tudo isso se calhar já não vou cumprir o prometido: abandonar a tasca (acho que foi isso que eu disse, no começo).
É que, no fundo e à superfície, eu sou assim: inconstante no pensar mas constante no sentir.
E agora, Daniel amigo, vou terminar matando dois coelhos com a mesma cajadada : nem vou ter o trabalho de corrigir o que escrevi nem vou tirar ao Daniel o prazer de o fazer.
É que eu ainda estou no activo e, agorinha mesmo, tenho a seguir-me os olhinhos de umas dezenas de testes que aguardam correcção. E que de matéria teria o Daniel se lhes pusesse a mão!
Abraço a todos.
( se não tivermos cuidado, os comentários a este post vão atingir um número obscenamente elevado! )
mifas,
Senta-te e ouve antes que eu me zangue: se te atreves a deixar-nos serei radical. Postarei uma foto minha e outra do daniel, de frente, núzinhos os dois, num outdoor em frente à tua casa para colapsares logo de manhã com uma apoplexia fulminante ante tamanho deslumbre. Gostarias de morrer assim? Bem me parecia que não.
É'mlhé, tás me dêxande menénte. Fica já quétáí.
Querida Amiga Mifá
Peço-lhe duas coisas, por favor: a primeira, que leia isto; a segunda, que dê sinal de que leu.
Não é meu costume corrigir Português em blogues. Se noto alguma coisa mais grave, escrevo ao autor directamente, porque, tal como no caso do Rui, quem não gosta de errar gosta de aprender. Faço parte dessa turma.
A questão de “açori(e)ana” não fui eu quem a lançou. Apenas dei a minha opinião, depois do desencontro de entendimentos entre o Joel e a minha querida Amiga, tendo pelo meio a anónima que não soube manter o diálogo com elegância. E isto doeu-me. Não sei porquê, os blogues têm destas coisas, sobretudo a cargo de anónimos ou pessoas mal identificadas. A Mifá decerto nunca viu aqui eu chamar antes a atenção para qualquer erro, nem voltará a ver. Maus fígados, tão-pouco. Mas, perante a aleivosia que me foi dita, eu não poderia reagir de outra maneira. Ou talvez pudesse. Mas, permita-se-me o paradoxo ou anacoluto (que eu de figuras de estilo não sei quase nada), embora podendo não consegui poder.
Um abraço a todos os que participaram no debate. A todos, o que inclui todas, obviamente.
Daniel
Caro Rui Vasco Neto,
Venho agradecer-lhe o espaço que me deixou usar neste seu blogue.
Apresento-lhe, também, as minhas depedidas. Não por mágoa ou "ressentimentos" mas porque desejo partir para outras vôos aonde a ânsia (mesmo que subjectiva e /ou conveniente)do "óptimo" não castre o que possa ser bom.
Parto, ainda, porque não me identifico com o purismo/puritanismo da linguagem ou da línguística em deterimento da liberdade de pensamento, de expressão e sentimento.
Parto, porque não me identifico com uma escrita que se pretende tão correcta que incorre na incorrecção de não olhar a meios.
Parto, porque não me revejo no burburinho das comadres, nem nas tesouras das beatas.
Parto para manter intacta a ausência de ressentimentos e com a de quem quer manter as duas faces inteiras.
Parto (em suma) porque quero VOAR!
Desejo-lhe a maior sorte e sucesso.
Um obrigada a todos, a si em especial, pela anfitrianidade, e à Mifá, em particular, pela latitude de alma.
Pessoa com pêzito,
É pena, acredite. Era bem vinda aqui, mai'los seus tijolos para esta casa que queremos ver construída. Mas se partiu, partiu. Por morrer uma andorinha não se acaba a tal, que ainda nem começou.
E agora estava na altura de discutir a RTP-Açores: do ponto de vista da sua programação, dos recursos humanos, dos custos,etc,etc,
Ena, Pessoal Bravo!!! ehehehehh
Pois é, "açore(i)anos" são mesmo assim:
"Vivem em nove belas Ilhas no
meio do Oceano Atlântico.
Dizem ser o centro do Mundo, os últimos picos da Atlântida - o Continente perdido, a terra de Neptuno. Falam de forma diferente. Cozinham a comida em buracos na terra, com o calor dos vulcões.
Fazem jogos com touros e perdem quase sempre. Nadam com golfinhos. Mergulham com baleias que antes caçavam em pequenos barcos e depois gravavam-lhes os dentes.
Há 500 anos que resistem a tremores de terra, a tempestades com ventos de 250 km por hora, e ondas do mar com 20 metros. Pescam os maiores peixes do Mundo - espadartes e atuns. Dividem os terrenos com flores, principalmente hortênsias. Criam vacas e chamam-nas pelo nome pr´prio.
Comem comida temperada com especiarias
vindas das Índias, Áfricas e Américas.
Festejam o "Espírito Santo" que dizem ser o seu "Senhor".
Usam uma ave - Milhafre- como seu símbolo mas chamam-se
Açori(e)anos.
SÃO UNS ESTRANHOS E SIMPÁTICOS LOUCOS!
A todos os estranhos e simpáticos loucos que interviram, nesta "discussão" aqui fica o meu grande, grande abraço.
ai,ai, não "fechei as aspas".
pode ser que,a partir d' agora, o autor do texto dê a cara, para reinvidicar os direitos de autor. eheheheh
Enviar um comentário