Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


terça-feira, 20 de novembro de 2007

Chapadas pelo amor de Deus

Deus fez os meninos e as meninas, os passarinhos e as flores, os rios e as montanhas, o mar e o céu. Em apenas sete dias deu provas de dispor de um ministério de obras públicas tão eficiente que andamos todos há milhões de anos a colher os benefícios de uma única semana de trabalho. Jesus Cristo ensinou o amor e a caridade até à exaustão na cruz, e contou com os apóstolos para passar as lições a limpo e contar a toda a gente para que o mundo fosse um nadita melhor daí para a frente. Agora, dois mil anos passados e com a profissão de apóstolo em queda no mercado de trabalho, o mundo continua a aprender mas pouco, escutando a Palavra da boca de gente que é voluntária como os bombeiros mas nem por isso caridosa como Cristo. Resultado? O fogo do inferno chamusca o céu, de quando em vez. E a terra treme de indignação.

Na noite de 1 para 2 de Julho de 2005, durante um acampamento de catequese em Castro Daire, um rapaz de 13 anos foi apanhado pelo seu catequista a infringir as regras previamente determinadas. Espreitara uma tenda de raparigas, o malandrote, coisa que era absolutamente proibida. O castigo foi imediato e de peso. Recebeu duas valentes chapadas do catequista, um engenheiro civil de Vila Nova de Gaia. À primeira ficou zonzo, tonto e abalado, à segunda caiu no chão e lá ficou. O resultado visível foi a abertura de um lábio e a cara inchada durante quinze dias.

Vá lá saber-se porquê, os pais do rapaz entenderam apresentar queixa contra este apóstolo da caridade cristã. Mas a procuradora do Ministério Público (MP) que ficou encarregada do inquérito afirmou que não tinha sido cometido qualquer crime de agressão. Argumentava o MP que as estaladas haviam sido dadas no exercício de um direito, que se integravam no “poder-dever de correcção” conferido a quem ministra a catequese, o que era causa de exclusão da ilicitude no sábio entendimento desta procuradora. E assim ordenou o arquivamento da queixa e mandou toda a gente em paz e que o Senhor vos acompanhe.

Os pais do malandrote recorreram então para o Tribunal da Relação do Porto, que este mês, num acórdão extenso onde até se questiona a legitimidade de um castigo corporal dado pelos próprios pais, teve uma posição completamente diferente da do MP. Tal como, aliás, já tivera o juiz de primeira instância, que decidira pronunciar o arguido contra o desejo da procuradora. “Considero não existir qualquer direito de castigo corporal por parte dos catequistas que possa ser invocado, no caso em apreço, como causa de justificação da conduta do arguido, que resulta como suficientemente indiciada”, disse mesmo o juiz de instrução num despacho onde acusava o catequista do crime de ofensas corporais simples.

O acórdão dos juizes Cravo Roxo, Dias Cabral e Isabel Pais Martins, passa não leve pelo cerne filosófico da questão. «É desde logo paradoxal que um catequista venha alegar que pode aplicar castigos corporais a alguém pretensamente sob a sua guarda, quando a própria moral e doutrina cristã proíbe qualquer forma de violência.». E segue desempoeirado para a essência legal da mesma. «Por outro lado, esquece o arguido os princípios e as leis constitucionais e internacionais de defesa dos direitos das crianças, que não devem, em situação alguma, ser sujeitas a violência física ou psicológica – princípios e determinações essas que estão bem patentes e referidos no despacho sob censura: Art. 69º da Constituição e Art. 19º da Convenção sobre os Direitos da Criança.Em conclusão, a acção do arguido é ilícita.» Ponto final.

Curiosamente, não seria de esperar grande coisa de uma decisão judicial superior para um recurso deste tipo de situação. Porquê? Porque ainda está quente o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de Março de 2006, que provocou grande polémica a propósito de um caso de agressão a crianças deficientes num lar da Segurança Social. Os nossos juízes conselheiros legitimaram a violência, considerando que se enquadrava no direito/dever de correcção: “Qual é o bom pai de família que, por uma ou duas vezes, não dá palmadas no rabo de um filho que se recusa a ir para a escola, que não dá uma bofetada (...) ou que não manda um filho de castigo para o quarto quando ele não quer comer?”, alegaram os doutos magistrados, numa decisão duramente criticada pelas instâncias internacionais que protegem os direitos das crianças. A educadora acabou por ser absolvida, apesar de ter fechado num quarto escuro uma criança que sofria de psicose infantil.

Neste caso houve um entendimento diferente da Justiça e ainda bem, que a catequese já tem inferno que chegue nas lições dos catequistas. Dispensará a violência física, estou certo, este estranho apostolado de engenheiros dedicados ao amor cristão mas com tolerância taliban. Quanto à santa madre, já há despacho pronunciado pela voz do vigário-geral da diocese de Lamego, cónego Joaquim Rebelo. «A Igreja condena todo o tipo de violência, tendo como princípio pregar o amor», afirmou o sacerdote, que até “condena” a atitude do catequista, salvaguardando no entanto que «às vezes é difícil manter a serenidade».

Deus fez os meninos e as meninas, os passarinhos e as flores, os rios e as montanhas, o mar e o céu. Saiu tudo lindo, divino mesmo. A Igreja fez os catequistas e alguns saíram com defeito, o que é apenas humano, paciência. Mas eu pergunto a mim mesmo se o ex-cardeal Ratzinger não teria este tipo de polícia da virtude em mente quando, agora papista, puxou as orelhas aos nossos bispos e se queixou da falta de empenho dos doutrinadores nacionais.

37 comentários:

Anónimo disse...

O pior não é isto. O pior é que os pais provavelmente não repreenderam o menino. O tribunal não o vai fazer. Quase de certeza que se o menino tivesse vindo com as trombas direitas para casa nem sequer agradeceriam ao catequista ter tomado conta dele para os deixar livres de compromissos por aqueles dias.
Desafio qualquer um a asssistir a uma lição de catequese, ou de Português, ou de Matemática, seja do que for, e não ficar com o fígado em mau estado. E claro que não estou defendendo o catequista, que eu até também sou, mas apenas à espera de ver algum comentário que reprove a falta de educação do menino.
Tenho dito.

Rui Vasco Neto disse...

daniel,
eu reprovo a falta de educação do menino. três vezes se isso te faz feliz. mas porra, daniel, catequese e chapada casam como tu e o zé castelo branco.

Anónimo disse...

Daniel,

O menino só queria ir ver as meninas, não era má educação... aliás acho que o vigário geral explicou bem a situação do menino e das meninas quando disse que "às vezes é difícil manter a serenidade".... acredite Daniel, ele lá saberá o que diz...

E que homem de pouca fé é o Daniel quando acha que os pais só se querem libertar de compromissos quando entregam um filho para ser doutrinado? Olhe que eu até acredito que eles gostam das crias a saberem o Pai-Nosso. Acho é que também não era preciso que o Sr. Engenheiro dessa aulas práticas da Via Sacra.

Cee Jay disse...

Bom artigo. A atitude do catequista não é tolerável. É pena que a conclusão do último parágrafo completamente disparatada e sem relação nenhuma com o caso em questão.
E também seria bom procurar muitos e bons exemplos de catequistas pelo país fora...

Rui Vasco Neto disse...

cj,
Obrigado.
Espanta-me que tenha encontrado uma conclusão onde eu só pus reflexão. Acontece. A mim também me aconteceu procurar por chapada e encontrar um catequista, coisa que eu não esperava. Porque se procurasse por catequista encontraria seguramente uma esmagadora maioria de gente boa (gente boa como o meu amigo daniel de sá que ainda há pouco me surpreendeu com a novidade que ele próprio dava catequese). Mas aí, CJ, o artigo seria sobre outra coisa, não concorda?

Anónimo disse...

Tenho um filho de 13 anos. Já esteve na catequese, fez a 1ª comunhão com 7 anos e depois veio pra casa ... não gostava da catequese e eu não gostava do que os catequistas "catequizavam"!!!
Felizmente foi de comum acordo. Às vezes metemos os nossos filhos nessas coisas para eles terem mais uma ocupação, para fazerem novos amigos, pra se distraírem ao sábado à tarde, enfim, quando se vive fora dos grandes centros, tem que se ocupar as crianças com alguma coisa. Nem sempre será para nos vermos livres de compromissos enquanto eles lá estão. Agora, neste caso concreto devolverem o rapaz aos Pais com a cara estragadinha pela mãozinha do senhor catequista, só porque foi espreitar na tenda das meninas ? Mas não é o instinto natural de um rapaz de 13 anos ? Claro que tem de ser repreendido, os instintos controlam-se desde pequenos, mas nunca pelo palerma do catequista. Se fosse filho meu, meus caros, nem que eu acabasse na cadeia, mas o homemzinho havia de levar muitas ... até pedir perdão a Deus de joelhinhos aos meus pés ...

Anónimo disse...

Olha olha.... ou é corrector de texto ou aspira a editor...

Anónimo disse...

Olivia,

Eu também andei na catequese e fiz tudo como mandam as regras - primeira comunhão, comunhão solene e crisma. Da catequese lembro-me bem do horror dos pecados, de como me espremia para encontrá-los antes de me ajoelhar no confessionário e da grande frase da Isaurinha - os rapazes não vos podem tocar nunca! Esta é que me deixava inquietada. Cada vez que andava à pancada com o Miglotes no meio do pó da praça de taxis, mesmo em frente ao banco borges, lá ia para casa a sentir-me uma maria madalena.
Foi por estas e outras que quando a minha filha mais nova me disse que queria ir para a catequese, eu tremi. Confesso, sim , confesso, que tentei dissuadir-la mas o empenho era muito e os amigos estavam todos lá. E também queria ser escuteira e para isso tinha de ir à catequese (!!!). Foi. Tudo correu mais ou menos bem até à sexta feira em que me disse que no domingo fazia a primeira comunhão. Como? Que é lá isso, primeira comunhão depois de amanhã e eu sem saber de nada? Não, nem pensar. Quando a avó as baptizou e me pediu licença eu usei a frase herdada do meu irmão - desde que não faça parte da organização.... Mas primeira comunhão tinha outras implicações e não eram a festa, o vestido branco ou o corpo de cristo. O que me aterrorizava era a confissão. Ela iria ter de confessar pecados. Pecados? Que pecados é que uma miúda pode ter se é que pecados nós temos? Tentei comprá-la de todas as formas e adiar uns anitos. No sábado, noitinha já, rendi-me à evidência do vestido branco e grinalda quando deixei de conseguir ter resposta para os sim mamã compreendo, só tenho pena porque o padre disse que era boa menina e tudo e até já me fui confessar... Ups.... ela tinha-se confessado? Mas era só isso que eu não queria, mas não lhe podia dizer...
Fez a primeira comunhão no tal domingo, ela comungou sim, eu não obrigada... tirou as fotografias da praxe, teve os santinhos do costume e o almoço oficial.
Nunca mais falou de catequese. Eu também não.

Anónimo disse...

Teresa :
Tal e qual como nós aqui ... não lhes fez mal nenhum, nem à sua filha nem ao meu filho, pois não ?
E a nós, se pensarmos, tambem não deixou marcas. Ainda bem que tanto a sua como o meu desistiram de livre vontade. Se não, já viu o sarilho onde estávamos metidas ? Boa sorte pra vocês !

Anónimo disse...

Teresa, são maneiras de ver. E é óbvio, penso pelo menos que foi óbvio, que não concordei com a atitude do catequista.
Quanto às minhas aulas de catequese, são mais uma espécie de cultura geral. Dou um exemplo. Houve um dia em que se falou do ADN. Já tinham dado isso em aula, mas só sabiam a sigla inglesa, DNA. Não faziam ideia do que queria dizer. E não conseguiram mais do que isto: que o tal de DNA servia para se saber de quem são filhos os meninos. Fui por ali adiante, até explicar a clonagem. Acabaram por concluir até por que razão a Dolly já nasceu velha.
Em outro dia, expliquei o que era essa coisa disparatada que há um par de anos fez parte da programa de Português: hiperónimos e hipónimos.
Passe a presunção, mas talvez a Teresa e a Olívia não se opusessem a que as filhas participassem em aulas destas.

Anónimo disse...

Tentei evitar comentar este artigo porque ele me é particularmente sensível e porque, em nada acrescenta, o desejo do Daniel de Sá, de ver alguém que "reprove a atitude do menino".
A aprovação e a repreensão fazem-se tendo sempre por base um termo de comparação - isto é bom porque aquilo é mau (ou vice-versa).
O "isto" e o "aquilo" são óbviamente subjectivos e discutir sobre, qualquer um deles (ou ambos), levar-nos-ia por um filosófico caminho, longo e interessante, mas que nos distanciaria da presente discussão.
Assim, sinjo-me ao simplismo do meu pensamento e foco o meu olhar apenas nos personagens presentes neste post - o menimo e o padre!
Ir espreitar as meninas é má educação? Serão os sinais de um futuro grande médico a querer já aprender anatomia (e quem nunca brincou de "médico" que atire a primera pedra)? Virá a ser um artista cuja beleza femenina e o nu já encantam?
Nenhum de nós sabe nem poderá saber....!!!!
O que não se poderá concluir, nunca, é que deste acto resulte indicíos de um futuro psicopata ou perdedor. É sabido, que estes ultimos, desde cedo (ainda meninos e crianças, actuam na sombra).
Portanto - quais as motivações, mesmo, da criança? Zero! Nenhum de nós sabe....
Porém, a motivação do padre é sabida e louvada ou reprovada, ora por uns, ora por outros. Porque isto de gostos há-os para todos os lados e feitios!
Dos factos e das razões em si- deste último- ressalta a pedagogia da bofetada violenta sobre uma criança!
Isto sim, é a única coisa efectivamente provada!!!!
Ora se se desconhece a motivação da criança e se apenas se sabe que mesmo no escuro o seu "crime" mereceu uma bofetada de quinze dias, digam-me aonde está a pedagogia e/a a vontade de ensinar, quando se desconhece o que está por aprender ( se é que está...)
Saturação, cansaço porque "as crianças de hoje em dia são muito difíceis de educar" e "porque os pais não só ajudam como desajudam", posso eu entender.
Porém para o cansaço e saturação de uma profissão, existe um ou vários remédios (reforma, abandono, baixas, etc, etc.....)
Para já, para deixar de ser criança, não existe (ainda) nenhum "remédio) e, por favor, não inventem NENHUM. Tá?

Anónimo disse...

Daniel de Sá : Em toda a parte há gente boa que sabe o que faz e o que diz e gente má que nem devia falar, não é ? Se eu vivesse na Maia, e o Senhor fosse o catequista do meu filho, talvez até ele, com 13 anos, gostasse das suas "aulas". E estou certa que nunca lhe daria "pancadaria" !!! Abraço

Anónimo disse...

Eu é que sou a formiga no carreiro em sentido diferente. Mas, pelo que vou lendo dos comentários, parece que poucos sabem em que condições se deu a agressão. Que condeno, já disse.
Os meninos estavam num acampamento, o catequista não é padre, o rapaz parece que até aceitou bem o castigo (o que não "legaliza" a atitude, é certo).
Mas as considerações da "formiga" têm mais aparência de brincadeira do que de argumentação séria. Mas supondo que falou mesmo a sério: deixaria filhas suas à disposição para esse tipo de treino ou estudo?

Rui Vasco Neto disse...

olivia, teresa, olivia, teresa, daniel, formiga, daniel,

Eu sei que vocês não me perguntaram nada, mas eu cá também andei na catequese e foram dos tempos mais felizes da minha vida, porque era puto e as miúdas eram giras e os meus catequistas, honra lhes seja feita, foram do melhor que Deus, se existe, pôs na terra. Guardo a memória de um deles no mesmo exacto bolso da alma onde guardo a do meu pai. Guardo as lições da catequese noutro bolso, no entanto. Tenho presente os ensinamentos e coei deles o que preciso e julgo certo para os meus dias e para a minha relação com os outros, mas confesso que pouco ficou do cheiro a incenso ou dos madeiros dos bancos da missa das sete ao sábado e das onze ao domingo, anos e anos a fio. Fui uma pessoa melhor por ter andado na catequese? Não sei. Seria seguramente pior se por lá não passasse, julgo. Mais feliz? Isso é outro assunto.

Anónimo disse...

Caro Daniel de Sá,

"Eu é que sou a formiga no carreiro em sentido diferente" é de uma imodéstia e arrogância que, realmente, não o favorecem!
Assim, mesmo! Como se, para si, o centro do mundo se situasse no seu umbigo e os heróis do quotidiano não passassem do carreiro por onde passa ou, quiçá, pisa!
Assim...como se o mundo e as gentes, se pintassem de preto e branco esquecendo a fusão (dos risos e das lágrimas) que as tornam, tantas e tantas vezes cinzentas!

Apesar de ter dito que "este assunto me era particularmente sensível" e ter-me singido a uma explanação, assumidamente simplista do meu pensamento, não pode o Daniel de Sá, deixar de tentar apurar e me inquirir sobre as sagradas decisões que só a mãe e filha dizem respeito.
Assim...e de forma ligeira. Como quem está certo que, após uma boa catequisação, deverá seguir-se a confissão.

Aí vai ela. Mais para quem a ela possa servir do que própriamente para si...(desculpe-me):

Não tive de decidir se deixaria filha minha ir para "este tipo de ensinamentos" (catequeses, escuteiros e similares). Antes disso, no seu período pré escolar (dos 4 aos 6 anos) ela tomou a "nossa" decisão - NÃO IR!

Sabe porquê? Dos 4 aos 6 frequentou um colégio (caro e particular) de freiras e de catequistas aonde havia quarto escuro, réguas e grãos de milho para ajoelhar quando cometiam algum dos pecados mortais próprios destas idades . Isto e um bocadinho mais....
Óbviamente que aos 7 anos ( e já zonza) se recusou a ir para a catequese como se adivinhando o disparo de alguma bofetada sangrenta e aplaudida na injustiça de uma qualquer entendimento/desculpa.

E tudo isto era tão ensombradamente bem feito. Tão monstruosamente escondido que as mães, nos períodos escolares, sorriam descansadas por "terem as filhas em tão boas mãos". Não se importando com o caro da despesa que, ("óbviamente") era um investimento na "boa educação" das suas filhas e ("lógicamente") compensava!

Como estas mães eu também teria descansado....não fora começar a ver nos olhos da minha filha a sombra do quarto escuro e as marcas dos grãos de milho nos joelhos.....
A mesma sombra e as mesmas marcas, que trinta e tal anos atrás, eu própria tinha trazido para casa!

Não me venha com a teoria de que "há casos e casos" que "há de tudo em todo o lado"! NÃO!!!!!

Abusos descarados destes (em nome de Deus e da Santa Madre Igreja, do bem e bons costumes) existem aos milhares (mais quanto é que quer que eu lhe conte?)

Como poderá ver, tentar eu até tentei! Os cravos e o tempo têm destas coisas....fazem-nos cair na tentação de acreditar que o seu "perfume" se alastrou!

Infelizmente não. Hoje, como ontem,no tempo do "Padre Amaro" ou do "Aquilino", padres, freiras, catequistas e quejandros continuam invocando o Santo nome de Deus em vão!

Qual a penitência para quem assim se confessa?

Anónimo disse...

Ó "formiga", pelo amor de Deus, ou pelo amor de quem queira, ou por não amor, creio que me julgou algo severamente. Faltou-me talvez pôr aí esses "sinais" que se usam para mostrar o estado de espírito com que se escreve, já que a pontuação não dá para tudo. Talvez um "lol" (laughing out loud, como decerto sabe), mas não gosto de o fazer. Não se tratou de "arrogância e imodéstia" o que eu disse de ser formiga no carreiro. Apenas um jogo de palavras com o seu pseudónimo e a canção do Zeca Afonso, por quem chorei no dia em que morreu, e em cujos discos ainda hoje não consigo pegar. Ouço-os quando o meu filho os põe ou quando passam no rádio. Ao constatar que era o único que ia numa determinada direcção, não fiz juízos de valor a respeito da minha posição. Não acusei ninguém de estar errado nem me arroguei o direito de julgar que estava eu certo.
Se a ofendi, foi sem querer. Possivelmente com a referência final, quando supus que talvez não se importasse de que a sua filha assistisse às minhas aulas. Se foi isso, desculpe.
Tenho notado, nos poucos blogues que frequento, que as pessoas se ofendem facilmente e facilmente interpretam mal os outros. E logo aqui, que tudo parecia ser tão interessante entre todos nós...
Só voltarei a tentar fazer humor ou a usar de ironia com o Rui e com o Nuno Barata, que conheço bem e que igualmente bem me conhecem. Desculpe, mas não estou disposto a correr mais riscos.

Anónimo disse...

Daniel Sá,

ainda não tive tempo para lhe responder, mas faço-lhe já um pedido - tire-me da lista negra da má disposição e dê-me a benesse do riso, ou mesmo só uma pontinha de bom humor, que lá por ser ateia também sou filha de Deus, menor é certo, como o Rui e o Nuno Barata.

Desde já agradecida,

teresa

Anónimo disse...

Daniel de Sá : Desculpe lá, mas não confunda a Formiga com a Teresa e a Olivia a quem se referiu no seu comentário anterior. Quanto ao facto de as pessoas se ofenderem fácilmente umas às outras, aqui, tem toda a razão. Tambem já me fez confusão, mas é a tal coisa, escondem-se atrás do anonimato, com nomes de insectos, com pontos de exclamação ou interrogação e provocam quem se identifica, (que mais não seja para o autor do blog). Considero estas pessoas muito inteligentes, corajosas, frontais, não acha ? Um abraço


Formiga : Desculpe lá mas onde raio é que você vive para ainda existirem colégios assim ? Em alguma catacumba fedorenta, com certeza. Olhe, eu própria há quase 40 anos, estudei num Colégio particular de freiras e nunca vi nada dessas coisas acontecerem com ninguém. Milho debaixo dos joelhos, quarto escuro ? A sua filha não falava consigo ? Levou muito tempo para notar o que se passava ? Coitada da criança. E ainda por cima a formiga diz que trinta e tal anos atrás tinha trazido as mesmas marcas para casa ?!?!?! E pôs a sua filha no mesmo colégio ?!?! Ai, ai, ai, há qualquer coisa torta aqui. Saia da catacumba e procure uma relvinha fresca para viver mais à larga. Ah, mas cuidado com o baygon, o raid, o dum dum, deixe-se ficar num sítio arejado.

Anónimo disse...

Teresa, não tem nada que estar mal disposta, se é a si que se refere. Talvez ambos nos tenhamos percebido mal. Acontece mesmo a quem escreve tanto como eu: ter um dia ou um momento em que não é bem claro naquilo que diz. Terá sido isso que me aconteceu e a levou a interpretar-me menos benignamente.
E desculpe a pressa com que respondo, mas Portugal já está jogando, e esta raia desta nossa Pátria é uma das minhas paixões.

Rui Vasco Neto disse...

miga,
foi de estalo, com o nosso daniel.
lido de fora estou em crer que fez algumas confusões pontuais na leitura que a levaram para uma confusão geral na resposta.
creio no entanto ter percebido as molas que a fizeram saltar. o tempo e a convivência nestas sete vidas mostrar-lhe-ão, estou certo, que o daniel não é uma dessas molas, embora seja mais elástico do que que possa parecer.

daniel,
deixa-te disso, meu amigo, que aqui não há birras de humor para ninguém. podemos birrar por gaijas, por copos e até por futebol, se te atreveres a ser do porto. mas nunca pelo humor. pensa na elvira e na sua hora do não ao moleiro: há coisas na vida pelas quais vale a pena esperar.

Rui Vasco Neto disse...

t,
minha senhora fale por si, se faz favor, que o meu Deus é o maior. que eu consegui arranjar.

Anónimo disse...

Gato,

leia bem que eu falei por mim, porque comparada com o seu só posso ser filha de um Deus menor...

Daniel,

Leia melhor que eu não estou mal disposta... e não se preocupe com o jogo. Aqui já vamos com uma hora de avanço e os finlandeses estão a perder por cinco secos...

Olivia,

Já continuamos a conversa que tenho um entrecosto ao lume.

formiga,

estou siderada, mas não passa de hoje sem resposta.

Anónimo disse...

Olívia e Teresa
Peço desculpa pela confusão. É que eu estava a ouvir a rádio, já se cantava o hino (aquele hino que tanto arrepiou o Rui Almeida num jogo em Ponta Delgada que veio relatar, depois de ele ter constatado, admirado, que ninguém cantara o hino dos Açores), queria ir sofrer com o resto da multidão, e precipeitei-me. Foi assim que hoje se falharam alguns golos...
Ó Teresa, o Sol chega cá uma hora e tal depois de nascer aí, mas o resto acontece ao mesmo tempo. Pode crer.
Pergunta: o Rui Almeida que aparece por aqui é o mesmo que referi aí acima? Fiz alusão àquele momento do hino não pensando na sua eventual presença entre nós, mas porque nunca esqueci tal facto. Foi num dia em que os sub-18 deram uma coça na Inglaterra.

Anónimo disse...

Daniel,

A minha avó sempre disse que fazenda que anda muito ao sol arruça muito depressa. Dê graças por ter menos uma hora e meia de arrussanço ( e agora, como se escreve o que não existe?).
E já agora, por aqui os golos entraram todos e se esperar um pouco vai ver que aí também entram.

Anónimo disse...

Olívia...

...de lado nenhum... anónima (graças a Deus) a todos os meus sentidos ..quanta petulância!!! Quanta arrogância!!!! Quanta má educação!!!Quanta "cagança" sem sentimento!!!
Poderia responder-lhe, à letra, escalando a parada de insultos e juízos de valor que iniciou.

Porém, por consideração e AMIZADE ao autor deste blog...não o vou fazer! O "fedor da catabumca" que produziu...fica assim, inteirinho para si. Nasce e morre consigo! É que há catacumcas em que gente (gentinha ou gentalha) entra, sai e espana-se à vontade e nos quais uma formiga se recusa a parar!

Desejo-lhe a mesma "relvinha verde" para a sua vida, com a certeza, acrescida, de que nem precisará adicionar cuidados especiais com os pesticidas!

Estou certa, que a sua saliva já produziu imunidade para conviver com eles...sem problema!

Seja feliz ( se for capaz).

Daniel de Sá,

Deixe-se de birrinhas e continue a fazer humor mas, por favor, quando alguém lhe disser "este assunto é-me particularmente sensível" não se esqueça que tem duas opções:
- Ou respeita,
- Ou força a corda e leva com os estilhaços.

Espero voltar a vê-lo.

rvn,

Obrigada por ter percebido "as molas que me fizeram saltar"

Beijo

Teresa,

Gosto do que escreve! Fá-lo com coêrencia, beleza, educação e fundamento.
Aguardo a sua resposta, sem a certeza de vir a concordar com ela mas, com a convicção de que se fará (como o tem feito sempre) respeitar.

Um carinho

Anónimo disse...

formiga,

e agora? das piores coisas que me podem acontecer é ligar para para um organismo público qualquer pronta para partir a loiça toda e aparecer-me uma telefonista simpática...

tiro-lhe o chapéu porque me tirou o tapete... vou pensar como a desancar de uma forma airosa...

Anónimo disse...

Formiga,
Cheira-me que essa Teresa não está a preparar das boas querida tenha cuidado que á formigas carnivras

Anónimo disse...

rui,
este seu blog é um ninho de gajedo eheheheh
parabens e continue, amigo.

Anónimo disse...

amigo da onça,

gaijedo meu querido, gaijedo... e, se é amigo da onça, ela já o deve ter avisado para não a cutucar com vara curta.

Anónimo disse...

Formiga, eu não respeitei?
Pelo menos não foi essa a intenção. Não sou santo, mas não costumo ofender conscientemente.

Anónimo disse...

Teresa,

Faça-o como e quando lhe apetecer!
"Desancar de uma forma airosa" será algo que, estou certa, a Teresa não terá dificuldades em conseguir.

É necessário "desancar" para que os diálogos não virem monólogos e é exactamente, neste "bailado" que se percebe quem o faz de salto alto ou de chinelo no pé!

Anónimo disse...

Formiga
Que agressividade, que arrogância a sua. Que ódio, que rancor você deixou transparecer no que escreveu ! Vou-me embora, cabisbaixa, com o peso de tanta maldade. Realmente há marcas que ficam para a vida inteira. E os outros ou forçosamente as aceitam ou levam com os estilhaços. É uma nova forma de educação que eu desconhecia. Se um dia tiver netos, não se esqueça de aconselhar a sua filha a não os pôr no tal colégio.
Seja feliz, se conseguir.

Rui Vasco Neto disse...

daniel,
quanto ao rui almeida não sei.
quanto ao hino, sei a letra de cor e fiz um arranjo para guitarra portuguesa e viola que estreei na série "À luz da lei", RTP-1,1994, que era um mimo, passe a vaidade...

teresa e formiga,
chiuf chiuf, que bonito vê-las nos braços uma da outra...

quem avisa,
vá lá, não meta veneno.

onça's friend (diria o Faulkner, ó daniel),
sabe como é, a malta...

gaija,
calma na vara.

daniel,
sempre atencioso...


amigos, porra:
que trabalhêra!

Rui Vasco Neto disse...

olivia,
nem a patroa nem a criada que eu conheci à Silva reagiriam assim.

Anónimo disse...

Daniel de Sá,


Que é isso de "ofensa"??!!! Que coisa tão grande para tão pouco.

"Respeitar" aqui, significa ,tão simplesmente, não puxar pela língua em assunto "particularmente sensível".

Um sorriso, tá?

Anónimo disse...

Olívia....

Vá...siga em paz e não se esqueça que "quem semeia ventos colhe tempestades"!

rui vasco neto,
Foi exactamente para lhe dar esta trabalhêra que tanto gosta....que uma formiga surgiu!!! :))))

Anónimo disse...

Rui : Além da consideração e da GRANDE AMIZADE pelo autor do blog, a educação que trago "do berço" é que dita as minhas atitudes em determinadas situações. Certo ? Beijo