Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


quinta-feira, 17 de abril de 2008

Avelino está pior

Eu sei que a nossa terra tem umas figuraças de lá vai alho, assim mais para o norte que para o sul, diga-se em abono da verdade. Todos sabemos, de resto. É o tal país real, o renomado Portugal profundo. Falar grosso parece ser moda caciqueira lá de cima, veja-se Valentim, ouça-se Pinto da Costa, recorde-se Pimenta Machado, isto só para dar três exemplos entre muitos possíveis. Mas mire-se o rol de autarcas nortenhos e lá se encontrarão dinossauros tonitroantes com fartura. Como o inenarrável Avelino Ferreira Torres, hoje razão destas linhas. Sendo que 'razão' é talvez algo forte quando aplicado a Avelino, já que este é completamente estranho e alheio ao próprio conceito. Mas vamos aos factos.

As imagens de Ferreira Torres mostradas ontem e hoje nas televisões ficam muito aquém dos mínimos da decência exigível para qualquer indivíduo, mesmo já considerando que estamos a falar do Avelino-pontapés-no-estádio-de-futebol, do Ferreira-dos-cambalachos-no-Marco, ou do Torres-das testemunhas-que-desaparecem-misteriosamente. Mesmo assim ontem foi demais. A cena passa-se à porta do Tribunal onde Avelino acaba de prestar declarações e de onde sai irritado e a cabrear a eito. Com a comunicação social à porta, não se fez rogado e foi igual a si próprio: «Não é essa senhora engenheira doutora juiza que me vai agora mandar calar ou dizer quando é que eu falo que eu não lhe admito, eu sou maior de idade e sou mais velho que ela e sou educado.» Inacreditável, não é? Mas tem uma razão, que Ferreira Torres explica logo a seguir, raivoso: «Eu quero lá saber da lei para alguma coisa, pá! Eu preocupo-me é com a minha consciência, pá!».

3 comentários:

samuel disse...

«Eu preocupo-me é com a minha consciência, pá!».

Um dia havia de estar de acordo com o Avelino em alguma coisa...
Está preocupado com a sua consciência e está cheio de razão. Uma consciência desaparecida há tantos anos, sem dar um sinal que seja... já deve ter falecido.

Abraço

Anónimo disse...

Mas este personagem tem consciência ?
Admitindo que a tem, imaginem só o que lhe vai no subconsciente...

Anónimo disse...

Não, não sou o único,
Não sou o único a olhar o céu !