Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


domingo, 27 de abril de 2008

Ecce homo

Hoje a minha terra acordou engalanada para assistir ao passeio anual do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Que já começou, às quatro e meia da tarde, no Largo de São Francisco. Durante cinco, seis horas de procissão, o andor que transporta a imagem venerada corre as ruas da cidade de Ponta Delgada, trilhando simultâneamente os caminhos da fé de cada um pelas artérias do coração micaelense.
Hoje é o dia da festa da devoção açoriana. E o meu coração lá está também, na minha ilha, hoje feita altar florido que, do meio do oceano, envia para o mundo inteiro, mais uma vez, uma mensagem de humildade e de Fé num Cristo de amor, redentor dos feios pecados da espécie humana. Hoje, na cadência do passo da procissão, a minha gente dá-se aos olhos de Deus e dos outros, num testemunho sentido e vivido pelas mesmas ruas, todos os anos com entusiasmo crescente, por gerações filhas de gerações filhas de gerações que já cresceram neste culto multisecular açoriano.
Hoje, Ponta Delgada é cidade capital da Fé cristã. E eu, mesmo preso aqui, lá estarei, pedra entre as pedras da rua, inteiro de coração.

2 comentários:

Anónimo disse...

endeuíaresinquingueofeiú.uíquisseiú.uíôpetusiiúsúne.

Anónimo disse...

Estou a beber um William Lawson's de doze anos (oferecido por um bendito cunhado) e este "coiso" é que está bêbedo...