
A publicação desta foto de Fernanda Tadeu, mulher de António Costa, tirada em plena manifestação de professores do passado domingo, na capa do Diário de Notícias desta terça-feira, é para mim mais um passo na aparente vinteequatrohorização crescente do maior jornal diário de referência do nosso país. Não está em causa o valor da cacha de Rodrigo Cabrita, o autor da foto, mas antes a oportunidade e o valor (em termos de destaque editorial) que o DN lhe dá. Não está em causa a motivação de Fernanda Tadeu para estar presente nesta marcha de indignação, mas sim a motivação do DN para assim fazer presente uma qualquer atitude de António Costa através da indignação da sua cara metade. A opção editorial da direcção do DN é passível de leituras várias, algumas delas francamente desprestigiantes para aquele prestigiado órgão de informação, outras que nem tanto e até aplaudem a decisão. Na blogosfera as opiniões não faltam, muitas apenas roçando o essencial ou até a verdade. A presença de Fernanda Tadeu entre cem mil manifestantes não é
«é um facto político que não deve ser ignorado», como diz por exemplo Francisco de Almeida Leite no Corta-Fitas, onde também pode ser conhecida
posição oposta com assinatura de João Távora. Nem Fernanda Tadeu é sequer
«Professora universitária, militante do PS, ex-secretária de estado do ensino básico», como afirma Paulo Pinto Mascarenhas no seu Blogue Atlântico, a meio de uma piadinha menor desprovida dos mínimos de graça.
Não terá havido maldade em estado puro nesta opção editorial do DN, quero acreditar, antes um chico-espertismo incompatível com a estatura da credibilidade daquele jornal enquanto órgão de referência que é na comunicação nacional. Mas a intenção de chicana política, bem como um guloso oportunismo populista, são por demais evidentes em mais esta incursão do DN por terrenos lamacentos mais próprios do tablóide 24Horas. Recorde-se que tudo isto acontece apenas poucas edições após aquela que exibiu, também na capa do DN, a foto de gosto duvidoso de uma Alexandra Neno de roupas descompostas e peito desnudado, durante as tentativas de reanimação que acabariam por falhar. Dois deslizes graves, na minha opinião. Escusados. Sendo que este último traz um ruído desnecessário a uma questão fundamental que traz o país dividido e preocupado com o seu futuro, atento à importância das palavras e atitudes daqueles que são responsáveis pela política nacional. Não ao que fazem ou dizem as suas mulheres ou maridos.
5 comentários:
Ora, ora, caro Rui.
Depois das "vidas reais", acontece cada irrealidade neste mundo de Cristo...
Toma um cházinho de tília, vais ver que isso passa.
eumesmónimo,
claro, claro, as vidas reais, o supremo argumento da inteligência superior. Não me admira que tivesse optado pelo anonimato. Mas registo a sua dificuldade em deixar um insulto, ficando-se pela tília. Considerando os considerandos e os apesares,parece-me um bom sinal. Para os dois.
cumprimentos.
"você mesmo" : vá-se catar !!! Que vulgaridade ...
Rui, bem analisada a questão. Que pode resumir-se nisto: se Portugal é uma democracia, a presença de Fernanda Tadeu na manifestação é praticmanente irrelevante; se não somos, afinal, tão democratas como gostaríamos de ser, estar lá a mulher de António Costa é um sinal de esperança digno de realce.
daniel,
mais se passa para além da taprobana. Abre os olhos.
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