Elliot Spitzer, o actual Governador de Nova York, era até ontem detentor de uma reputação impoluta de seriedade e incorruptibilidade, pessoal e política. Uma autêntica raridade, nos dias que correm. Há mais de dez anos que Spitzer vem sendo um dos nomes fortes do Partido Democrata norte-americano. Foi Procurador Geral (Attourney General) de Nova York até se tornar Governador do Estado em 2006. A sua força política, que lhe serviu de base para chegar à Procuradoria Geral derrotando ao tempo o republicano Dennis Vacco, foi feita à custa de importantes combates contra o crime organizado, com natural destaque para aquele que protagonizou em 1992 e que marcou o fim do controle da família Gambino sobre os transportes rodoviários em Manhathan. E assim Spitzer saltou para as páginas dos jornais como um exemplo de justiceiro político, mais um Eliot depois do mítico Ness de saudosa memória. E a América adora heróis, hoje e sempre, é a sua principal indústria, de resto.
Daí para a frente, já como atourney general, Spitzer protagonizou e venceu casos de corrupção, fraude fiscal, fraude na internet, protecção do ambiente, o chamado Mutual Fund scandal em 2003, ou ainda o caso Richard Grasso, o presidente da New York Stock Exchange, acusado por Spitzer do recebimento ilícito de mais de 140 milhões de dólares. Como Governador, não deixou as grandes polémicas, dando até o seu contributo pessoal para criar uma ou outra, casos das propostas legislativas para casamentos do mesmo sexo ou cartas de condução para emigrantes ilegais, dois temas quentes do seu consulado. Tudo isto ajudou a muscular a sua imagem justiceira junto de um eleitorado de injustiçados crónicos. De tal forma era sólida esta sua reputação de lisura que Spitzer era por hábito referido como 'Mr.Clean', quer na imprensa quer no dizer popular, o que é revelador do tipo de imagem que Elliot Spitzer tinha junto dos seus eleitores. Repararam no tempo dos verbos? 'Era', 'tinha'? Pois. Tempo passado.
Ontem, o New York Times publicava toda a história do envolvimento do governador numa rede de prostituição de luxo, a Emperors Club VIP, um serviço de prazer à hora que cobrava nada menos que mil dólares por cada uma das muitas horas que Spitzer saboreou com companhia encomendada a la carte, como comprovaram as escutas feitas pelo FBI e que vieram tramar Eliot: «American, petite, very pretty brunette, 5 feet 5 inches and 105 pounds», pediu o governador para a suite 871 do Mayflower Hotel, em Washington, numa das 'sete ou oito ligações' amorosas que os G-Man conseguiram documentar e que lhe custaram mais de quinze mil dólares, ao longo de seis meses. Ao publicar a história na sua edição desta segunda-feira, o New York Times sujava Mr. Clean de vez e a sua credibilidade levava um sério abalo. Eliot Spitzer veio então à televisão nacional para, perante a América e com a sua mulher ao lado, pedir desculpas ao seu público eleitor. Em particular à sua família, cuja confiança afirmou querer recuperar a todo o custo, sendo essa a sua tarefa primeira nos tempos mais próximos. Quanto ao resto, diz-se à espera da reacção política que não deixará de vir, por certo.*
Está então para ver se Mr. Spitzer consegue sobreviver à morte de Mr.Clean e aos salpicos de mais esta escandaleira sexual, o pecado preferido dos americanos, como é sabido. Aconteça o que acontecer, Eliot Spitzer preencheu já mais uma página fantástica no pesado calhamaço da baixaria política norte-americana com esta história exemplar da sua fulgurante ascensão à cúpula dos putanheiros&debochados do partido democrata, onde já brilhavam nomes como o de Bill Clinton, só para dar um modesto exemplo. Não que o Partido Republicano fique a perder na comparação, nada disso. Ainda no mês passado, por exemplo, foi notícia a história de Larry Craig, senador republicano do Idaho, preso por tentar engatar um polícia que urinava ao seu lado no WC do aeroporto de Minnesota. Mas antes já tinha sido notícia o anúncio da homossexualidade daquele senador democrata que era alvo de chantagem pelo seu amante, e que deu origem ao best seller escrito pela sua mulher açoriana, Dina Matos McGreevey, lembram-se? Pois é. Na América é assim, quando toca a brincar com as respectivas pilinhas, um senador é um senador e são igualmente danadinhos para a brincadeira, republicanos ou democratas. Por essas e por outras é que a ideia de ter um rabo de saia na Sala Oval abre todo um universo de possibilidades inovadoras. À partida, teria pelo menos o condão de fechar todo um capítulo de badalhoquice masculina na alta política norte-americana. Ou de abrir outro, nunca se sabe, no feminino desta vez. Nunca se sabe. Nunca se sabe nada, na América. Tudo é possível. Tudo.
*Actualização ás 16:00h: Como se esperava, as consequências políticas do devaneio sexual do governador eram inevitáveis, nesta América de hipócrita moralidade pública. Eliot Spitzer pediu já hoje a sua demissão do cargo de Governador do Estado de Nova York, juntando-se assim ao extenso rol de vítimas de sua própria braguilha na alta política norte americana. Curioso este país onde toda a obscenidade tem cabimento por toda a parte, até na cadeira presidencial da nação, mas desde que não meta sexo e, sobretudo, desde que não se saiba. Que a América perdoa mais depressa a um político uma guerra mal decidida que uma queca fora do matrimónio.
Daí para a frente, já como atourney general, Spitzer protagonizou e venceu casos de corrupção, fraude fiscal, fraude na internet, protecção do ambiente, o chamado Mutual Fund scandal em 2003, ou ainda o caso Richard Grasso, o presidente da New York Stock Exchange, acusado por Spitzer do recebimento ilícito de mais de 140 milhões de dólares. Como Governador, não deixou as grandes polémicas, dando até o seu contributo pessoal para criar uma ou outra, casos das propostas legislativas para casamentos do mesmo sexo ou cartas de condução para emigrantes ilegais, dois temas quentes do seu consulado. Tudo isto ajudou a muscular a sua imagem justiceira junto de um eleitorado de injustiçados crónicos. De tal forma era sólida esta sua reputação de lisura que Spitzer era por hábito referido como 'Mr.Clean', quer na imprensa quer no dizer popular, o que é revelador do tipo de imagem que Elliot Spitzer tinha junto dos seus eleitores. Repararam no tempo dos verbos? 'Era', 'tinha'? Pois. Tempo passado.
Ontem, o New York Times publicava toda a história do envolvimento do governador numa rede de prostituição de luxo, a Emperors Club VIP, um serviço de prazer à hora que cobrava nada menos que mil dólares por cada uma das muitas horas que Spitzer saboreou com companhia encomendada a la carte, como comprovaram as escutas feitas pelo FBI e que vieram tramar Eliot: «American, petite, very pretty brunette, 5 feet 5 inches and 105 pounds», pediu o governador para a suite 871 do Mayflower Hotel, em Washington, numa das 'sete ou oito ligações' amorosas que os G-Man conseguiram documentar e que lhe custaram mais de quinze mil dólares, ao longo de seis meses. Ao publicar a história na sua edição desta segunda-feira, o New York Times sujava Mr. Clean de vez e a sua credibilidade levava um sério abalo. Eliot Spitzer veio então à televisão nacional para, perante a América e com a sua mulher ao lado, pedir desculpas ao seu público eleitor. Em particular à sua família, cuja confiança afirmou querer recuperar a todo o custo, sendo essa a sua tarefa primeira nos tempos mais próximos. Quanto ao resto, diz-se à espera da reacção política que não deixará de vir, por certo.*
Está então para ver se Mr. Spitzer consegue sobreviver à morte de Mr.Clean e aos salpicos de mais esta escandaleira sexual, o pecado preferido dos americanos, como é sabido. Aconteça o que acontecer, Eliot Spitzer preencheu já mais uma página fantástica no pesado calhamaço da baixaria política norte-americana com esta história exemplar da sua fulgurante ascensão à cúpula dos putanheiros&debochados do partido democrata, onde já brilhavam nomes como o de Bill Clinton, só para dar um modesto exemplo. Não que o Partido Republicano fique a perder na comparação, nada disso. Ainda no mês passado, por exemplo, foi notícia a história de Larry Craig, senador republicano do Idaho, preso por tentar engatar um polícia que urinava ao seu lado no WC do aeroporto de Minnesota. Mas antes já tinha sido notícia o anúncio da homossexualidade daquele senador democrata que era alvo de chantagem pelo seu amante, e que deu origem ao best seller escrito pela sua mulher açoriana, Dina Matos McGreevey, lembram-se? Pois é. Na América é assim, quando toca a brincar com as respectivas pilinhas, um senador é um senador e são igualmente danadinhos para a brincadeira, republicanos ou democratas. Por essas e por outras é que a ideia de ter um rabo de saia na Sala Oval abre todo um universo de possibilidades inovadoras. À partida, teria pelo menos o condão de fechar todo um capítulo de badalhoquice masculina na alta política norte-americana. Ou de abrir outro, nunca se sabe, no feminino desta vez. Nunca se sabe. Nunca se sabe nada, na América. Tudo é possível. Tudo.
*Actualização ás 16:00h: Como se esperava, as consequências políticas do devaneio sexual do governador eram inevitáveis, nesta América de hipócrita moralidade pública. Eliot Spitzer pediu já hoje a sua demissão do cargo de Governador do Estado de Nova York, juntando-se assim ao extenso rol de vítimas de sua própria braguilha na alta política norte americana. Curioso este país onde toda a obscenidade tem cabimento por toda a parte, até na cadeira presidencial da nação, mas desde que não meta sexo e, sobretudo, desde que não se saiba. Que a América perdoa mais depressa a um político uma guerra mal decidida que uma queca fora do matrimónio.
6 comentários:
A Lewinski, que se saiba, era mais trabalhos de boca do que quecas...
Não havia sexo na coisa? Ou coisa no sexo?
"você mesmo" : ordinarinho, não ?
Este anónimo é parvinho de nascença, nada a fazer.
todo o esc�ndalo sexual merece ser cantado em verso eheheh
Fernando Correia Pina
Soneto a Bill Clinton � 2
N�o h� nos pavorosos arsenais
que da paz desmentem as esperan�as
outra arma de efeitos t�o letais
como aquele cacete do Arkansas.
Cada vez que ele se entesa, as capitais
entram em crise, tremem as finan�as,
as bolsas caem, sobem os jornais,
experimenta o mundo dr�sticas mudan�as.
Picha mir�fica, quase omnipotente,
carnal farol que guia o ocidente,
purp�reo sol da pot�ncia hegem�nica.
Se eu tivesse um instrumento assim,
guardava-o numa torre de marfim,
jamais o dava a chupar � M�nica.
one word:
bolas!
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