Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sexta-feira, 21 de março de 2008

No Dia Mundial da Poesia

Quero às palavras como às amantes
(mais a umas do que às outras
confesso e é natural)
que as palavras, mesmo loucas,
mentirosas, inconstantes,
são melhores do que as amantes:
não me fazem tanto mal.

Dizem-me que hoje é o dia
de lembrar a todo o mundo
o universo dos poetas:
as palavras! Que, no fundo,
são de todos, dos patetas,
dos tristes, dos geniais,
dos uns que lhes querem mais
que os outros que as maltratam
(e às vezes com elas matam)
a quem escapa a fantasia
que mora nas entrelinhas...

As palavras não são minhas
mas se fossem, eu garanto
esta intenção verdadeira:
às palavras quero tanto
(ai! tanto lhes quero, tanto!)
que não marcaria um dia
para as palmas mundiais
mas antes a vida inteira
milhares de vezes um dia!
E não seria demais
para lembrar a Poesia.

5 comentários:

samuel disse...

Muito bom!

Abreijos

Anónimo disse...

Isso de haver um dia da poesia é como haver um também do Sol.
Belo poema, Rui.

Sabina disse...

Belíssimo!

Parabéns.

Maria disse...

Excelente....
Muito obrigada.

Abraço

Anónimo disse...

belas palavras!
abreijos,
Maria (açoriana)