Um bebé de 3 meses morreu ontem enquanto era transportado do Centro de Saúde de Carregal do Sal para o Hospital de Viseu. A ambulância que transportou a criança só tinha um tripulante. O médico do centro de saúde diz que não chamou o INEM porque achou que não era necessário. O transporte foi feito pelos Bombeiros Voluntários de Cabanas de Viriato. Dentro da ambulância seguia apenas o motorista, ao contrário daquilo que a lei obriga. O comandante diz que apenas fez o que lhe pediram. A menina chegou já morta ao Hospital de Viseu. Dirão as pessoas de bem que qualquer comentário de associação com a actual corrente de críticas ao ministro da saúde pode resvalar para a demagogia fácil. Se for feito por um jornalista, então, dirão os palermas do costume que os jornalistas empolam tudo e são uns exagerados, como os publicitários. Eu, que tenho mau feitio, digo 'tá bem' às pessoas de bem e 'bardamerda' aos palermas do costume. Nos quais se inclui aquele sujeitinho arrogante e sabichão que há duas semanas atrás jurou ao país inteiro, num directo de três horas de televisão, que as modernas ambulâncias resolviam tudo e mais alguma coisa, porque estavam equipadas com o melhor em termos técnicos e humanos, e que as populações estavam muito melhor servidas agora, depois da reforma. Pois um grande bardamerda para ele também. Ou melhor, dois. Um por mim e outro por esta criança que não conheci mas que podia ter sido qualquer um de nós. E que morreu de incúria e estupidez no retrato socrático deste Portugal do século vinte e um.sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Bardamerda
Um bebé de 3 meses morreu ontem enquanto era transportado do Centro de Saúde de Carregal do Sal para o Hospital de Viseu. A ambulância que transportou a criança só tinha um tripulante. O médico do centro de saúde diz que não chamou o INEM porque achou que não era necessário. O transporte foi feito pelos Bombeiros Voluntários de Cabanas de Viriato. Dentro da ambulância seguia apenas o motorista, ao contrário daquilo que a lei obriga. O comandante diz que apenas fez o que lhe pediram. A menina chegou já morta ao Hospital de Viseu. Dirão as pessoas de bem que qualquer comentário de associação com a actual corrente de críticas ao ministro da saúde pode resvalar para a demagogia fácil. Se for feito por um jornalista, então, dirão os palermas do costume que os jornalistas empolam tudo e são uns exagerados, como os publicitários. Eu, que tenho mau feitio, digo 'tá bem' às pessoas de bem e 'bardamerda' aos palermas do costume. Nos quais se inclui aquele sujeitinho arrogante e sabichão que há duas semanas atrás jurou ao país inteiro, num directo de três horas de televisão, que as modernas ambulâncias resolviam tudo e mais alguma coisa, porque estavam equipadas com o melhor em termos técnicos e humanos, e que as populações estavam muito melhor servidas agora, depois da reforma. Pois um grande bardamerda para ele também. Ou melhor, dois. Um por mim e outro por esta criança que não conheci mas que podia ter sido qualquer um de nós. E que morreu de incúria e estupidez no retrato socrático deste Portugal do século vinte e um.
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1 comentário:
Concordo contigo, mas acrecento que também há aí erro grave do médico que, se achava que não tinha condições para tratar a criança devria ter chamado o INEM - que tem pessoal habilitado para acorrer a situações complicadas, ou pelo menos é suposto que tenha - e não apenas uma ambulância dos bombeiros que, como todos aqueles que, infelizmente, já tiveram que utilizar tais serviços, por muito bem intencionados e profissionais que os bombeiros sejam, não são profissionais de saúde.
A saúde, em geral, está a precisar de uma consultinha urgente... Só não te sei dizer de que especialidade, ou onde...
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