Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sábado, 26 de janeiro de 2008

Eu nada sei

Só hoje ouvi de viva voz as declarações do senhor Bastonário da Ordem dos Advogados. Só hoje o vi na televisão. Aparentemente, não trazia a gravata do clube dos homens da massa, pessoal da influência, coração do poder, rapaziada do almoço lucrativo que ganha cinco milhões de contos entre as dez da manhã e as cinco da tarde, atletas do tripo salto de um edifício público para o privado em duas escrituras no mesmo dia.

Sócrates tem a frase do dia, em Monsarraz: «Eu nada sei...o que é que ele quer dizer...», antes de ir oferecer cento e não sei quantos computadores à praça de touros de Évora, com direito a banda sonora de uma manifestação de protesto ao serviço de saúde, cá fora. O PGR já disse, vamos todos fazer um rigoroso inquérito às acusações do senhor Bastonário. Foi a única coisa que me tranquilizou, confesso. Daqui para a frente vai mudar tudo, vão ver, vai ser tudo diferente. Com este rigoroso inquérito, acaba-se a corrupção em Portugal. São favas contadas.

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