Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O docinho presidencial

De visita a Arouca, o Presidente da República foi provar os docinhos conventuais à cozinha do Mosteiro. E provocou a gargalhada geral quando, bem humorado, fez a graça do dia: «A ASAE já esteve aqui?», quis saber Cavaco, em tom maroto. Depois da gargalhada cúmplice de todos, esclareceu. «Tem que haver bom senso em tudo na vida, na política também», disse o Presidente, no dia em que António Nunes sua as estopinhas no parlamento nacional, a tentar explicar aos deputados da nação o difícil de ser explicado.

Claro e lapidar, quero crer que Cavaco Silva fez mais pelo seu consulado com este dito, em termos de simpatia e identificação com o povo que representa, do que com os discursos de laudas mil e opiniões de enigma. Eu cá nunca pensei bater palmas a Cavaco Silva, confesso, mas lá que o Presidente mostrou hoje ser capaz de acabar com um tabu tão bem como criou outros no passado, lá isso é verdade. Tão oportuno, tão docinho, tão conventual e tão consensual é que eu não esperava.

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