Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


domingo, 9 de março de 2008

Já dizia o ceguinho

Uma das vozes mais autorizadas e respeitadas do Partido Socialista, António Vitorino, confessou hoje no seu espaço habitual de comentário político na RTP1, "Notas Soltas", a sua convicção pessoal de que o primeiro ministro vai segurar a Ministra da Educação contra todas as correntes e manifestações que possam existir a favor da sua substituição, por mais milhares que venham para as ruas. E vai mesmo mais longe, estabelecendo o inevitável paralelo com o demitido ministro da Saúde. «A substituição de Correia de Campos criou a convicção de que, quando se resiste e persiste, quando se faz barulho, acaba por se ganhar. Ora isso é muito mau para o Governo, porque reforça a resistência às suas reformas», garantiu Vitorino. Segundo o ex-comissário europeu, caso Sócrates optasse agora por substituir a ministra Maria de Lurdes Rodrigues, «o preço a pagar seria uma derrota muito pesada para o Governo», coisa que ele, Vitorino, aparentemente não recomenda ao seu líder partidário. Por isso se manifestou convicto: apesar da contestação dos professores, não obstante estes cem mil na rua em Lisboa, José Sócrates «vai segurar a ministra da Educação até ao fim», garante. Pode até ser, não digo que não. Quem sou eu, de resto, para contrariar um estratega desta dimensão, um animal político de primeiríssima água e fino instinto como António Vitorino. Habituei-me a ver nele um dos senadores da opinião política em Portugal, se é ele quem diz que Maria de Lurdes vai ficar até ao fim, então eu acredito. Só que, não sei porquê, não me parece que o fim a que Vitorino se refere esteja assim tão longe como tudo isso. Chamem-lhe palpite, se quiserem. Mas eu cá falo. A ver vamos, como dizia o cego. A ver vamos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Se a Lourdinhas cair, será o princípio do fim do governo de Sócrates...ora ele prefere o fim do princípio...:-)

Rui Vasco Neto disse...

pirata,
nem mais, lobo do mar. E que é feito de ti, que andas desaparecido cá da loja?

samuel disse...

Rui

É evidente que é apenas "até ao fim"!...
Achas que ele é algum Burt Lancaster e ela a Debora Kerr?

Ângela disse...

Desculpa lá, mas estou baralhada...
O Notas Soltas não é à segunda-feira?
É que ontem, domingo, na RTP1 eu só vi o Prof. Marcelo...
Fora isso, o nosso PM é mais teimoso que um asno (pobre do bicho). Quanto mais lhe mostram qual o caminho que deve tomar, mais gosto ele tem em ir pelo exactamente oposto...

Rui Vasco Neto disse...

sam,
pois.

lita,
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=83370