Morreu Miguel Lemos, colega, amigo, tudo 'ex' por capricho divino que teve lugar hoje. Foi quem me recebeu na RTP, julgo que o meu primeiro editor no canal 1. Não há palavras especiais, nem tinha que haver. Tristeza, sim, a natural. Chegámos à amizade. Foi sempre um homem decente comigo, devo-lhe atenções profissionais. Palavras apenas as suficientes para me lembrar que o meu mundo está cada vez mais cheio de gente que não conheço ou conheço pouco. Os outros vão-se acabando, um por um.
sábado, 8 de março de 2008
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2 comentários:
Ai Rui, muda o título.
Juro que se fica com a sensação de "menos um, não faz falta".
Já estava a estranhar tanta falta de sensibilidade. Afinal, o texto contraria o título (ou pelo menos o que ele sugere) e até dá-lhe sentido.
Mas a primeira impressão...
mifas,
Sou uma vítima profissional da primeira impressão dos outros, facto que a eventualidade da minha culpa pontual não altera ou impede. Se calhar, de tanto o ser sem querer, acabei por ganhar agora o inconsciente mecanismo de me pôr até a jeito, seja por pura provocação, (o que evidentemente não é o caso) seja por me estar nas tintas para o que os outros decidem à partida que deve ser só porque gostariam que fosse assim, por conveniência de malvadez própria da espécie. E então estico-lhes a corda, só pelo gozo de imaginar a cambalhota dupla das expectativas mirambolantes de cada gambozino apanhado.
Neste caso em particular trata-se de uma reacção na hora a uma notícia que me toca pessoalmente. O itálico revela a reflexão privada, e o que sai nessas condições é o coração a falar, não se corrige, não se emboneca para mostrar à madrinha. Por mais arrogante que te possa soar, a verdade é que em casos destes se permite aos outros o privégio da partilha, nada mais. E assim se espera alcançar um instante de comunhão no sentir, seja este comum ou não a quem lê. É sempre uma entrega de verdade, só assim faz sentido. Quem conseguir a proeza de ver aquém da decência num post destes, sofre de miopia de alma e é merecedor da piedade devida aos poucochinhos de espírito.
Já em termos estritos de língua portuguesa, a observação que fazes tem toda a pertinência, é por demais evidente a possibilidade alternativa de mau gosto. Eu poderia ser uma pessoa capaz de escrever uma coisa assim como tu própria imaginaste possível. Mas afinal não sou. Ao leres, constataste o contrário, foste surpreendida pela positiva, pela minha já não esperada decência. E viste que afinal eu era um nadita menos pior (!!) que me julgavas. Que tudo fazia sentido no final, de resto o local apropriado para esse efeito, a arte está em chegar lá por caminhos mais bonitos que a auto-estrada da vulgaridade. E foi lá, no sentido finalmente por ti encontrado, que finalmente nos encontrámos também. Ora diz-me, não ficaste feliz? Não foi uma revelação absolutamente divinal? Foi tão bom para ti como foi para mim?
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