Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

De papo cheio

Foi no passado dia 28 de Setembro que os argentinos Reinaldo Waveqche e Adelfa Volpes se casaram num cartório notarial de Santa Fé. Ele com 24 anos, ela com 82. À notícia do casamento seguiram-se muitas outras, que davam conta de quase todos os passos do casal na sua lua de mel pelo Rio de Janeiro, entrevistas a jornais, revistas e cadeias de televisão. O mundo seguiu a história deste casamento pouco vulgar com a sua habitual impiedade. De todo o lado choveram críticas aos noivos, sobretudo a Reinaldo, acusado de ter casado para ficar com o dinheiro de Adelfa, mesmo depois desta ter revelado que já havia passado todos os seus bens para ele por intermédio de uma doação em vida, ocorrida antes do casamento dos dois.

Na noite de domingo para segunda feira passada, Adélia Volpes morreu numa clínica em Santa Fé, depois de ter regressado da sua viagem de núpcias. O cardiologista que a assistiu, Marcelo Engler, disse que "a televisão e os programas que falavam mal do casamento são indirectamente responsáveis pela morte dela". Mas o viúvo Reinaldo tem outra explicação. “Foi uma lua-de-mel de loucos. Por isso ela está onde está”, disse Wavegche, que concluíu: “Ela desfrutou muito, isso é o que importa.”

RVN

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