
Nenhum preto do mundo ficou mais branco em 1964, quando o Prémio foi atribuído a Martin Luther King, ou quando vinte anos depois foi dado ao Bispo Desmond Tutu. Mas ficaram todos mais gente, nos seus próprios países e aos olhos de um Ocidente estrábico e racista. E sobretudo por dentro, que bastam cem errados por cada certo para conseguir semear a dúvida na mais justa das causas. Como acontecia em Timor, para onde foi o Nobel de 96, entregue à guarda de Ramos Horta e D.Ximenes Belo. Ou em Burma, onde em 1991 Aung Suu Kyi soube em prisão domiciliária que tinha ganho o Nobel da Paz. Não seria essa a ideia do senhor Alfred? A primeira escolha de todas diz-me que sim. Em 1901, quando havia só mortos e poucos feridos nas muitas guerras, por ausência do conceito de humanidade para com os vencidos, Jean Henri Dunant foi premiado com o primeiro de todos os Nobel da Paz. O fundador da Cruz Vermelha passou ele próprio a ser uma imagem da paz. Uma bandeira da mais elementar decência entre seres humanos infectados pela desunião. As guerras continuam até hoje, nem por isso mais decentes.
Gerida por cifrões de várias línguas, a terra vai girando nem mais nem menos, apenas pior. A administração global tem o cinismo do dinheiro e um coração de prestamista. Vê a desgraça dos outros com lentes Zeiss de distância inteira. Talvez por isso não distinga de perto a triste resignação dos mortos de fome que aguardam o Alto Comissário para os Refugiados e vêem aparecer o Engº Guterres e um batalhão de fotógrafos. Mais cruel só mesmo enviar uma caixa de Alka Seltzer e guardanapos.

RVN
1 comentário:
tu não gostas é do gajo.. eheheheh
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