
Foi Amália Morgado quem enviou uma participação ao procurador-geral da República, Pinto Monteiro, sobre factos que lhe suscitaram dúvidas no âmbito de um processo em que Carolina Salgado, ex-companheira do presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, acabaria por ser acusada pelo MP por autoria moral dos crimes de incêndio e de ofensa à integridade física grave qualificada.
Na entrevista, a magistrada teceu várias críticas a procedimentos do MP e da Polícia Judiciária, no que toca a escutas telefónicas, bem como a colegas juízes, sobre quem denunciou utilizarem formulários pré-existentes e completados por funcionários judiciais com os nomes dos arguidos, para terem menos trabalho na elaboração de despachos judiciais.
A directora do DIAP do Porto, Hortênsia Calçada, leu e enviou uma participação para o Conselho Superior de Magistratura sobre a entrevista. Para além disso, a denúncia de Amália Morgado está entre o conjunto de casos sob averiguação pela Procuradoria Geral da República, como as declarações da irmã de Carolina que comprometiam Maria José Morgado e um inspector da PJ encarregue da investigação Apito Dourado.
Amália Morgado já foi ouvida por um inspector judicial. Agora, três coisas podem acontecer. A denúncia assumida de uma juiza presidente do TIC sobre deficiências graves e corrupção no sistema judicial a que pertence pode resultar em inquérito ordenado pelo CSM. Ou pode resultar num processo disciplinar contra Amália Morgado por ter aberto a boca para além do desenho dos lábios.
Resta uma terceira hipótese aos superiores conselheiros de toda a magistratura. Podem mandar arquivar a denúncia, mais a denúncia da denúncia e mais os próprios factos, tudo por baixo de quatro camadas de jurisprudência pesquisada nas colectâneas, num desvio para canto a toque de calcanhar. E todos viveremos felizes para sempre. Aceitam-se apostas sobre o que vai acontecer.
RVN
6 comentários:
meu caro, este processo está ferido pelo pecado original: "somos todos corruptíveis".
a justiça neste País anda com o semblante distraído...bem distraído!
caríssimo (a?):
mais que distraído eu diria carregado, o semblante da justiça portuguesa.
carregado de pesos mortos que vivem, e mais e pior: que se perpetuam no sistema tempo após tempo.
já dizia Mira Amaral «as pessoas têm uma certa razão nas suas desconfianças»...
rvn
caríssimo (a?):
mais que distraído eu diria carregado, o semblante da justiça portuguesa.
carregado de pesos mortos que vivem, e mais e pior: que se perpetuam no sistema tempo após tempo.
já dizia Mira Amaral «as pessoas têm uma certa razão nas suas desconfianças»...
rvn
olha: falei duas vezes?
Falaste duas vezes, mas até o Padre António Vieira repetia frases ditas para lhes dar mais força. Entretanto, Portugal vai-se modernizando. Por que razão só nos Estados Unidos ou na Inglaterra um qualquer Caryl Chessman, uma Mónica Lewinsky, ou um ex-amante de Lady Di haveriam de fazer dinheiro com os seus maus comportamentos? Este é o caminho da civilização rumo à fortuna: assumir as indecências próprias. Ser bem comportado não costuma dar dinheiro.
Daniel:
É da praxe, meu amigo. O fado é miserável. Não nasceu no dinheiro e nunca deu dinheiro a ninguém.
rvn
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