Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sábado, 27 de outubro de 2007

Então e hoje fazemos o quê?

«Dificilmente conseguimos alcançar a perfeição de oferecer a outra face a quem nos bate, mas o desprezo teria quase o mesmo efeito. O orgulho, porém, é muitas vezes mais forte que o nosso desejo de paz. Ou até nos apetecem mesmo algumas guerras, para provarmos que somos capazes de enfrentá-las ou de atiçá-las. No entanto, as palavras do ódio não são nunca proferidas por uma língua eloquente.»
A frase não é minha. Mas tenho pena, confesso. O conceito que exprime também não é novo, mas eu cá não me importo com minudências. A questão é que hoje é sábado e está sol. Putin foi-se, Pinto da Costa casa-se, a Califórnia arde menos e os brancos Springboks campeões sul-africanos de rugby vão jogar com os pretos em pleno Soweto, pela primeira vez. E eu, se tenho que pensar em alguma coisa de jeito e à escolha, penso nestas palavras que Daniel de Sá, escritor, açoriano e boa gente, escreveu ontem mesmo no Aspirina B.
E você, tem que fazer hoje?

RVN

8 comentários:

Anónimo disse...

Gostei de encontrar aqui este belo texto de Daniel de Sá, que não conheço a não ser dos escritos.
“O orgulho é muitas vezes mais forte que o nosso desejo de paz”. Pois é. Porque o orgulho (pelo menos o meu) reage mal à maldade, à injustiça, à mentira. Depois, é a guerra (de palavras, entenda-se). Mas nunca chego ao ódio. Sou incapaz disso, por natureza. E fico a meditar no texto do Daniel: poderei considerar-me “uma língua eloquente”? Talvez. No sentido que o Daniel lhe dá…
Ultimamente, não o leio, porque deixei de ler o Aspirina B. O que não quer dizer que (muito) de tempos a tempos, não dê uma espreitadela. O mais curioso é que nessas alturas, já tem acontecido, ver por lá citado o meu nome. Por este ou aquele motivo, que os “aspirínicos” entenderam por bem – na maior parte das vezes, por mal, no que se refere, normalmente, às “vozes” femininas (mas, mesmo assim, nem todas…).
Verdade, verdade, é que até hoje não entendo nem encontro a razão da “guerra” que me tocou. Venceu o meu orgulho (sem ódio). Não me arrependo.

Abraço da Sol

Anónimo disse...

hoje fui almoçar fora, vi o teu blog, fui ver daniel de sá, compreendi e agora vou tratar de mim porque vou armar em patroa hoje à noite ... porque hoje é sábado ! (Vinicius tem coisas lindas de ler !)

Anónimo disse...

Daniel de Sá, com o seu indiscutível belo texto, pôs -me a reflectir sobre os vários graus de orgulho, assim, orgulhosamente lúcida, fiz revista aos meus todos, todinhos, e descobri donde nasce o pior dos piores de todos os orgulhos: da ignorância sobre nós próprios e de uma infinita impotência em aceitar-nos, sendo este o mais requintado.

Anónimo disse...

Sol(edade)
Desse nome nos veio soidade e depois saudade. É lindo!
Pois eu, que não tive o prazer de a ter como companheira no Aspirina, sinto, apesar disso, saudade de si. Estive mesmo para sair, porque me fizeram algo semelhante ao que lhe terão feito. Mas, como às tantas fiquei na dúvida se saía com algum ódio à mistura, e porque também não sei até que medida os que nos odeiam merecem mais atenção pelo seu ódio do que os que nos amam pelo seu amor, resolvi ficar.
Um abraço.
Daniel

Anónimo disse...

verdade, verdade, é que até o orgulho da Sol ilumina!

Rui Vasco Neto disse...

sol:

sou fã do aspirina, como sabe.
de resto, tocámos caminhos, nós dois, via aspirina.
para além do mais o daniel é uma figura que me é querida por razões que ele próprio desconhece, estou certo.
as guerras aspirínicas a que se refere (e que eu suspeito à distância) pertencem a uma realidade que eu desconheço de todo. passam-me por isso completamente ao lado e ainda bem.
mas conta o presente, isso sim.
não acredito que intelectos desconsiderem intelectos por serem do benfica ou por gostarem de sopa de feijão. quero acreditar que por aqui se procuram outros valores e assuntos.
e a prova do que digo é a sua presença aqui, a minha lá, a do daniel cá, etc.
venha sempre, sol.

anónima lúcida:
julgo que a introspecção é altamente recomendada pelo cardeal ratzinger, antes e depois da mitra.
tem por isso a minha benção, igualmente.

anónima não lúcida:
ok.

rvn

Anónimo disse...

Estou a ser muito mimada, Daniel: “…sinto, apesar disso, saudades de si.” Obrigada por isso!
Não sei se deva, mas gostaria de convidá-lo a ir até ao meu Sarrabal.blogs.sapo.pt. Aceita o convite? Se aparecer, gostaria de falar-lhe de um assunto que me tem deixado preocupada. Isto, para não fazer do blog do nosso amigo RVN posta-restante…
Retribuo o abraço!

Anónimo II:
Dizia eu, há uns dias atrás, que suspeitava quem fosse o anónimo que me dirigiu palavras bonitas. Enganei-me, confesso. Mas não é que já tenho outra suspeita?
Abraço da Sol

RVN:
Desculpe aproveitar-me deste seu espaço para fazer convites que levam ao meu Sarrabal…
Inteiramente de acordo: interessa o futuro, os posts com interesse, o convívio virtual, o respeito, a amizade. A procura de valores (que valorizem os que já possuímos), e os assuntos oportunos, que nos façam pensar, sorrir ou mesmo rir com gosto. Não calar o que vai mal e elogiar o que está certo.
Essa dos cinco filhos (que não estava nada à espera e é sempre tão lindo!) é uma das que me fizeram rir. E se o sorriso é necessário, rir é indispensável!
Fico com a sensação de que ando a roubar muito espaço ao seu blog (pelo menos…).
Um abraço da Sol.

Rui Vasco Neto disse...

Sol:

quanto à posta restante, esteja à vontade que, posso-lhe garantir, já fizeram de mim coisas piores...

quanto aos convites para o sarrabal, como sabe fui o primeiro a apresentar aqui a sugestão para a geral.

quanto ao espaço, então, que isso não lhe tire o sono, pois a barraca é grande.
rapaz precavido que sou, já mandei aumentar a marquise, fazer um quentalzinho para as tardes mais quentes e tenho sempre o toldo do atrelado que posso esticar.
espaço não faltará. haja dedos.

cumprimentos

rvn