A coisa é séria. Vejo uma tremenda injustiça nas recentes críticas feitas ao senhor Presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) a propósito da espantosa descoberta do jornal ‘Público’ do passado dia 30 de Setembro: «Quase todos os equipamentos que dão apoio a toxicodependentes marginalizados na cidade de Lisboa são geridos por uma associação particular, a Ares do Pinhal, cujo presidente é desde há muitos anos um alto-quadro em organismos públicos na área da droga, actualmente no Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), o psiquiatra Nuno Silva Miguel». Ou seja: na prática, um dos maiores e mais directamente beneficiados pelas decisões do IDT também ajuda a tomá-las, no âmbito das suas funções de Assessor do Conselho de Administração do mesmo IDT. O jornal acrescenta ainda que «as valências e os valores envolvidos foram aumentando sem haver pareceres técnicos nem estudos das necessidades da população toxicodependente na capital» e refere ‘irregularidades contabilísticas’ e ‘acumulação de funções com múltiplos ordenados’ entre outras coisitas de somenos. Serão questões de pormenor, ele merece, é tudo legal, diz o senhor Presidente do IDT. Só que estas minudências têm muitos zeros e nenhum concurso público, diz o senhor Presidente da Câmara do Porto. De acordo com os valores constantes no seu próprio protocolo de 2006, a Ares do Pinhal gasta em média até 1,7 milhões de euros por ano só na rubrica "honorários, remunerações e remunerações adicionais", cerca de 75 por cento das verbas que lhe são atribuídas, sendo que já em 2005 os valores máximos andavam em torno de 1,5 milhões de euros por ano. É obra. Veja-se o exemplo do Projecto Gabinete de Apoio Móvel, 3 pessoas, 3 dias por semana (um deles só à tarde), que o IDT subsidia. O Dr. Nuno Miguel aconselha o IDT e preside à Ares do Pinhal, a associação particular responsável pelo projecto que o mesmo IDT financia com verbas semestrais de 92.184 euros para o apoio a toxicodependentes. Depois o mesmo Dr. Nuno Miguel divide os mesmos 92.184 euros em 79% para o apoio e 21% para os toxicodependentes, números da própria associação. A coisa só complicou agora, quando o Presidente da Câmara do Porto resolveu reclamar do dinheiro gasto por querer uma fatia maior para o seu ‘Porto Feliz’. E exigiu a demissão do Presidente do IDT. Eu cá, sinceramente, vejo aí uma grande injustiça. Passo a explicar.
Tal como está, a toxicodependência permite que a classe política mantenha o equilíbrio, sentada na tampa da ordem pública que faz o mundo cheirar bem e ser bonito e separa os uns dos outros. Lá em baixo, para fazer o trabalho sujo, estão os especialistas em evitar transbordos. Da tampa para baixo é o mundo deles. São os homens da droga, os especializados que vão sempre à televisão explicar como se faz para acabar com a toxicodependência. Que todos os anos aumenta, diga-se. E eles todos os anos lá vão, sempre os mesmos e a dizer o mesmo, João Goulão, Luís Patrício, Rodrigo Coutinho, Nuno Miguel e uma selecção criteriosa de colegas e afins, todos eles nomes fixos na escala de serviço ao balcão da drogaria nacional. Nas últimas duas décadas trocaram entre si quase todos os cargos que apareceram, ora tu, ora eu, ora tu mais eu. E hoje continuam onde quer que haja dinheiro, droga e drogados. Nas direcções gerais de todos os governos. Em todas as presidências e direcções de todos os Institutos e afins. Nas consultadorias dos Governos Regionais dos Açores e Madeira. Nas direcções dos principais CAT’s e em todas as comissões, sub-comissões e sub-sub-comissões que mastigam o erário público, em grossos nacos, há anos sem fim e sem proveito. Nas Direcções Clínicas das Comunidades Terapêuticas. E, claro, no proveitoso recato dos seus consultórios particulares. Em toda a parte podemos encontrar esta nata de especialistas da droga, verdadeiros toxicodependentes, já que as suas vidas e carreiras dependem do consumo de drogas. Mas não são os únicos. A toxicodependência faz vender jornais, eleger políticos, aprovar orçamentos milionários, construir carreiras, vender medicamentos, lavar receitas, abrir clínicas de tratamentos miraculosos e mais, muito, muito mais. Por isso me parece uma enorme injustiça assacar ao actual senhor Presidente do IDT as culpas de uma dona de bordel. Afinal, tal como os seus especializados colegas especialistas, há anos e anos que ele vem provando ser apenas mais uma das raparigas.
Tal como está, a toxicodependência permite que a classe política mantenha o equilíbrio, sentada na tampa da ordem pública que faz o mundo cheirar bem e ser bonito e separa os uns dos outros. Lá em baixo, para fazer o trabalho sujo, estão os especialistas em evitar transbordos. Da tampa para baixo é o mundo deles. São os homens da droga, os especializados que vão sempre à televisão explicar como se faz para acabar com a toxicodependência. Que todos os anos aumenta, diga-se. E eles todos os anos lá vão, sempre os mesmos e a dizer o mesmo, João Goulão, Luís Patrício, Rodrigo Coutinho, Nuno Miguel e uma selecção criteriosa de colegas e afins, todos eles nomes fixos na escala de serviço ao balcão da drogaria nacional. Nas últimas duas décadas trocaram entre si quase todos os cargos que apareceram, ora tu, ora eu, ora tu mais eu. E hoje continuam onde quer que haja dinheiro, droga e drogados. Nas direcções gerais de todos os governos. Em todas as presidências e direcções de todos os Institutos e afins. Nas consultadorias dos Governos Regionais dos Açores e Madeira. Nas direcções dos principais CAT’s e em todas as comissões, sub-comissões e sub-sub-comissões que mastigam o erário público, em grossos nacos, há anos sem fim e sem proveito. Nas Direcções Clínicas das Comunidades Terapêuticas. E, claro, no proveitoso recato dos seus consultórios particulares. Em toda a parte podemos encontrar esta nata de especialistas da droga, verdadeiros toxicodependentes, já que as suas vidas e carreiras dependem do consumo de drogas. Mas não são os únicos. A toxicodependência faz vender jornais, eleger políticos, aprovar orçamentos milionários, construir carreiras, vender medicamentos, lavar receitas, abrir clínicas de tratamentos miraculosos e mais, muito, muito mais. Por isso me parece uma enorme injustiça assacar ao actual senhor Presidente do IDT as culpas de uma dona de bordel. Afinal, tal como os seus especializados colegas especialistas, há anos e anos que ele vem provando ser apenas mais uma das raparigas.
RVN
1 comentário:
continua irmão que vais por bom caminho...
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