É um monumento impressionante, a nova Igreja da Santíssima Trindade em Fátima. Dizem, que eu não vi. Mas 350 mil pessoas estiveram lá para ver e venerar o brilho do ouro que pôs aquelas paredes majestosas em pé. E o inesperado aconteceu. Peregrinos vindos de toda a parte, norte, sul, daqui e dali, doentes e sãos, crentes e curiosos, todos perderam a paciência e vaiaram com alma, assobios e apupos, a displicência das autoridades eclesiásticas que mantinham as portas do templo fechadas quando já passava das 13.30, quase um dia inteiro depois da inauguração. Na praça de todos os Avés a Maria, ouviu-se um grito diferente desta vez: «Isto foi construído com o nosso dinheiro», gritou-se alto e bom som para se ouvir em Roma. Muitas vezes.
Indiferente ao sol e à chuva, ao frio e ao calor, ao tempo e à distância, esta Igreja do universo católico continua a de sempre quando toca à prática dos valores de humanidade que prega. Quando finalmente puderam entrar pelas doze portas entretanto abertas, os peregrinos encontraram no sítio próprio, entre as muitas maravilhas da fé, as caixinhas da praxe prontas a receber o tostão a tostão do bolso roto e esmifrado do pobre que volta sempre, contrito porque empenhado de aflições. Afinal, se o novo santuário de Fátima é 'um farol de esperança para o mundo', como frisou hoje o Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, o mínimo que podiam fazer era acender a luz à hora marcada. Se não já por vergonha, ao menos por respeito cristão. Decência, digo eu.
RVN
2 comentários:
bem dito.
obrigado, joão. também achei.
apareça mais vezes.
rvn
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