Há gente assim, com vidas que nunca mais acabam. Seres com a estranha capacidade de se reinventarem mesmo no disparate.
De renascerem sempre, após cada uma das muitas mortes que vão tendo em vida. Tolos, há outros que lhes invejam este castigo como se fora uma gracinha para entreter os amigos nas noites frias de inverno ou nas amenas cavaqueiras de verão. São os tolos quatro-estações, que por desconhecerem a primavera das ideias estão condenados ao outono da mediocridade para sempre.


sábado, 20 de outubro de 2007

Sim?

Estas duas mulheres querem casar-se. Teresa Pires e Helena Paixão querem unir os seus destinos futuros à sombra do reconhecimento público e oficial de um contrato assinado, testemunhado e registado. Tentam fazê-lo desde Fevereiro de 2006, data em que primeira vez lhes foi pela recusada essa pretensão por um conservador. Depois foram os tribunais, instância a instância. Até chegarmos ao dia de ontem, sexta-feira 19, em que ambas fizeram entrega no Tribunal Constitucional de um recurso com vista a fazer história e jurisprudência em Portugal sobre os casamentos homosexuais.

Como diria o outro, cada qual é p'ró que nasce. Não me causa engulho de espécie alguma a opção de alguém dividir vida e cama com outra pessoa do mesmo sexo. Nada contra. Fazê-lo à luz da lei que nos rege a todos, criada e estabelecida com base numa realidade social de séculos, parece-me um passo de gigante. O que não é argumento contra ou a favor. È apenas o único lado da questão a merecer um estudo sério, na minha opinião. Porque quem pensar que tudo se resumirá a mudar ou introduzir um único artigo de lei, não tem bem a noção da volta que todo o sistema vai levar no dia em que Teresa e Helena disserem 'sim' a um casamento sem marido e se tornarem mulheres uma da outra.

RVN

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas pra quê ? Se já existe a união de facto, pra quê casar ? Não sabem no que se vão meter, coitaditas ...

Anónimo disse...

Sim, e por que não?
O Estado imputa-lhes todos os deveres como a qualquer cidadão, então porquê restringir-lhes os direitos ?

Rui Vasco Neto disse...

anónimos:

pois e pois.
e mais: casamento é aquilo que a gente faz quando está cansada de ser feliz.
não?

rvn