No embalo da baixa política que faz hoje o carnaval português, o Público dá à estampa a notícia que diz ter José Sócrates assinado 'numerosos projectos de edifícios na Guarda' na década de 80, pondo em causa a bondade da sua autoria, ao tempo. Ao que parece, os ditos projectos seriam feitos (?) e manuscritos (!!!) por um colega de curso do nosso José dos cartõezinhos da cunha, o também engenheiro Fernando Caldeira, que por ser funcionário técnico daquele município estaria impedido de assinar projectos no concelho. O primeiro ministro já veio fazer uma declaração espontânea e voluntária à comunicação social: «É um ataque pessoal e político», diz o Engenheiro. Ah, e os projectos são dele, claro. Pinóquio dixit.
Muito se irá escrever e dizer sobre mais este canudo de Sócrates, é certo. Mas duvido que alguém tenha uma primeira abordagem, a quente, tão lúcida e objectiva na essência como a de Valupi, esse fantasma analista do Aspirina B. Quanto ao facto e quanto à notícia que o conta a toda a gente. «Sócrates faz parte de um sistema, cultural e geracional, que convive simbioticamente com a corrupção desde as juventudes partidárias. Para além disso, conhece os modos pelos quais se fintam regularmente as leis no Poder Local, zona de ambiguidade que tanto pode ser ocasião de aproveitamento ilícito como de proveito público, ou ambos. E domina a lógica da confluência de interesses entre os grandes empresários e os políticos com capacidade para moldar legislações, regulamentos e directivas, entregar empreitadas e serviços, viabilizar negócios. Isto não faz dele um corrupto, atenção, mas deixa-o diminuído eticamente até ao fim da sua vida ou até ao fim do seu silêncio. Silêncio que é, afinal, o de todos. Acaso alguém ignora que é impossível a Mário Soares ou a Cavaco, só para dar os mais notáveis exemplos, alegar desconhecimento em matérias da grande, da média e da pequena corrupção? Contudo, nenhum deles a denunciou. Mais, nenhum deles a perseguiu ou diminuiu; e juntos somam um quarto de século com o poder máximo nas bem lavadas mãos.» Lapidar, digo eu.
Nada parvo este meu amigo, fantasma ou não. Sugiro e insisto na leitura do resto, que há mais e melhor. «Porque é ridículo querer matar a mosca pousada na testa do guarda com um tiro nos cornos. A não ser que haja vantagens em acabar com o guarda.» Eu não disse? Está tudo aqui.
Muito se irá escrever e dizer sobre mais este canudo de Sócrates, é certo. Mas duvido que alguém tenha uma primeira abordagem, a quente, tão lúcida e objectiva na essência como a de Valupi, esse fantasma analista do Aspirina B. Quanto ao facto e quanto à notícia que o conta a toda a gente. «Sócrates faz parte de um sistema, cultural e geracional, que convive simbioticamente com a corrupção desde as juventudes partidárias. Para além disso, conhece os modos pelos quais se fintam regularmente as leis no Poder Local, zona de ambiguidade que tanto pode ser ocasião de aproveitamento ilícito como de proveito público, ou ambos. E domina a lógica da confluência de interesses entre os grandes empresários e os políticos com capacidade para moldar legislações, regulamentos e directivas, entregar empreitadas e serviços, viabilizar negócios. Isto não faz dele um corrupto, atenção, mas deixa-o diminuído eticamente até ao fim da sua vida ou até ao fim do seu silêncio. Silêncio que é, afinal, o de todos. Acaso alguém ignora que é impossível a Mário Soares ou a Cavaco, só para dar os mais notáveis exemplos, alegar desconhecimento em matérias da grande, da média e da pequena corrupção? Contudo, nenhum deles a denunciou. Mais, nenhum deles a perseguiu ou diminuiu; e juntos somam um quarto de século com o poder máximo nas bem lavadas mãos.» Lapidar, digo eu.
Nada parvo este meu amigo, fantasma ou não. Sugiro e insisto na leitura do resto, que há mais e melhor. «Porque é ridículo querer matar a mosca pousada na testa do guarda com um tiro nos cornos. A não ser que haja vantagens em acabar com o guarda.» Eu não disse? Está tudo aqui.
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