Má sorte não ter nascido puta

Ouço as notícias do dia e fico a saber que o Manchester United oferece a Cristiano Ronaldo um novo salário de oitocentos mil euros por mês, nada mais, nada menos. Fora os ganhos com os contratos publicitários e, provavelmente, o passe social que comporá o pacote. Oitocentos mil euros por cada trinta dias de vida. Peanuts, pois. Desiludam-se os que nesta altura esperam de mim um zurzir de inveja no salário do menino prodígio da bola. Não vai acontecer. Fico feliz por ele e o talento não tem preço, paga quem pode, quer e tem. Perante esta revelação informativa o tempo é de confissões, para mim. Assumo aqui, pública e convictamente, que pela primeira vez na minha existência estou de facto arrependido por não ter nascido gaja boa. Assim gajo, grande e desajeitado como sou (pese engraçadote), nunca terei a mais pequena chance de vir a ser a bola certa para este pontapé, pelo que o golo fica impossível e a vitória duvidosa. Grande merda. Grande, grande merda!